O papa €uros
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Não escreve para bater recordes mas os seus livros atingem números de vendas que nenhum outro escritor português alcançou em vida. O novo livro de Miguel Sousa Tavares (MST), que chega hoje às estantes, não tem o peso de um romance histórico, mas pode considerar-se inédito: "No Teu Deserto" é uma peça autobiográfica que relata uma viagem pelo deserto do Sahara, acompanhado por Cláudia, a jovem com quem partilhou o jipe ao longo de cinco semanas, e que viria a morrer. Além disso, é a história que está por trás do famoso roubo do computador, há um ano, onde o escritor guardava a única versão do texto. O assunto virou caso de polícia, mas foi MST que o resolveu: pagou 500 euros a quem comprou o aparelho roubado.
"Precisei de dois ou três meses para recuperar o meu portátil. Apareceu uma pessoa que o tinha comprado e que ficou muito assustada ao ver que era o meu computador", recorda o jornalista. Depois, foram necessários três intermediários para que a transacção fosse feita, sem que MST chegasse a saber quem o tinha. "Fazia parte do acordo."
Em "No Teu Deserto" MST assume pela primeira vez a narração de duas vozes, a masculina e feminina, num registo mais poético e arriscado do que nas mais de 500 páginas de Equador ou Rio das Flores. A história da viagem pelo deserto não representa apenas o atravessar das dunas gigantescas do Sahara: é o cruzar de duas vidas em pouco mais do que um mês. Com toda a intensidade do deserto.
Mas porquê esse fascínio pelo deserto? "Não lhe sei dar essa resposta. Quando digo que é precisamente por não haver nada, as pessoas ficam baralhadas. Não faz sentido. Mas o deserto é um grande revelador de carácter, é o melhor sítio para conhecer alguém." "No Teu Deserto" - que tem como pós-título "Quase Romance" - pode ser lido como um romance de amor, um diário de bordo, mas a sua classificação é pouco definida. "É o resgate de uma dívida de gratidão", atalha o autor, que 20 anos depois da viagem encontrou uma fotografia perdida numa gaveta, que lhe fez começar uma carta. "Tu morres, eu escrevo. Ficamos de contas saldadas." Assim começava a carta, que deu origem ao décimo livro do autor.
Outsider Em tempos, MST ia com frequência ao deserto. Há nove anos que não o faz: hoje, vai para o Alentejo, onde passa boa parte do seu tempo. "Não é bem um deserto, mas é o mais parecido com África. É o meu refúgio português."
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