Fantasiar com um padre é pecado?
Confesso: Na terra dos reis do flirt, dou por mim a ter pensamentos libidinosos no Vaticano. Serei uma Maria Madalena?
r a Itália é uma massagem ao ego de qualquer mulher... mesmo para aquelas com um feitio mais torcido no que toca a tentativas de engate. Eles são os reis do flirt e não brincam em serviço: desde o condutor do eléctrico que pisca o olho em pleno andamento, ao guia do museu que, embora com idade para ser nosso pai, nos chama de "bella portuguesa" repetidamente, vale tudo.
Eles param no meio da rua para gritar "ciao preciosa" em tom meloso, abordam-nos em filas para a casa-de-banho e acabam a dar-nos beijos na mão sem sequer percebermos como, travam a fundo para nos deixar atravessar a estrada e convidam-nos a sair com eles ao mesmo tempo... tudo com uma lata glamourosa que só nos faz corar e rir, em vez de alçar a mão para o habitual par de estalos. Contudo, foi o Vaticano que despertou o lado mais libidinoso que há em mim. Rodeada de morenos extra-perfumados, com óculos Ray Ban, a minha atenção recaiu sobre o homem da batina. Lamento ser tão pouco católica no que toca a isto das atracções, mas ali estava ele: cabelo curto, com aquele sotaque italiano de bradar aos céus, vestido de preto até aos pés, com uma cruz ao peito, sorriso aberto, olhar misterioso e penetrante... mas, para bem dos meus pecados, tudo menos engatatão. Caso para dizer: graças a Deus! Enquanto o Papa falava na janela, os meus pensamentos eram tudo menos religiosos. Qualquer entrada num confessionário naquela fase teria sido uma versão luso-italiana do "Crime do Padre Amaro". Nem com mil "Pai Nossos" de enfiada eu conseguiria voltar a ter lugar no céu. Faço o meu ar mais imaculado enquanto penso no eterno desejo pelo fruto proibido: Afinal, porque será que queremos sempre aquilo que não podemos ter?O pecado mora no Vaticano