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Um olhar sobre o Mundo

Porque há muito para ver... e claro, muito para contar

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Um olhar sobre o Mundo

07
Out10

Sexo: Brinquedos eróticos são um vicio?

olhar para o mundo

Brinquedos eróticos são um vicio?

 

Nós, mulheres aprendemos a gostar dos mimos vendidos em sex shops, não é? Pois esses brinquedinhos não têm substâncias químicas que causem dependência, mas podem "viciar" tanto que as relações sexuais nunca mais serão as mesmas se eles não estiverem presentes.

É fato que os acessórios podem sim apimentar o sexo e satisfazer quem segue carreira solo.

 

 

Mas, segundo lembra a sexóloga Carla Cecarello, eles são saudáveis apenas até o momento em que o uso torna a relação mais excitante e divertida, mas sem extrema necessidade. A ideia é encará-los apenas como coadjuvantes - e não protagonistas da transa. "Há muitas pessoas que apresentam dificuldades no relacionamento e na aproximação de pessoas. Por isso, acabam por preferir o uso de acessórios, seguido pela internet para se satisfazerem sexualmente", afirma Carla, que é consultora da empresa de produtos eróticos e sensuais de venda direta Rede Mel.

 

É bem verdade que os brinquedos podem suprir carências e vontades, mas até isso tem tempo de vida útil. Uma hora a insatisfação frente à vida sexual passa a ser insuportável. Mas isso não é culpa dos acessórios! "A responsável por tal situação é a própria pessoa que, muito provavelmente, desde a infância cresceu em ambiente difícil de contato com o sexo", aponta Carla. "Os brinquedos ajudam as pessoas sem parceria a conhecerem melhor suas sensações, seu corpo, a se divertir mais em relação ao sexo e, perceber que o sexo é algo saudável e divertido".

O temido vício em brinquedos eróticos é identificado principalmente quando eles são obrigatoriamente necessários em todas as relações sexuais. Ou, ainda, quando a pessoa gasta muito dinheiro com eles ou perde muito tempo em sua busca, de maneira inconsequente.

Carla alerta que se você perceber que está passando por isso, deve buscar a ajuda profissional psicológica, pois a tendência a depressão, a compulsão sexual e ao isolamento são inevitáveis. "É perigoso justamente por levar a pessoa a situações de grande dificuldade em se expressar naturalmente ao outro", explica.

Entre os acessórios vendidos em sex shops, o que mais pode criar certo grau de dependência é o vibrador - tanto para mulheres quanto homens. Outros estimulantes e massageadores também entram na listinha "perigosa". Não precisa deixar de comprá-los, mas vale a dica de tentar observar se tem exagerado no uso deles. Num bate-papo rápido com o Vila Dois, Carla respondeu três perguntas básicas sobre os brinquedos e o "vício" que eles podem causar. Confira:

Quando um casal tem a necessidade de sempre ter os brinquedos e acessórios para transar, isso é sinal de que algo pode não estar indo bem na relação?


Exactamente. Colocar em todas as relações algum tipo de acessório ou brinquedo pode significar que a relação apenas com os dois, e com o que cada um proporciona ao outro, pode não estar agradando mais. Neste caso, vale a pena o casal trocar algumas ideias e, se mesmo assim persistir a necessidade de acessórios em todas as relações, buscar ajuda psicológica.

E quando é que o uso desses produtos é considerado "normal" e até saudável para o casal?
É saudável quando o casal utiliza os acessórios para brincar, descontrair a relação ou até mesmo torná-la mais picante e com mais sacanagem. Não há um número adequado de vezes para isso. O próprio casal deverá perceber até que ponto os acessórios estão sendo os protagonistas na história.

 

Quais os possíveis benefícios do uso de brinquedinhos e produtos eróticos numa relação?
Eles ajudam o casal a criar mais intimidade, a brincarem mais, perderem a timidez e vergonha. Isso já é uma coisa excelente!

 

Por Sabrina Passos (MBPress)

 

 

Via Vila dois

 

25
Jul10

Sexo: Quando tudo o que vem à rede é peixe...

olhar para o mundo

Desejo. Ânsia. Compulsão. Há quem tenha tido mais de cem parceiros sexuais num só ano. Mas poderá o sexo viciar? Venha daí conhecer casos em que o sexo falou mais alto... repetidamente.

 


"Por uma queca fazemos coisas inacreditáveis. Fica-se cego." Sérgio, 39 anos, sabe do que fala. Nos últimos três anos passaram pela sua cama mais de 200 mulheres. Altas, baixas, gordas, magras. No que toca ao sexo, não tem dúvidas quando fala da fase pós-divórcio: "É o vale tudo. Fica-se viciado na novidade. É o prazer momentâneo."

"Com o fim do casamento de dez anos, Sérgio viu-se "sozinho, afastado dos amigos, longe dos filhos, numa nova cidade e com necessidade de novos laços". A blogosfera foi a forma encontrada "para deitar tudo cá para fora". Inicialmente escrevia um blogue de desabafos sentimentais que acabou por "enveredar num cariz erótico e sexual". Começou a ser seguido por leitoras e daí ao primeiro encontro foi rápido: "Começas por manter o registo antigo e combinas um cafezinho. Mas quando te apercebes que a conversa no computador é 300 vezes mais rápida, vais direto ao assunto. Não há medo de rejeição. O flirt começa com umas simples reticências e termina na cama: Queres? Bora."

"Toda a gente já pagou para ter sexo"

 

Com o "ego recuperado", Sérgio foi encontrando mulheres com "a mesma compulsão sexual" e gosto pelo risco. "Estava com uma no Bairro Alto e ela atirou-me para cima de um carro. Enquanto outras pessoas passavam, começou a fazer-me sexo oral ali mesmo. Puxei de um cigarro e decidi desfrutar."

Entre o telemóvel e as redes sociais, todos os dias Sérgio organizava a agenda. Num só dia chegou a estar com três mulheres diferentes. "É sexo egoísta. Usas aquela pessoa como objeto do teu prazer." Embora garanta nunca ter pago a ninguém, tem uma visão prática: "Todos pagamos para ter sexo. Nem que seja os copos que lhes oferecemos."

Esta obsessão levou-o a falhar compromissos de família e a inventar reuniões para sair do escritório. "Percebi que estava a passar o limite quando já me fazia confusão passar um dia sem sexo. Nunca procurei ajuda mas tal como começou, a necessidade de novidade também se esgotou." Hoje vive um "namoro liberal", baseado no diálogo. Para trás ficam exageros, muitas vezes tidos sem meios contracetivos. "Acho que não voltarei a cair no mesmo".

Rita diz o mesmo. Depois de sete meses "a mascarar carências afetivas com vontade de sexo", a jovem de 26 anos garante que "prefere usar um vibrador" a repetir o comportamento de há dois anos.

"Nem sequer queria saber quem eles eram"

 

O "impulso" levava Rita a procurar situações de sedução. "Chegava a ter dois a três parceiros por semana. Por vezes repetia-os, mas não queria saber sequer quem eram ou como era a vida deles". Heterossexual, "mas com um pezinho na bissexualidade", a jovem envolveu-se com homens e mulheres, por vezes com várias pessoas ao mesmo tempo e invariavelmente levada pelo ímpeto: "Lembro-me de estar num bar com zona privada para quem quisesse ter sexo. Senti aquela vontade. Acabei a ter sexo oral com um homem que nunca tinha visto. A meio dei por mim a pensar que naquele momento tanto podia ser ele a estimular-me como um simples vibrador. Era tudo mecânico."

Rita conta que esta foi a forma encontrada para compensar a baixa auto-estima: "Sentia-me feia e mal-amada. Queria a envolvência, a conquista, mas quando chegava a 'hora H' nem sequer tinha vontade. Muitas vezes fingia os orgasmos."

Quando regressava a casa, "encontrava o mesmo silêncio e sensação de vazio". "Mais que desejo sexual, hoje sei que era desejo emocional. Masturbar-me não era solução."

Rogério diz o mesmo. "Podia masturbar-me, mas o verdadeiro desejo que sentia era pelo risco. Saber que estou a deixar-me levar sem pensar nas consequências." Homossexual assumido, agora com 30 anos, relembra a "longa fase de loucura compulsiva" que passou há oito anos. "Não queria saber o nome nem o número telefone. Queria apenas aquilo."

"Quanto mais sexo temos, mais queremos"

 

Desde engates de uma noite em discotecas, a "sexo combinado pela web com estranhos", Rogério fez de tudo. Tal como Sérgio, "muitas vezes faltou o preservativo". Conta que em Lisboa, além das míticas saunas gay e bares com o "quarto escuro", há ainda zonas onde se pode parar o carro e simplesmente "propor a quem está ao lado se quer dar uma queca". Rogério fê-lo. Por vezes "terminava, fumava um cigarro e agarrava no telemóvel para ligar a alguém com quem pudesse estar a seguir".

"É uma bola de neve. Quanto mais sexo temos, mais queremos." O álcool ajuda à "desinibição no momento", mas também pode potenciar sustos. "Estava muito bêbedo e fui a uma sauna. No dia seguinte um amigo contou-me que me ouviu a ter relações e que estava louco. Não me lembro de como fui para casa, nem muito menos de quem esteve comigo. Senti-me violado."

Este e outros sustos fizeram-no "repensar o comportamento", que se prolongava há mais de dois anos. Não procurou ajuda, mas admite que lhe custou "controlar a ânsia quando tinha horas livres e não estava na cama com ninguém". Hoje, assegura que está numa fase calma, em que "mais do que sexo quer partilha emocional". Não se arrepende, mas a verdade é que perdeu a conta a com quantos homens se envolveu até hoje.

Júlia diz o mesmo. Depois de um casamento de 16 anos terminado com uma traição, o sexo surgiu como "forma de vingança". "Comecei por dormir com um colega de trabalho e nunca mais parei."

"Desejo incontrolável" com sabor a vingança

 

A tristeza deu lugar a um "desejo incontrolável" e Júlia, na altura com 43 anos, deu por si com a vida de pernas para o ar. "Durante o dia trocava mensagens picantes com vários ao mesmo tempo. Dava-me prazer ver qual conseguia ser mais ousado." E se de dia o trabalho ia sendo posto de lado em prol do flirt, à noite a vida familiar também: "Cheguei a receber homens com os miúdos a dormirem e também a sair de casa de madrugada. Sabia que era inconsciência deixá-los sozinhos, mas não conseguia pôr travão."

As retomadas idas à discoteca "rendiam novas conquistas", principalmente homens "bem mais novos". Júlia, hoje com 46, ainda não voltou a "criar laços afetivos". "Tenho amigos coloridos, mas deixei de acreditar no amor. A independência ninguém ma tira."

Pedro Freitas, sexologista clínico, já ouviu o mesmo: "Há cada vez mais homens e mulheres que não estão dispostos a partilhar a vida com alguém. Têm vários amigos especiais com quem saem, com quem têm sexo, mas com quem dormem poucas vezes."

Adição sexual não é doença

 

Por mais que sejam os parceiros sexuais, o especialista garante que excesso de desejo não é uma patologia. "Já muito se falou de ninfomania e adição sexual, mas a realidade é que o desejo hiperativo não está designado em lado nenhum como doença." Contudo, esclarece: "A compulsão sexual é um sintoma de um problema, que tanto pode ser uma perturbação da personalidade ou doença psiquiátrica como uma lesão do lobo temporal."

Pedro Freitas salienta que "depois de uma rutura a extravasão é comum". De uma forma "mais ou menos saudável", em alturas de fragilidade emocional tenta-se "repor as perdas através dos ganhos" e o "sexo é uma forma substitutiva que faz parte deste ritual".

Assegurando que não existem estudos nem clínicas específicas para o vício do sexo, o sexologista não tem dúvidas quanto à mediatização de casos como Tiger Woods, que esteve em recuperação da compulsão sexual: "Os divórcios à americana doem. São milhões envolvidos. É mais fácil dizer que se está doente e acarretar a nomeação de uma doença simpática como as obsessivas compulsivas. Certamente deram-lhe um antidepressivo leve, ele está mais calmo e desejoso que a mulher não peça o divórcio."

Mas não menosprezando casos em que o sexo a mais pode ser um problema, avisa: "Devemos preocupar-nos quando não ter sexo diariamente se torna num fator de perturbação ao bem-estar. Quando se começa a falhar obrigações porque se está obsessivamente à procura de sexo, seja ele real ou em sites pornográficos, é altura de parar e pensar."

 

Via Expresso

04
Nov09

Jogadores Anónimos: das bancas de jogo à ruína, aos hospitais e ao cemitério

olhar para o mundo

O jogo em Portugal

 

As slot machines, os jogos na Internet e os jogos de cartas em estabelecimentos não licenciados são os três tipos de actividades lúdicas mais viciantes em Portugal. Um estudo recentemente divulgado pela Santa Casa refere que este tipo de apostas a dinheiro é responsável pela dependência de cerca de 40 mil pessoas. Um outro levantamento de uma socióloga do ISCTE trata estas dependências como uma patologia de graves consequências para a saúde física e psicológica, responsável pelo aumento de depressões e suicídios.

 

Dados viciados é o nome da tese desenvolvida em 2005 pela socióloga Vanessa de la Blétière, a qual, ao longo de uma série de entrevistas a pessoas viciadas em jogos de casino acaba por descrever o percurso de jogadores que começaram a apostar apenas por prazer e para passarem um pouco do seu tempo livre e que acabaram a perder os próprios negócios. No final, o seu objectivo de vida era encontrar um local onde pudessem continuar a apostar.


A confirmação das narrativas viciantes de Vanessa de la Blétière surge agora através do estudo da Santa Casa, coordenado por Henrique Lopes, da Universidade Católica Portuguesa. Neste documento concluiu-se, por exemplo, que o risco de dependência nas slot machines atinge quase os 500 por cento. A percentagem, partindo do mesmo universo de 1824 entrevistas, sobe para quase 800 por cento quando se abordam os jogos de mesa, e alcança os cerca de 900 por cento no caso das apostas da Bwin.

Vanessa de la Blétière, que trabalha agora num centro de estudos sobre mudança socioeconómica, acrescenta ainda que as doenças (depressões que muitas vezes conduzem ao suicídio) contraídas pelos viciados no jogo podem ser não só uma consequência por perderem dinheiro, mas também o resultado da vergonha que vão sentir por terem de assumir na sociedade um problema que não é compreendido e, por isso, desvalorizado.

Essa mesma incompreensão e desvalorização (do vício do jogo) terá estado na origem, em 1999, de um grupo denominado Jogadores Anónimos. "Simplesmente sentiram a necessidade de se refugiar da sociedade e poder falar de algo que permanece longe de uma explicação e compreensão por parte da sociedade portuguesa", defende a socióloga.

"Hoje não jogo. Amanhã veremos" é o lema adoptado por este grupo onde, de acordo com os depoimentos, a chave do êxito passa por modificar todos os hábitos adquiridos. Vanessa de la Blétière diz que entre os Jogadores Anónimos há um ponto de partida que passa por não pensar no futuro mas apenas no presente, situação essa que ajuda a que não haja desistências e que serve igualmente para auxiliar a preencher os tempos mortos e que antes eram gastos a jogar.

"Não me deixem entrar"

O vício do jogo origina situações estranhas. Muitos dos dependentes, quando se apercebem que a sua situação económica está a entrar numa fase negativa e sem retorno, assinam declarações a autorizar os responsáveis das salas de jogo a não lhes franquear o acesso.

"Por vezes há situações muito complicadas", diz um empregado do Casino Estoril contactado pelo PÚBLICO e recordando que pessoas que pedem para não os deixarem jogar querem, depois, entrar à força nas salas e revogar o que anteriormente assinaram mediante a exibição dos próprios documentos de identificação. Vanessa de la Blétière, que no seu estudo também identifica situações deste género, escreve ainda que muitos dos jogadores que assinam documentos a interditar a sua entrada, evitam passar em frente aos locais de jogo referindo-se aos mesmos com expressões diversas como: "É uma coisa que eu nem me aproximo" ou "tenho nojo".

O estudo diz ainda que, por norma, os jogadores dependentes são pessoas solitárias, mas que, ainda assim, entre eles (frequentadores habituais dos mesmos espaços) se estabelece uma estranha convivência. "Quanto é que perdeu aquele?" ou "o que é que está a dar" são apenas duas das frases mais escutadas nos casinos por onde a socióloga fez alguns levantamentos.

A socióloga refere que na área de jogo, quando se trata de apostar, o dinheiro parece não ter valor, mas que, fora dela, quando se vai, por exemplo, a uma loja, qualquer produto pode ser regateado por se achar que o mesmo já é caro de mais. "Era capaz de regatear o preço dos melões ou de outra coisa qualquer", refere um dos entrevistados.

 

Via Público

10
Jul09

A Bolha:Há quem venda os carros para jogar

olhar para o mundo

A bolha, o jogo

 

"Fui sem saber no que ia dar, mas confiei e ganhei." Quando C. começou a jogar, em Fevereiro de 2008, a bolha tinha acabado de chegar ao Porto, importada de Lisboa. Um amigo - "um dos fundadores" do popular esquema no Norte - convenceu-a a entrar. Na altura havia poucos jogadores. "Era gente ligada à noite, mas também havia empresários e médicos. Dizia-se que havia gente do Futebol Clube do Porto envolvida", recorda. 


A perspectiva de obter dinheiro fácil "foi aliciante" e pouco tempo depois C. já estava numa das primeiras reuniões, que aconteciam sempre à terça-feira num hotel da Maia. "Eram encontros que não tinham mais de 30 pessoas." Mesmo assim, encontrou pessoas conhecidas: "No início foi estranho, porque dei de caras com pessoas que nunca imaginei." 
As regras eram simples: a sala de reuniões devia ser reservada e paga pelos jogadores da semana - aqueles que recebiam. No espaço havia sempre uma demonstração de produtos de emagrecimento. "Eram dispostos em mesas e à entrada distribuíam panfletos promocionais." No entanto, C. garante que "nunca se falava nesses produtos, era só para disfarçar". Nos encontros também não se falava no jogo da bolha: "Era o curso." Quando chegava a altura de receber o dinheiro, os jogadores eram convidados a dirigir-se ao centro da sala "para serem graduados" ou, no caso de irem investir, para "pagar as propinas". 

Passadas três semanas, as reuniões juntavam 300 pessoas e realizavam-se "numa discoteca desactivada na zona industrial do Porto". Eram frequentadas por todo o tipo de pessoas. "Desde a elite da cidade a gente que não tinha muito dinheiro." No início, conta, era "gente mais velha". Só mais tarde é que a bolha começou a chegar às camadas jovens.

C. investiu 250 euros e em menos de três semanas conseguiu dois mil. Voltou a investir em três bolhas, mas só ganhou em duas. Feitas as contas, o esquema (que durou meio ano) rendeu-lhe perto de cinco mil euros. Para conseguir reaver o investimento, C. introduziu quase 40 pessoas no esquema. "Nunca enganei ninguém, explicava logo que não podia garantir que desse certo." Entretanto, o jogo tornou-se demasiado popular." Era cada vez mais difícil arranjar novos jogadores e "começaram a aparecer reportagens na comunicação social que deixaram as pessoas em pânico". Por isso, C. deixou de jogar. Porque, conta, "é dinheiro fácil, mas não tão fácil como se pensa". Depois, usou o dinheiro que ganhou para estudar no estrangeiro. Saiu de Portugal em Agosto do ano passado. 

Alguém tem de perder Em menos de cinco meses, R., na altura com 20 anos, ganhou 31 mil euros. Primeiro quis assistir a uma reunião. Sem compromisso. "Nem levei dinheiro porque estava de pé atrás." Terminado o encontro, só se arrependeu de uma coisa: "Não ter ido prevenido." 

Jogou logo na semana seguinte. Entrou com dois mil euros e recrutou tanta gente que se tornou "numa referência na zona". Propuseram-lhe bolhas de 10 mil euros, mas não aceitou. "Quanto maior era o investimento inicial menos pessoas se conseguia recrutar, por isso desisti", conta. 

No entanto, foi aliciado de várias formas: "Disseram-me que nem precisava de meter as oito pessoas, que metiam quatro por mim, porque já havia bolhas paradas." As reuniões duravam "uma ou duas horas" e eram convocadas 30 minutos antes, por SMS. Nos hotéis, encontrava-se "gente de todo o tipo" unidas pelo mesmo objectivo: ganhar dinheiro fácil. "Sei de muitas histórias de pessoas que venderam carros e pediram empréstimos para poder jogar." Até, porque, admite, "no meio daquilo tudo, alguém tem de perder".

 

Via ionline

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