O avanço tecnológico deveria aumentar a produtividade e reduzir o tempo de trabalho. Porém, na prática isso não se verifica: as estatísticas oficiais dizem que quase um milhão de portugueses trabalha mais de 40 horas por semana e que a média nacional é superior à europeia. Em 2008, a carga semanal até aumentou. "Somos conhecidos por trabalhar até mais tarde (não necessariamente com a correspondente produtividade - aliás, a nossa maior fraqueza, sobejamente conhecida), tendo como consequência o facto de dispormos de menos tempo para a família, os amigos e o lazer", lembra Pedro Oliveira, director da Albenture, uma empresa que oferece serviços de ajuda para conciliar a vida laboral com a vida pessoal. Uma investigação da Eurofound, o braço da União Europeia que estuda as condições de trabalho, concluiu que um em cada quatro portugueses trabalha seis ou sete dias por semana.
Embora algumas vezes seja por necessidade, é frequente as pessoas trabalharem mais apenas pelo dinheiro. "Há efectivamente uma tendência para as pessoas orientarem as suas vidas em função do dinheiro. Contudo, a vasta investigação nesta área sugere que a felicidade não é conquistada através do dinheiro - a partir de um nível médio socioeconómico, não existe uma diferença significativa em termos de felicidade, no Ocidente", avisa Catarina Rivero, psicóloga e terapeuta familiar. O objectivo de ganhar mais dinheiro em detrimento de ter mais tempo longe do trabalho acaba por provocar um desequilíbrio familiar. Em 2006, numa investigação do International Research Institute, 57% dos portugueses admitiu não ter equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. "Pode dizer-se que aqueles que procuram felicidade na acumulação de dinheiro e riqueza não estão necessariamente a assegurá-la: o materialismo provou estar negativamente associado a muitas das medidas de qualidade de vida estudadas", lembra Gabriela de Abreu, fundadora da Associação Portuguesa de Estudos e Intervenção em Psicologia Positiva.
O dinheiro é importante, mas não se deve fazer tudo por ele. "O foco de cada pessoa deveria estar em colocar o dinheiro a trabalhar para ela e não estar a trabalhar para ganhar dinheiro", aconselha Pedro Queiroga Carrilho, autor do livro "O Seu Primeiro Milhão". "Colocar o dinheiro a trabalhar para nós significa, por exemplo, poupar e investir regularmente de modo a uma parte dos nossos rendimentos provir de juros e retorno de investimentos que fazemos", concretiza.
Se é um dos muitos portugueses que pensam que as 24 horas do dia não são suficientes para o trabalho e para a família, está na hora de sair do ciclo vicioso. Comece já hoje a ser mais produtivo, a trabalhar menos e a gozar mais com a família.
Via ionline