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Um olhar sobre o Mundo

Porque há muito para ver... e claro, muito para contar

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Um olhar sobre o Mundo

21
Dez10

A águia Vitória voou para parte incerta após mais um "nada aconteceu" no túnel da Luz

olhar para o mundo

famoso túnel da luz, que alguns dizem ser uma das zonas mais pacíficas do paísvoltou a estar activo. Desta vez foi Barnabé quem sentiu os abraços meigos dos stewardsA Águia já não mora na Luz.

 

 

Não sei como foi possível acontecer uma cena destas num local tão pacato como o túnel da luz. Quem ali passa diz que semelhante experiencia de isolamento, paz e solidão só podem ser sentidos em pleno deserto ou num dos pólos.

Os peregrinos, facilmente identificáveis pelos coletes amarelos que envergam, passeando como se fosse em direcção a Fátima pela nacional nº1, dizem ser um local de completa tranquilidade e ausência de rancor e violência. Percorrem o túnel em grupo ávidos de espalhar o amor e a fraternidade.

E desta feita foi um habitante local a receber o carinho dos peregrinos da luz. Barnabé é aquele senhor de sotaque castelhano que nos habituámos a ver gritar com um bife do lombo na mão no centro do relvado antes do início dos jogos. "Anda cá bicha, anda cá bicha" e lá vem ela aterrar no símbolo do clube, como se telecomandada, deixando o público em êxtase.

Mas desta feita o feitiço virou-se contra o feiticeiro e quem aterrou num dos símbolos do clube foi Barnabé. Foi com o corpinho ao chão no local mais sagrado e pacifico da luz. Obviamente que "aconselhado" pelos bons dos peregrinos que por ali passeiam e ajudam quem precisa de cair em graça. "Fui agredido e impedido de entrar" e "estive no chão com três stewards em cima de mim". Que maravilha de imagem. Que bela manifestação de carinho. Só faltou mesmo pegarem na Águia Vitória e darem-lhe três bolachadas no bico.

O clube alega que foi Barnabé quem partiu para a agressão. Obviamente. Aliás não poderia ser de outra forma. No túnel da luz ninguém agride ninguém. Só se responde a agressões com palavras apaziguadoras e abraços fraternais. O resto do tempo passa-se a fazer amor. Ao que parece o clube diz ter imagens que o comprovam. Não se sabe se são de Barnabé, tratador de águias e provocador de zaragatas em túneis, a agredir os pacíficos seguranças da Luz ou dos últimos a fazerem amor com quem por ali passa, neste caso o Sr. Barnabé que levou com três peregrinos de uma vez só. Provavelmente andava a alimentar mal a ave o que explica os resultados menos positivos do Benfica esta época e justifica plenamente umas palmadas no quentinho do túnel.

Com isto o Benfica perdeu mais um dos seus símbolos sagrados. Estou a falar do túnel do amor e não da águia do Sr. Barnabé entenda-seEssa já deve ir embalsamada na traseira de uma Kangoo em direcção a Vilar Formoso.

PS: Barnabé diz ter "contrato com o Benfica até 2013". Surreal. Nunca me passou pela cabeça que este senhor fosse pago para fazer aquele serviço. Como é que o inscreveram na folha de assalariados? "Tratador de aves e afins"?

 

14
Mai10

Em Fátima pequei por ti

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Em Fátima pequei por ti

 

A casa fica perdida numa das estradas secundárias de acesso a Fátima. Por estes dias, a terra afamada pelas aparições está a rebentar pelas costuras. E aqui, no lugar onde nos encontramos, a meia dúzia de quilómetros do centro da cidade, os espaços para estacionar também se esgotaram. Enquanto o Papa Bento XVI celebra a missa para centenas de milhares de fiéis, há quem esteja de peregrinação a outro "santuário". Homens para quem a fé veste saia curta com botas altas, usa pestanas falsas e fala com sotaque. 

É um dos bares mais antigos e bem conhecido dos habitantes de Fátima. Quem o visita diz ser "um sítio como outro qualquer". "Bebe-se um copo e fala-se com uma miúda. O resto depende da tua sorte", avança a custo o proprietário. Explicamos que estamos a fazer um roteiro de Fátima alternativo. Primeiro ao homem que está na porta, depois ao dono. Nem um nem outro quer falar. Os jornalistas não são bem-vindos aqui. "A maior parte dos clientes gosta de ter a sua privacidade", emenda o dono. Ainda assim, convida-nos a ver o espaço. 

Lá dentro, num ambiente escuro, oito mulheres estão sentadas nas mesas da entrada. Há um pequeno palco com um varão de striptease e umas cortinas escuras que dão para uma sala discreta ao fundo da pista. "Para tomar um copo mais íntimo", explica o dono. As mulheres, quase todas de nacionalidade estrangeira, observam os homens de cima a baixo e fazem permanentes investidas de sedução, antes de avançarem com conversa. 

"O negócio não anda bem para estes lados, a clientela escasseia", queixa-se uma delas, brasileira, depois da nega de um cliente para lhe oferecer um copo. Hoje, porém, é um dia excepcional: com tantos forasteiros na cidade, há novos clientes encostados ao balcão. Uma raridade, garante o dono. "A maior parte costumam ser pessoas conhecidas", diz enquanto faz contas às caras familiares. "Hoje não conheço praticamente ninguém." Apesar dos motivos da peregrinação não se compadecerem com visitas a casas de alterne, há quem procure este tipo de diversão nos intervalos da fé. "Olhe que até padres nos visitam." 

Copos e campismo Os caminhos da fé, já se sabe, não são linhas rectas. Pertencem ao homem, com todas as imperfeições inerentes à condição humana. Uma premissa que não conhece excepções. "Fátima é uma terra como outra qualquer", atira um comerciante em plena rua. Neste caso, o "outra qualquer" surge para justificar os passos de quem visita a terra santa de carteira recheada e fé enviesada. Entre visitas ao santuário e à nova igreja, há quem goste de se sentar num bar para beber copos e embalar a crença. O sacrifício fica reservado para a noite, no desconforto das tendas.

Sentados numa esplanada do centro da cidade, um grupo de dez homens recupera o fôlego de uma caminhada desde Viseu até à terra santa. Os helicópteros militares que sobrevoam a cidade anunciam a chegada do Papa, mas aqui a discussão é outra: futebol. O dono do restaurante personifica bem a alma dividida destes homens de fé: tal como eles, usa um lenço verde celestial ao pescoço alusivo à visita de Bento XVI, e no peito uma camisola Jesus, o treinador do Benfica, elevado a santo pelas magias do photoshop aplicadas numa t-shirt.

"Ver o Papa?", pergunta ao telefone um dos peregrinos. "Ainda tenho meio metro de cerveja para beber." Pode até soar a exagero, mas, aqui, as cervejas - chamadas imperial à Benfica - são servidas em copos altos, com mais de 40 centímetros de altura. E se as rodadas sucessivas que vêm para a mesa não forem suficientes, na carrinha destes peregrinos há álcool de sobra para os próximos dias: "Cada um trouxe dois garrafões de vinho", garante. A noite adivinha-se longa. 

Há qualquer coisa de festival de Verão na visita do Papa a Fátima. Um metro quadrado de terreno é suficiente para montar a tenda e assegurar dormida para os próximos dias. Filipe Sousa, 20 anos, veio desde Espinho numa excursão. Uma viagem que ele e os amigos repetem todos anos por altura do 13 de Maio. Fomos encontrá-lo à tarde, enquanto decorria a primeira missa do Papa no santuário, numa tenda do parque 12. Chegou esta madrugada e aproveita agora para descansar. "Para a procissão das velas?", perguntamos. A resposta veio em tom de vacilo: "Também, mas principalmente para a festa de logo à noite, no parque", confessa. 

Apesar de não se ouvirem djambés ou cânticos tribais - aqui apenas se escuta música religiosa - é frequente os grupos mais jovens se juntarem à noite para confraternizar. Com todos os excessos que confraternizar implica: "O Papa perdoa", brinca outro jovem do grupo, desculpando-se com uma "fuga ao dia-a-dia" e uma forma de se divertir. "Essencialmente, queremos curtir", atalha o amigo Filipe. Será que Deus o perdoa?

 

Via ionline

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