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Um olhar sobre o Mundo

Porque há muito para ver... e claro, muito para contar

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Um olhar sobre o Mundo

11
Jan11

Polícias obrigados a usar água da chuva para lavar viaturas

olhar para o mundo

As medidas de austeridade "seguem orientações superiores" segundo o director nacional da PSP. A escolha dos dias de lavagem das viaturas fica agora a cargo de São PedroCéu molhado carro lavado.

Há situações já de si tão ridículas que se tornam dificilmente caricaturáveis. Como se sabe vivemos tempos difíceis pelo que há que cortar em quase tudo, desde que o tudo não afecte a boa vida das chefias e de interesses corporativos instalados, obviamente.

"Os televisores vão passar a estar desligados nas esquadras da PSP. Os agentes apenas podem ligar a TV para ver notícias. Vai acabar o correio postal, os telefones serão usados só em casos excepcionais e até os carros da patrulha serão lavados com a água da chuva. Estas são algumas das mais de 50 medidas que a Direcção Nacional da PSP distribuiu pelos comandos regionais e metropolitanos no sentido de se cortar nas despesas e aumentar as receitas" DN

Penso que as medidas pecam por escassas. Os polícias deveriam ser obrigados a fazer uma dança da chuva por semana. Todos nus só com o boné a tapar as partes íntimas. E assim pedir a São Pedro que fizesse a sua magia e abrisse as barragens do céu. No caso de estar ocupado com um tornado nas Caraíbas há sempre a opção Zeus, o Deus grego que preside aos fenómenos atmosféricos, recolhe e dispersa as nuvens, comanda tempestades, cria relâmpagos, trovões e lança a chuva que deixará os carros patrulha a brilhar.

Nada de detergentes. Sabão macaco para a chapa e uma escova de dentes usada para esfregar as jantes.Pensando bem porquê usar automóveis? Porque não voltarmos ao cavalo? Há cavalos mais rápidos que algumas viaturas da PSP. E poupa-se na gasolina. Já me chegou aos ouvidos que há esquadras que não têm dinheiro para abastecer os respectivos automóveis, daí as diminutas rondas que se fazem em alguns locais.

Quanto ao correio postal e telefones acho que a melhor solução passaria pelo uso de pombos correio e sinais de fumo. As esquadras da mesma zona deveriam passar a comunicar através de sinais de fumo, tarefa que ficaria a cargo de agentes com treino indígena. Para a comunicação entre esquadras mais distantes entraria em acção a unidade especial de polícia columbófila. Pombos correio treinados pelo espanhol da águia Vitória, com capacidade para voarem identificados ou à paisana e peritos na despistagem e perseguição de todo o tipo de aves.

Em relação à privação de televisão vão ser criados grupos de teatro por esquadra formados pelos agentes com mais queda para a representação escolhidos em castings organizados para o efeito. Desta forma vão poder entreter os restantes colegas nos tempos mortos. Está ainda prevista a instalação de candelabros e tochas nos edifícios de forma a ajudar à poupança de energia eléctrica.

Em relação às chefias e à utilização abusiva e continuada de viaturas descaracterizadas da PSP para passeios em família ao fim-de-semana não se irá registar qualquer alteração.

Via 100 reféns

13
Jul10

Saramago e Deus conversam no hall do Purgatório

olhar para o mundo

Finalmente estiveram frente a frente. Deus e José Saramago olhos nos olhos depois de uma vida de conflitos, dúvidas e desencontros. Saiba como correu a conversa.

São Pedro entra esbaforido no gabinete do Criador: - Senhor! Vinde ver quem ali está no Hall. Não vai acreditar.

- Pedro, tu nem imaginas as coisas em que eu tenho de acreditar para continuar metido nisto. E não te esqueças que sou omnipresente. Sei perfeitamente quem ali está fora sentado a ler a revista `Hola´ de perna cruzada na terceira cadeira a contar da jarra chinesa de péssimo gosto. Mas vamos lá ver em que lhe podemos ser úteis.

- Olha quem aqui está, o José de Sousa Saramago. A que devemos a honra de o receber neste humilde estabelecimento. Vens-te purificar?

- Não. E não fiques com ideias que eu não vim para ficar. Venho só saber o preço do condomínio.

- Essa é boa. E quem te disse que tinhas o céu como garantido. Isto por enquanto ainda tem uma gerência. Temos o direito de admissão devidamente reservado.

- Sou um homem livre. Vivo onde e como quiser. E tu, não te passa essa mania de controlar tudo e todos? Já ia sendo altura...

- Isto aqui não é Lanzarote, José. E não me fales assim se faz favor. Achas mesmo que eu não controlo tudo o que criei? Então diz-me cá, quem te trouxe até aqui? Vivo não estás com toda a certeza. E aqui só entram dois tipos de pessoas: os que aqui trabalham ou os que mandei chamar. E não me lembro de te ter contratado.

- Deixa lá o tom paternalista que eu não sou teu filho apesar de ter o mesmo nome do verdadeiro pai dele. Vim pelas minhas próprias pernas. Não vim agarrado às asinhas de um anjo ou de táxi celestial. E achas mesmo que estou morto? Não aprendes.

- Não estás? Então? Não me digas que é mais uma jogada de marketing para venderes mais uma edição do último livro. E uma vez mais às minhas custas. E não te atrevas a insultar-me novamente ou segues já para junto do tio Lúcifer. Ia-te fazer bem sentires o quentinho da besta por um bocadito. Talvez mudasses de atitude.

- Fala o roto ao descosido. Ou não fosse a Bíblia o livro mais vendido da Historia da Humanidade. O marketing nasceu na Igreja Católica, meu caro. Mas não, não morri, fica descansado. Estarei eternamente vivo. Um pouco como tu, com a diferença que a mim toda a gente conheceu a cara.

- Muito bem. Os meus parabéns. Estamos portanto na presença de um milagre, acontecimento que continua a ser gerido por um dos nossos departamentos. Como vês tenho tudo controlado.

- Registo o cinismo habitual, mas não percebeste. Um escritor nunca morre enquanto alguém o continuar a ler. É um milagre sim. Chama-se milagre da literatura. Agora vou andando que se faz tarde. Passa bem. Adeus.

Via 100 Reféns

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