Não espere ver concertos com os pés de molho e prepare-se para respirar pó. O Super Bock Super Rock deixou o Parque Tejo, perto do Parque das Nações, para se instalar na Herdade Cabeço da Flauta, no Meco, mas o festival ainda fica a 15 minutos de carro do mar. A partir de sexta-feira, a pacata aldeia (que ficou na moda quando Pedro Miguel Ramos ali abriu um bar) será invadida por milhares de pessoas - o recinto tem capacidade para 30 mil pessoas por dia. Encontre as respostas para todas as suas dúvidas, para que não se perca na multidão.
O Meco é longe e não tenho como ir. Devo pedir boleia à entrada da ponte 25 de Abril?
Não vale a pena arriscar tal façanha. Na página oficial do Super Bock Super Rock no Facebook existe uma aplicação (a Super Boleia) que permite pedir boleia ou divulgar os lugares disponíveis no seu carro para partilhar os custos com vizinhos que ainda não conhece. Há festivaleiros que oferecem boleia de várias partes do país, desde Lisboa a Matosinhos, Coimbra, Águeda ou Torres Vedras. Se prefere viajar de auscultadores nos ouvidos sem ter de fazer conversa, apanhe um comboio até à estação de Coina e depois um autocarro até ao recinto, que fica no meio do nada, diga-se. Não tente ir em peregrinação. Embora possam lá tocar bandas que para si são sagradas, o Meco não é Fátima e há maneiras mais saudáveis de exercitar as pernas.
Recuso-me a (tentar) dormir no campismo gratuito do recinto e a esperar duas horas para tomar banho de água fria.
Pode sempre ignorar as placas de proibição nas praias e na Lagoa de Albufeira e ali erguer um acampamento ilegal - não nos responsabilizamos por problemas com as autoridades. Para tomar duche e ir à casa de banho, use os balneários na entrada da praia do Meco (das 9h às 21h), mas esteja preparado para água gelada. Na Aldeia do Meco, várias senhoras tentam alugar os seus próprios quartos à semelhança do que acontece na Nazaré, mas de uma maneira mais discreta. Não há velhotas de cartaz "Aluga-se" em riste à beira da estrada, mas se perguntar por quartos nos restaurantes e cafés do Meco e de Alfarim, talvez consiga alguns contactos. Os hotéis e pousadas das redondezas já estão esgotados desde Junho, grande parte deles "com técnicos de som e pessoas que vão trabalhar no festival", dizem-nos na Quinta dos Amarelos, na Aldeia do Meco, com capacidade para alojar 18 pessoas. Se quiser pernoitar com todas as comodidades, vá até Sesimbra (a 30 minutos) e experimente o Hotel do Mar. Apesar de um quarto duplo custar 120€/noite, é dos poucos nas redondezas que ainda aceita reservas.
Ainda assim, não quero gastar muito dinheiro...
Então terá de optar por um dos dois parques de campismo do Meco. O Campimeco (7,2€/dia), mesmo em cima da praia das Bicas, tem água quente, piscina, campo de ténis e até uma peixaria. Mas o melhor peixe é o do restaurante Cabana do Pescador, em frente. O parque de campismo de Fetais fica a 800 metros da praia de nudismo, tem piscina, duche quente e um campo de futebol. Nenhum dos dois aceita reservas, por isso o mais aconselhável é ir para o Meco enquanto ainda há lugares e marcar território com a tenda.
À noite vou aos concertos. E durante o dia, o que se faz nesta terra?
Vai-se à praia. Do recinto do festival partem autocarros para a praia do Meco - que na verdade se chama praia do Moinho de Baixo - de 30 em 30 minutos. A praia é grande (o areal tem 4 km), mas se já é concorrida aos fins-de-semana, imagine em ocasiões festivas. Todos os parques de estacionamento perto da areia são pagos (1,50€) e têm sombra. Se quiser evitar a confusão, caminhe na areia grossa para a esquerda (do lado de quem está virado para o mar) até à zona de nudismo, onde além de algumas famílias despidas, não encontra mais ninguém. Nesta zona, tem de despir-se e rezar para não encontrar nenhum colega de trabalho. Há quem se besunte com a argila que cai da falésia porque, dizem, "faz bem à pele". Se quer ter sossego mas não quer despir o fato-de-banho, tente a praia da Foz, a mais próxima do Cabo Espichel.
Sou alérgico a praia. E agora?
Mesmo que o seu problema seja a água salgada, não lhe vamos sugerir um mergulho na Lagoa de Albufeira, a menos que seja praticante de windsurf, canoagem ou kitesuf. É a poça mais próxima do festival, mas costuma estar cheia de famílias barulhentas equipadas com grelhadores e lancheiras. Micaela Rodrigues, do posto de turismo da praia do Meco (aberto das 10h às 13h e das 14h30 às 18h) oferece um mapa com um trilho pedestre pela "rota dos dinossauros", com início e fim no Cabo Espichel, ao pé do santuário. São 5 km a caminhar pelas arribas calcárias do Cabo e da Baía dos Lagosteiros, onde os olhares mais atentos conseguem avistar pegadas do período jurássico. Do Cabo Espichel pode também iniciar outra caminhada até ao Forte de São Domingos da Baralha. Não se esqueça de levar água e sandes ou barras energéticas.
Tenho mesmo de comer cachorros durante três dias?
Só se quiser. O melhor da aldeia do Meco talvez seja o marisco e pode prová-lo no Retiro do Meco (na Rua do Comércio). Delmina e o marido decidiram abrir o restaurante que agora pertence ao filho há 22 anos. "Já lidávamos com marisco há muito tempo porque tínhamos um viveiro na Lagoa de Albufeira e pensámos abrir este espaço", conta Delmina, no intervalo dos cozinhados. Além das amêijoas e do mexilhão da Lagoa, a especialidade da casa são os "3 tachos", uma invenção da sua nora Elisabete. "São três pratos de choco frito, choquinhos e carne de porco à portuguesa, acompanhados por frutas frescas como kiwis, pêssegos, ananás e morangos", explica. Na altura do festival espera-se uma enchente, mas o restaurante tem estacionamento privativo.
Os vizinhos da tenda ao lado não me deixam dormir. Na verdade não tenho sono e bebia mais um copo...
Ao lado do Retiro do Meco fica o bar Drinks and Drunks, que nos dias do festival promete estar aberto até às 6 da manhã. Há tapas, pizzas e lasanhas para matar fomes tardias e cocktails, como o Sex on The Beach, e caipirinhas (4€). Se estiver alojado em Sesimbra experimente o Vista Mar Bar (no Largo da Marina, 30, mesmo em frente à praia do Ouro). Recomendam-se as tostas em pão caseiro e as mais de 50 marcas de cervejas estrangeiras.
Dicas para sobreviver no festival
Tabaco:
No posto de turismo garantem-nos que na Aldeia do Meco não se vende tabaco. Pelo sim pelo não, o melhor é levar alguns maços na mala ou tentar a sorte nos cafés de Alfarim.
Multibanco:
Pode levantar dinheiro na Aldeia do Meco e em Alfarim, mas esteja preparado para filas que parecem não ter fim. Quando chegar a sua vez, é provável que a máquina já só cuspa notas de 100 euros. Recheie os bolsos com dinheiro antes de chegar.
Repelente:
Lembre-se que o recinto do festival está rodeado de pinheiros mansos e fica mesmo ao lado da Lagoa de Albufeira: o habitat de milhares de melgas e mosquitos sedentos de sangue fresco. Regra geral, costumam atacar ao fim da tarde, na altura em que começam os concertos. Não se vai arrepender de ter trazido repelente de insectos na mala. Nem tem a desculpa de que pesa muito.
Farmácia:
Se não seguiu o conselho acima e tem borbulhas do tamanho de batatas, nem tudo está perdido. Na farmácia de serviço Liz
(na Estrada de Alfarim, lote 3) têm a solução para o seu problema. E para outros que possam surgir.
Mantimentos:
No parque de campismo do festival não são permitidas botijas de gás. Evite pirotecnias e abasteça-se nas grandes superfícies (na estrada que vai até Sesimbra encontra um Modelo e um Pingo Doce). Se preferir, visite o mercado típico da Lagoa de Albufeira, das 7h às 13h.
Zapping Humano. Aproveite o melhor do festival SBSR
Dia 16, sexta
Jamie Lidell, 19h
Palco Super Bock
Um bom início de festa. O músico inglês vem apresentar “Compass”, novo disco, e encher o lusco-fusco do Meco com a uma mistura dançável de electrónica com soul e gospel.
Grizzly Bear, 23h30
Palco EDP
Ainda não passaram três meses desde que conquistaram o Coliseu dos Recreios e já estão de volta. Gravaram um dos discos do ano passado e são uma das melhores bandas para ver enquanto ainda se está vivo e a respirar.
Pet Shop Boys, 00h40
Palco Super Bock
Foram eles que fizeram as nossas mães cantarolar pela primeira vez uma canção com base electrónica. Vêm a Portugal mostrar a frescura e o que é a pop intergeracional.
Dia 17, sábado
Julian Casablancas, 21h
Palco Super Bock
Casablancas fez uma pausa nos Strokes, uma das bandas mais importantes do início do século XXI, para um projecto a solo que podia ser um desastre. Não foi. Julian desiludiu os pessimistas e assina um concerto imperdível.
Hot Chip, 22h30
Palco Super Bock
“Made in The Dark” o terceiro disco dos Hot Chip, marca a altura em que os nerds tomaram conta da pista de dança. Para curtir até os óculos ficarem embaciados
Vampire Weekend, 23h50
Palco Super Bock
Há dois anos tocaram às cinco da tarde no festival Alive, quando toda a gente ainda estava à procura de um lugar para estacionar. Este ano são um dos cabeças de cartaz e grande chamariz do SBSR.
Dia 18, domingo
Spoon, 20h20
Palco Super Bock
Fenómeno rock indie que tem crescido nos últimos anos, os Spoon passaram dos blogues de mp3 para as ondas FM e prometem ser uma das bandas mais interessantes do cartaz.
The National, 21h30
Palco Super Bock
Não há na história desta banda americana um disco mau. “High Violet”, o mais recente longa duração, é o resultado de um crescendo de talento e trabalho poucas vezes testemunhado no mundo da música.
Prince, 23h45
Palco Super Bock
Se há uma maneira errada de começar um texto é esta: “Músico X dispensa apresentações”. Se as dispensa, então porquê escrever uma notícia? Não se faz. Mas e Prince? Prince dispensa apresentações.
Via Ionline