Um Benfica-Sporting para a Taça (seja de Portugal ou da Liga) tem o que se lhe diga. Aqui estão as quatro melhores histórias seleccionadas pelo i
Benfica-0/ Sporting-2
Meia-final da Taça 23 de Junho de 1963
Estádio da Luz, em Lisboa
Em Maio de 1964, o Sporting levanta a Taça das Taças, mas a gloriosa epopeia dos leões não começa com os italianos da Atalanta, em Setembro, mas sim com o Benfica, em Junho do ano anterior, nas meias-finais da Taça de Portugal. O Benfica, já campeão nacional, com seis pontos de avanço sobre o FC Porto e dez sobre o Sporting, havia perdido a final da Taça dos Campeões (1-2 com dois golos de Altafini, do Milan, em Wembley) e esperava eliminar o rival para acabar a época em beleza. E tudo estava bem encaminhado após o 1-0 em Alvalade, golo do inevitável José Águas. Na Luz, basta segurar a vantagem. Ainda por cima, o Sporting nunca ganhara lá desde a inauguração do estádio, em Dezembro de 1954: sete derrotas e três empates em dez jogos. Tudo muda a 23 de Junho, com dois golos de Figueiredo (de Cernache). O Sporting qualifica-se para a final da Taça (que ganharia por claro 4-0 ao Vitória) e Figueiredo fica conhecido como Altafini de Cernache.
Benfica -2/ Sporting-3
Meia final da Taça (2.ª mão) 24 de Junho de 1945
Campo Grande, em Lisboa
Gaspar Pinto é um defesa benfiquista conhecido por ter deixado a sua marca (e a dos pitons) nas pernas de alguns avançados. Um deles é o sportinguista Peyroteo, o mais eficaz fura-redes que o país viu até hoje (529 golos em 327 jogos). Num Benfica-Sporting em 1944, Gaspar Pinto insulta Peyroteo. Este escreve à direcção do Sporting, alertando-a para esse facto. Em Dezembro desse ano, Valadas (Benfica) organiza o jogo de despedida, que começa com um aperto de mãos entre os dois rivais. Tudo se endireita mas, quatro dérbis depois, outra vez o caldo entornado. Peyroteo, autor de dois golos nessa tarde, não gosta do que ouve e esmurra Gaspar Pinto, para limpar a honra beliscada da sua mãe. É expulso (aos 83 minutos), pela primeira e única vez na carreira. E já não joga o desempate, que o Sporting ganha com golo de Albano (1-0 no Lumiar). Suspenso, Peyroteo recebe 38 telegramas, 158 cartas e 225 cartões de solidariedade. O país está com ele.
Benfica - 3/ Sporting-1
Final da Taça 14 de Junho de 1970
Estádio Nacional, em Lisboa
É a terceira final de sempre da Taça entre Benfica e Sporting, e a primeira de uma série de três seguidas. Numa acção concertada da Direcção-Geral dos Desportos (DGD), faz-se o primeiro controlo antidoping. Durante o intervalo (1-0 para o Benfica), os presidentes Borges Coutinho (Benfica) e Brás Medeiros (Sporting) são avisados dos intentos da DGD e aceitam sem problema a recolha do líquido orgânico de quatro jogadores, dois de cada lado, previamente sorteados. Lá em baixo, no relvado, só José Augusto, treinador dos encarnados, recusa o controlo, mas de forma correcta, como acrescentaria o inspector. O Benfica ganha 3-1. No antidoping, venceria o Sporting por 2-0 – os dois jogadores estavam limpos. Nessa final, Toni é o lateral-esquerdo do Benfica. "Estava a cumprir serviço militar e foi o José Augusto [treinador] quem me foi buscar ali perto de Torres Vedras, na véspera da final."
Benfica-3/ Sporting- 0
Quartos-de-final 2 de Abril de 1983
Estádio da Luz, em Lisboa
Malcolm Allison vence campeonato e Taça em 1981/82, mas sai de Alvalade no Verão de 1982. É António Oliveira quem se assume como treinador, acumulando ainda o cargo de avançado, ao lado de Jordão e Manuel Fernandes. Na segunda época deste reinado, os leões são eliminados pela Real Sociedad, nos quartos-de-final da Taça dos Campeões. No domingo seguinte, esfumar-se-ia o sonho da Taça de Portugal, com um rotundo 3-0 na Luz. Curiosidade: Oliveira nem sequer foi ao jogo – Marinho é que assumiu o seu lugar. "Foi apanhar sol para Tróia. Tem dores nas costas e precisa de repouso", justificou Jaime Lopes, chefe do departamento de futebol do Sporting. O capitão Manuel Fernandes reagiu e pediu ao presidente João Rocha a contratação de um treinador. Dias depois, é apresentado o checoslovaco Josef Venglos, o tal que lançaria Futre na época seguinte, antes de o querer emprestar à Académica.