Aung San Suu Kyi condenada!
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O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exigiu hoje a libertação da chefe da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi, horas antes condenada a mais 18 meses de privação da liberdade. O Presidente dos EUA, Barack Obama, juntou-se também ao coro unânime de crítica da comunidade internacional: “A acusação e a condenação de Aung San Suu Kyi viola os princípios universais dos direitos do homem”, disse, em comunicado.
Obama recordou ainda os outros prisioneiros políticos da Birmânia, que a junta militar vai prometendo libertar mas não liberta: “A decisão injusta de hoje recorda os milhares de outros presos que, como Suu Kyi, estão privados de liberdade como querem um Governo que respeite a sua vontade, os desejos e aspirações de todos os cidadãos.”
A União Europeia (UE) anunciou entretanto que vai endurecer as sanções à Birmânia, devido à sentença. A França e o Reino Unido pediram embargos globais de armas e de relações económicas com o regime birmanês, que tem conseguido sobreviver graças aos laços comerciais com a China, a Índia e a Tailândia.
A Noruega pediu ao secretário-geral das Nações Unidas uma resposta internacional a esta nova medida da junta militar birmanesa. “As autoridades birmanesas demonstraram, com esta sentença iníqua, a sua decisão de ignorar as mensagens da comunidade internacional”, disse em comunicado o Presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Iniciativa de 14 Nobel
A Suécia, que está este semestre na presidência da UE, disse que o grupo vai reforçar as medidas restritivas contra o regime dos generais, incluindo os seus interesses económico. O primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, afirmou que a nova condenação de Suu Kyi, que começou por ser detida há 20 anos, viola o direito nacional e internacional.
Quanto ao seu colega britânico, Gordon Brown (ver artigo nas páginas de opinião), disse estar “entristecido e furioso” com a “monstruosa” sentença motivada por o cidadão norte-americano John William Yettaw ter violado as normas da detenção domiciliária da chefe da oposição ao ter nadado em Maio até à casa dela.
E também 14 laureados com o Nobel da Paz solicitaram à ONU, numa carta aberta aos membros do Conselho de Segurança, que faça um inquérito sobre os “crimes contra a Humanidade” cometidos pela Birmânia. Este órgão reuniu-se esta madrugada para discutir o tema. Entre os Nobel encontram-se o Dalai Lama, o Presidente timorense, José Ramos-Horta, o antigo Presidente soviético Mikhail Gorbatchov e o arcebispo sul-africano Desmond Tutu.
Nos próximos dois meses, o Reino Unido e os EUA ocuparão a presidência do Conselho de Segurança, “pelo que é a melhor oportunidade de este actuar”, comentou a organização de activistas Avaaz, segundo a qual “o tratamento dado a Suu Kyi é apenas a ponta do iceberg da brutalidade do regime birmanês”.
O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, comentou que, “dada a natureza do regime, nada fazia esperar outra decisão” que não fosse punir a Nobel da Paz de 1991 por permitir que um estrangeiro não convidado entrasse em sua casa.
De visita a Goma, na República Democrática do Congo, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, voltou a pedir a sua libertação; e também a John Yettaw.
A chefe da diplomacia dos Estados Unidos manifestou-se preocupada por o seu compatriota ter sido condenado a sete anos de cadeia, com trabalhos forçados. Sabe-se que é asmático, sofre de diabetes e teve recentemente na prisão brimanesa uma série de ataques epilépticos. “A junta birmanesa deve acabar imediatamente com a repressão”, acrescentou Clinton.
Via Público