Violência doméstica: Mal-me-quer, Bem-me-quer, muito, pouco ou nada
Antes de mais, aproveito para agradecer os inúmeros comentários deixados no meu anterior post, mesmo aos mais feridos, pois apesar de tudo continuo a achar que sem comentários e sem todo este levantar de poeira, não conseguiríamos entender o que acham os homens, sobre tudo aquilo que nós, mulheres, pensamos, e que, apesar de muitos enganos são as diferenças que mostram o quão fortes somos. Esta semana não vou falar em sopeiras nem em guerras dos sexos, que mal ou bem alimentam a vida. Começo a semana por perguntar frontalmente, o que pensam os homens sobre a violência doméstica, e acima de tudo, a partir de que momento é que um homem considera que está a ser violento e uma mulher que está a ser violentada? Ou se o ciúme, afinal, será sentimento de posse ou um sinal de um relacionamento normal? Na minha opinião, o sentimento de posse é violento enquanto que o ciúme não passa de falta de segurança em nós próprios. Casamento não é sinónimo que passemos a ser posse de alguém. Ninguém é de ninguém. Quando decidimos namorar e casar não queremos um segurança, e muito menos um playboy que nos exiba como troféu aos amigos ou que nos violente ao chegar a casa. Infelizmente, testemunhei violência doméstica numa amiga próxima. Confesso ter sido eu a avançar com o processo judicial contra o ex-marido dela, infelizmente e por medo, a minha amiga desistiu da acusação. Congratulo-a por ter tido a coragem de mudar de rumo. Hoje tem a vida que sempre sonhou. Ciúme começa quando eles querem que mudemos de roupa, porque o decote é acentuado ou a saia sobe além do joelho, mas depois não se inibem de olhar para as pernas de uma qualquer outra mulher na rua. Violência é quando eles forçam a relação sexual não respeitando as nossas "dores de cabeça" nem se preocupando, minimamente, em saber como gostamos de ser acariciadas. Violência é a agressão verbal, a coacção moral, a ameaça. Violência é acharem que, a partir do momento em que dissemos "sim" o fizemos para sempre e nos temos de sujeitar aos gritos, aos maus tratos e à indiferença. Já vai sendo tempo de mudar mentalidades e pôr fim às ditas "pancadinhas de amor". Em Fevereiro a Associação de Apoio à Vítima (APAV) anunciou à agência Lusa que só nos atendimentos do ano passado (ou seja as queixas que deram voz ao sofrimento) foram denunciados quase 18.700 crimes, 90% dos quais casos de violência doméstica. Acredito que os valores reais sejam bem acima deste valor, pelo simples facto de muitas mulheres, independentemente da sua faixa etária e habilitações literárias, não denunciarem os abusos por parte de namorados, maridos e companheiros, por medo e vergonha. Os números são alarmantes, mas são apenas números. A realidade nua e crua dói quando descobrimos que afinal, a vizinha do lado não usa óculos escuros por vaidade, nem mangas compridas por estar frio. Entre marido e mulher não se mete a colher ou quem bem ama, bem castiga são provérbios antigos, mas já vai sendo hora de passá-los à história e de pôr o respeito e o amor em primeiro lugar, mas será amor ciúme?