Mulheres de minissaia não se devem admirar se forem violadas
As palavras são de um padre ortodoxo. Fica-me uma questão: andará o senhor padre com problemas em resistir à tentação ou esta foi só uma frase demasiado triste para ser verdade?
"Uma mulher que se maquilhe tanto como um palhaço não vai conseguir encontrar um parceiro para a vida". Pior: "Se a mulher usar minissaia está a provocar os homens". A cereja no topo do bolo: "Se estiver bêbeda e usar minissaia é ainda mais provocadora e se estiver ativamente a tentar meter conversa com alguém então não deve ficar surpreendida se acabar por ser violada".
Estas são afirmações do arcebispo Vsevolod Chaplin, da Igreja Ortodoxa da Rússia, que condena a forma como as mulheres russas se vestem, avança o jornal inglês "Telegraph". "Com aquelas minissaias parecem umas strippers", conclui o padre.
Não sei se sou só eu que acho isto, mas parece-me que este senhor anda com problemas em resisitir à tentação ao ver as pernas das meninas e decide então descarregar as frustrações com afirmações que são, no mínimo, muito graves.
"Ela estava mesmo a pedi-las!"
Uma mulher é mais do que um pedaço de carne. Muito mais do que um decote ou umas pernas avantajadas numa minissaia. Uma mulher podia andar até nua na rua que isso nunca, repito, nunca, seria justificação para uma violação. Estas afirmações fazem-me lembrar aqueles típicos comentários que tantas vezes já ouvi da boca de gente tacanha, do género: "A gaja andava sempre com grandes decotes. Estava mesmo a pedi-las!". Com sorte o violador ainda acaba por ser o coitadinho no meio disto tudo porque "aquela ordinária estragou-lhe a vida ao po-lo atrás das grades". Se o decote e a respetiva violação em causa fossem de uma filha, irmã, amiga... diriam o mesmo? Estou certa que não.
Vindas da boca de um suposto homem de Deus, este tipo de afirmações ainda mais me repugnam. Nunca fui uma pessoa religiosa e são os falsos moralismos hipócritas como este que me fazem cada vez mais perder a fé. Não nessa "coisa superior" que para mim tanto se pode chamar Deus como Alá. Mas sim na instituição igreja. Seja ela católica, ortodoxa, evangélica, protestante, etc. Lamento.