Poupar um euro por dia ou reduzir despesas diárias - como eliminar algumas refeições fora de casa - são alguns dos truques usados pelos consumidores quando a época é de cortes, pois há gastos desnecessários que somados podem fazem toda a diferença ao fim do mês.
Pode parecer uma tarefa simples, mas nem sempre é fácil de executar, já que o orçamento familiar dos portugueses é cada vez mais apertado e dá pouca folga para pôr algum dinheiro de parte. Tanto que todos os anos se assinala o Dia Mundial da Poupança - dia 31 de Outubro -, que tem como objectivo lembrar os consumidores para a necessidade de guardar algum dinheiro extra para cobrir eventualidades.
"A poupança deve ser vista como uma despesa que tem de ser paga logo no início do mês, dentro do princípio de pague a si próprio primeiro", refere ao i Susana Albuquerque, da Associação de Instituições de Crédito Especializado (Asfac). E, na realidade, a oferta de produtos do tipo "pague a si próprio primeiro" no mercado é variada, mas a rentabilidade oferecida é pequena, o que torna a escolha complicada.
Mas, apesar das dificuldades, a opinião é unânime junto de vários responsáveis: é cada vez mais imperativo poupar e, acima de tudo, equilibrar as contas mensais. Elaborar um orçamento familiar poderá dar uma boa ajuda neste campo, já que fica a saber concretamente quanto dinheiro pode gastar e, ao mesmo tempo, quanto é que sobra para que consiga poupar.
"Em primeiro lugar, deve-se poupar para um almofada financeira, a usar em situações inesperadas, e depois para atingir objectivos de médio ou longo prazo, como são exemplo a compra de um equipamento para o lar, de uma viagem, de um automóvel, etc.", diz Susana Albuquerque. Opinião partilhada pela Associação de Defesa do Consumidor (Deco), que defende que "se há lição que os portugueses devem aprender no actual cenário de crise económica, é a importância de criar uma base sólida de poupança como forma de acautelar dias difíceis. O desemprego e a incerteza geraram receios e alguma contenção, quer nas famílias, quer nas empresas".
Evitar entrar em ruptura financeira deverá ser uma preocupação que domine o nosso dia-a-dia. Para isso, o ideal é que as famílias portuguesas vivam abaixo dos seus rendimentos. Aliás, esta é uma das máximas que já é aplicada pelos homens mais ricos do Mundo. "Não é aquilo que ganhamos que determina que as nossas finanças são melhores, mas aquilo que gastamos e poupamos", salienta Susana Albuquerque, acrescentando ainda que "tão importante quanto automatizar a poupança para que ela seja concretizada, é definirmos objectivos para a mesma, para a tornar ainda mais motivante".
Aposta
Para aproveitar a ocasião, os bancos multiplicaram-se em iniciativas, com a maioria das instituições financeiras a lançarem produtos específicos para este dia.
O BCP lançou, na última sexta-feira, o depósito a prazo "Poupa Mais". A remuneração é atribuída de acordo com o saldo apurado a 31 de Dezembro, ou seja, quanto mais o cliente poupar até ao final do ano, maior será a taxa atribuída às suas poupanças. O prazo é de 90 ou 180 dias, não renovável, e exige um montante mínimo de investimento de 2 mil euros.
O Santander Totta apostou na campanha "Soluções Integradas" que inclui um conjunto de soluções de poupança com remunerações de 4%. É o caso do "Depósito Triunfador" e do "SuperPoupança Ídolos", em que este último apresenta liquidez permanente e sem penalização de juros, com taxa garantida durante um ano e pagamento mensal de juros.
Também o BPI tem uma oferta variada neste campo. Exemplo disso, são os Depósitos Especiais (entre um e oito anos), com capitalização automática dos juros, que beneficiam de uma fiscalidade mais favorável a partir do 5o ano (adiamento e redução da tributação de rendimentos).
Já o Banif apresentou o "Depósito a Prazo Dia Mundial da Poupança". Um depósito a três anos que é valido até ao dia 2 de Novembro. O montante mínimo de constituição é de 500 euros e apresenta taxas crescentes até 5%.
Presença neste mercado tem também o Montepio, que comemorou o dia da poupança com o lançamento do "Montepio SuperPoupança". Trata-se de um depósito a prazo a 4 anos, com um mínimo de constituição de 5 mil euros e com taxas de juro crescentes e pagamento anual de juros.
Como Poupar
Depósitos a prazo
Capital garantido Os depósitos a prazo foram perdendo cada vez mais terreno face a outros produtos alternativos de poupança. A fraca rentabilidade poderá justificar este comportamento. Mesmo assim, há produtos que apresentam rendimentos interessantes, com os juros a rondar os 4%. Na maioria dos casos, estes valores são praticados no final da aplicação. A explicação é simples: conseguem atrair capitais e, ao mesmo tempo, fidelizar os clientes. A verdade é que, em Julho, as instituições financeiras captaram junto das famílias portuguesas 8,286 mil milhões de euros em novos depósitos, um aumento de 31% face ao mês anterior, ou seja, cresceram ao maior ritmo de sempre desde que o Banco de Portugal começou a compilar os dados, em 2003.
Fundos
Risco moderado Fundos imobiliários podem ser uma alternativa. Apresentam um rendimento potencial superior às taxas de curto prazo (Euribor) e é possível investir em imóveis com pequenos montantes. Por exemplo, 500 euros. Mas nem tudo são vantagens, pois não apresentam garantia de rendimento nem de capital. Os fundos de obrigações são outra opção para quem está a pensar em investir a médio e a longo prazo. Neste caso, beneficia de uma carteira de investimentos com alguma diversificação, o montante mínimo de investimento é reduzido e pode beneficiar com as taxas de longo prazo e os ganhos cambiais. No entanto, conte com algum risco (baixo a médio-baixo), não há garantia de rendimento e arrisca-se a perder em caso de subida das taxas de juro de longo prazo.
Certificados do Tesouro
Investimentos a 10 anos Este produto foi lançado pelo Estado no mês de Julho e tem vindo a atrair cada vez mais investidores. Trata-se de uma aplicação de dívida pública mais vocacionada para o aforro de médio e longo prazo. Aliás, este produto de poupança não é compensador para períodos inferiores a 5 anos, para este caso há depósitos mais rentáveis. As taxas de juro aplicadas têm vindo, no entanto, a cair. Em Setembro os juros atingiram 5,15%, um valor inferior em relação a Agosto, altura em que atingiu 5,35%. O montante mínimo de subscrição é mil euros e o máximo é um milhão de euros. Permite resgate antecipado – total ou parcial – nas datas anuais de pagamento de juros. Caso ocorra fora dessas datas, perde direito a remuneração no período entre último pagamento de juros e o resgate.
Certificados de aforro
Taxas pouco atractivas Foram o produto de eleição dos portugueses a nível de poupança durante muitos anos, mas têm vindo a perder adeptos devido às fracas taxas de remuneração oferecidas. Quem subscrever este produto no próximo mês vai ser remunerado com uma taxa de 1,109%, valor superior ao de Outubro que era de 0,996%. A rentabilidade dos certificados de aforro depende, em larga medida, da Euribor a três meses, que tem estado em alta ao longo das últimas semanas. A verdade é que a actual taxa de remuneração de base é reduzida e há depósitos a prazo com taxas superiores. Convém não esquecer que o dinheiro não está disponível nos primeiros três meses. O montante mínimo exigido para investir é de 100 euros , já o máximo é 250 mil euros. Ganha prémios de permanência.
Plano Poupança Reforma (PPR)
Benefícios fiscais reduzidos Além de garantirem um complemento para uma reforma mais confortável, permitem deduzir o investimento no IRS. Este produto vai, no entanto. perder boa parte do seu interesse em 2011, com as alterações introduzidas pelo Orçamento do Estado. De acordo com a proposta, os PPR passam a ter um benefício máximo de 100 euros, mas, dependendo do escalão de rendimento, pode até ser inferior. Segundo a “Proteste”, quem já tem dinheiro em PPR deverá manter este investimento, para evitar penalizações pelo resgate antecipado, pois este ano ainda está garantido o benefício máximo, mas depois deverá avaliar se compensa. Deve também ter em conta as comissões, superiores a produtos financeiros semelhantes, nomeadamente na subscrição e entregas.
Acções
Risco elevado Investir em bolsa poderá representar um bom negócio, com elevado potencial de valorização, mas nem tudo são vantagens: o risco é elevado, não há garantia de rendimento, nem de capital. Para quem está a pensar em investir nos mercados bolsistas há sempre umas regras que deve seguir. Os
especialistas aconselham os potenciais interessados a fazer este investimento a longo prazo (pelo menos cinco anos), para ultrapassar as flutuações regulares do mercado e para quem tem um pé-de-meia maior, de 20 mil euros ou mais. Deve também dividir para reinar: Ao escolher títulos de diferentes países e sectores, consegue reduzir as flutuações do seu investimento. Tenha em conta o intermediário financeiro que escolhe, saiba que uma escolha acertada pode representar uma poupança de centenas de euros.
Via Ionline