Quer ter um Ferrari por 15 mil euros?
Clube Overstep põe à disposição dos membros uma frota de sete veículos de luxo, mediante quotas anuais entre 15 mil e 25 mil euros. Angolanos em viagens de negócios já estão entre os principais clientes
Se tem mais de 30 anos, carta de condução há mais de cinco e 15 mil euros na conta bancária, está em condições de aderir ao Clube Overstep e conduzir um Ferrari ou um Aston Martin durante 30 dias ao longo de um ano. O sistema de partilha de carros de luxo foi criado há um ano e meio, pelo grupo MGS Automóveis, e está a gerar interesse crescente em Portugal. Os empresários angolanos em viagens de negócios já estão entre os principais clientes.
O clube nasceu em 2009, com a inauguração do primeiro welcome center, na Lapa, em Lisboa. Em Abril do ano passado, foi aberto um segundo espaço na emblemática Garagem Aurora, na foz do Porto, e a expansão acentuou-se. O negócio havia terminado 2009 com 12 membros e, actualmente, já tem 35 contratos activos.
O funcionamento foi inspirado em sistemas semelhantes existentes em Nova Iorque ou Londres, onde bens como carros, barcos, aviões ou helicópteros de luxo são partilhados por membros de clubes. No Overstep, há quotas anuais, semestrais, semanais ou de fim-de-semana, que dão acesso à utilização de uma frota de sete veículos: quatro Ferrari, um Aston Martin, um Porsche e um Bentley. As reservas podem ser feitas pela internet e o clube disponibiliza serviços como entrega e recolha de carros ou motorista.
A maioria dos membros acaba por ter um vinculo anual, que custa 25 mil euros para empresas e 15 mil euros para particulares. Com a adesão ao clube, os membros compram créditos de utilização dos carros e, em função da tabela, utilizam os veículos até esgotar os pontos. Em média, diz António Azevedo, é possível utilizar os automóveis durante 30 dias do ano, fazendo com que o custo médio diário fique em 500 euros, no caso dos particulares.
O peso dos angolanos
O director-executivo do Clube, António Azevedo, realça a dificuldade em traçar um perfil dos membros, pois «há de todas as profissões e as idades vão dos 30 aos 60 anos». Contudo, admite alguns pontos de contacto entre todos, além do óbvio poder de compra.«Têm duas coisas em comum: paixão por carros e a noção de que não vale a pena gastar 350 mil euros num automóvel».
Segundo o gestor, o clube tem atraído também o interesse de multinacionais que usam as viaturas de luxo como incentivos aos seus quadros de topo ou como acções de charme junto dos clientes mais importantes.
Nos particulares, há um mercado que está a revelar-se«extremamente interessante» para o clube: os não-residentes. E, neste segmento, o Overstep está sobretudo orientado para os viajantes de negócios com origem em Luanda. «Temos vários membros que vêm de Angola. Para muitos angolanos, Portugal é uma segunda residência e é fácil terem a liquidez que permite tornarem-se membros do clube», revela.
O objectivo do clube para este ano é angariar mais de duas dezenas de clientes e renovar até 60% dos contratos já existentes. Caso se concretize, esta meta significará que a empresa atingirá em 2011 obreak-even (momento a partir da qual o investimento começa a gerar lucros). O grupo MGS investiu dois milhões de euros neste projecto, sobretudo para a aquisição das viaturas.
Segundo António Azevedo, optar pelo Overstep acaba por ser mais rentável do que comprar o veículo. Evitam-se não só os custos de aquisição das viaturas - cujos preços oscilam entre 250 mil e 350 mil euros -, como a sua desvalorização, a manutenção, os seguros e os impostos, despesas que atingem milhares de euros por ano, nestes veículos. O responsável adite até que a conjuntura económica favorece a Overstep, que pode ganhar mercado nas pessoas que deixarem de comprar carros de luxo novos.
Via Sol