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Um olhar sobre o Mundo

Porque há muito para ver... e claro, muito para contar

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Um olhar sobre o Mundo

16
Dez10

sexo, Um terço admite já ter tido sexo ocasional mas 16,7% ainda são virgens

olhar para o mundo

Universitários acham desconfortável comprar preservativos

 

Eles acham mais fácil comprar preservativo e elas acham mais fácil recusar relações desprotegidas. Os comportamentos sexuais de risco aumentam no ensino superior mas os estudantes parecem estar conscientes. A primeira extensão a estudantes universitários do estudo colaborativoHealth Behavour in School-aged Children - uma iniciativa da Organização Mundial de Saúde para adolescentes do 6.o, 8.o e 10.o ano - revela que a maioria dos jovens tem uma vida sexual activa, embora 16,7% ainda sejam virgem, e sente-se confortável na hora de comprar preservativos. Mas ainda são 12,2% os que vêem a compra como "difícil" e 16% como "desconfortável". Mais de um terço admite ter tido pelo menos uma relação associada ao álcool ou com parceiros ocasionais.

Os dados sobre a saúde sexual e reprodutiva no ensino superior, recolhidos este ano, foram apresentados ontem em Lisboa pelo projecto Aventura Social, sediado na Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa e liderado pela investigadora Margarida Gaspar de Matos. 

Na amostra representativa, e dos 2730 estudantes que já iniciaram a vida sexual, 109 (4%) admitem já ter tido uma gravidez indesejada e 87 (3,2%) já ter feito um aborto. Contudo, resumem os investigadores, a maioria está sensibilizada. Mais de metade dos estudantes inquiridos, entre os 18 e os 35 anos, admitem conseguir fazer planos com antecedência para evitar relações desprotegidas, mesmo sob o efeito de álcool ou drogas. Nas diferenças de género, as mulheres são mais conscienciosas e os homens têm mais comportamentos de risco. Dois quintos admitem ter uma relação amorosa há mais de dois anos e poucos têm mais de um parceiro. 

Mais jovens em risco Se na faculdade há mais comportamentos de risco, os mais novos suscitam maior preocupação, frisou ao i Margarida Gaspar de Matos. Apenas 0,6% dos jovens inicia a vida sexual antes dos 11 anos e 3% entre os 12 e os 13 - a maioria perde a virgindade a partir dos 16. "Há poucos jovens a iniciar a vida sexual mais cedo, mas os que o fazem são os que usam menos preservativo", alerta a autora. Na análise com adolescentes do 8.o e 10.o ano, liderada também pelo projecto Aventura Social, de 716 alunos (21,8%) que dizem já ter iniciado a vida sexual, 17,5% não usou protecção na última relação. O facto de preferirem recorrer à internet e aos pares para obter esclarecimentos é, na opinião da especialista, uma chamada de atenção para a importância da educação sexual. "Com esta ideia peregrina de que a educação sexual provoca um início precoce tem-se privado os jovens de informação." A atitude positiva face à contracepção e à sexualidade entre universitários fá-la acreditar que os pais de amanhã estão melhor preparados. 

Em Abril serão publicados novos dados sobre o estilo de vida da população universitária - nomeadamente sobre o consumo de drogas que aumentou entre os mais jovens - bem como um estudo com alunos até ao 10.o ano mas de escolas privadas, inédito em Portugal. Comparações internacionais, depois da última compilação da OMS em 2008, só em 2012. 

Para já, diz Magarida Gaspar de Matos, as melhorias globais no estilo de vida na população escolar não permitem baixar os braços. O estudo nacional revelou que 80% dos adolescentes têm apenas problemas ligeiros, mas 15% precisam de um maior acompanhamento e 5% têm de ser reencaminhados para outros serviços. "Para esta percentagem residual de jovens que continua com problemas as medidas genéricas não chegam. Portugal é um bocadinho especialista nesta falta de sustentabilidade das acções. Se a educação e a saúde custam dinheiro imagine-se quanto custa a ignorância e a doença."

 

Via Ionline

18
Out10

Universitários sobrevivem com 271 euros por mês

olhar para o mundo

Nuno dá voltas à cabeça para aguentar o mês inteiro com os 271 euros da bolsa atribuída pelo Governo de Cabo Verde. “Nem dá para comer na cantina.” Paga 150 euros pelo quarto – uns 20 de água, luz, gás. “Se almoçasse e jantasse na cantina, cinco dias por semana, gastava 94. Ficava com 56. E os materiais escolares? E os produtos de higiene? E a roupa? E o calçado?”

A embaixada de Cabo Verde em Lisboa não diz quantos bolseiros do país residem em Portugal. No ano passado, eram à volta de 300 a frequentar, sobretudo, cursos de “engenharia, economia, direito, administração, comunicação”. Conforme as vagas atribuídas “pelo Governo português no âmbito do acordo de cooperação no domínio do ensino superior”.

Nuno, a frequentar a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, come em casa. Comer na cantina, por 2,15 euros, é um luxo a que só em ocasiões especiais se pode dar. A mãe morreu-lhe aos 12 anos. E o pai trabalha a terra, em São Domingos, interior de Santiago. “Ou não ia para a universidade, ou ia com essas condições.”

Há um grupo a mobilizar-se para engendrar formas de luta – de Cabo Verde e de outros países lusófonos a viver em condições idênticas. Mas Nuno não deposita grande fé nisso. Julga que os estudantes estão demasiado ocupados com a sobrevivência. “É como se te deitassem ao mar. Tens de nadar. Não vais discutir por que te atiraram à água.”

Chega João ao corredor do edifício onde alguns se juntam, sob nome fictício por temerem que o desabafo resulte em algum corte. Foi ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) renovar a autorização de residência para estudo. Pediram-lhe o extracto bancário. “Só?”, exclamou a inspectora, perante um saldo de 175 euros no dia 15. “Minha senhora, isso está muito bem!” Teve de assinar um documento a garantir que é capaz de subsistir.

Já foi pior. Agora, todos os bolseiros recebem 271 euros. Antes, havia três níveis e alguns, como Antónia, recebiam 181 euros. Para se aguentar, a estudante tinha de recorrer aos irmãos. Houve quem não aguentasse. Nuno tem um amigo que não aguentou. Regressou a Cabo Verde.

Afinam-se estratégias. Ser bolseiro do Governo de Cabo Verde é “ser miserável”, torna Nuno. “É comer mal”, detalha Osório, que anda às voltas no supermercado, em busca do mais barato, a adivinhar doenças de estômago. “É pouco ou nada sair à noite”, achega Antónia. Nuno aponta consequências na integração na academia, na cidade. Quem gere um orçamento tão reduzido não pode participar em actividades como a praxe ou os jantares de curso. “Aquela capa custa quanto? 150 euros ou quê!”, interrompe Osório.

As notas também acusam as dificuldades. Habituados a falar crioulo, falha-lhes o português. E não lhes sobra dinheiro para livros ou workshops. Ficam pelos cadernos, algumas fotocópias. “Todos os livros necessrários existem na biblioteca, mas não posso ficar com um mais do que uma semana, porque são milhares de alunos”, salienta Nuno.

Há quem tenha computadores obsoletos, oferecidos pela faculdade na hora de os trocar por novos. Como Osório, como Antónia. Paulo pediu 400 euros para comprar um portátil e pagou-os a prestações. Trabalhou nas férias de Verão. Num ano, pagou uma parte e guardou “um bocadinho”. Noutro ano, pagou a outra.

Osório sente-se encurralado: “Para trabalhar, tenho de ter licença do SEF. Se consigo trabalho nas férias, pedem prova de matrícula e horário, ao qual não se pode sobrepor o horário de trabalho. Se estou de férias, não tenho matrícula nem horário! Não se pode trabalhar legalmente.” No ano passado, arriscou trabalhar na clandestinidade: “Não me pagaram!”

Podiam tentar arranjar um contrato fora das férias, como fazem alguns. Mas isso desvia a atenção dos estudos. E perder mais de um ano lectivo é perder a bolsa de Cabo Verde e a propina paga por Portugal. Sentir-se-iam mais aliviados, se tivessem acesso a residência universitária – alguns tentaram anos a fio sem sucesso. À porta da pastoral católica universitária batem alguns aflitos. “Temos um fundo de solidariedade, tentamos que não seja uma esmola, mas uma ajuda em situação de emergência”, explica o padre António Bacelar. “Tentamos estabelecer metas, como concluir um semestre ou arranjar um emprego.” Acha que há muita “demagogia” nestas vindas de estudantes de países lusófonos. Vê muitos alunos a chegar com expectativas irrealistas.

Ana Cristina Pereira

Público

17/10/10

 

Via Meninos de Ninguém

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