Os melhores bolos de Lisboa (tirando o pastel de Belém)
Romarias de fim-de-semana em busca de açúcar terminam muitas vezes na fila para os pastéis d e Belém. Mas se a gula lhe exigir algo diferente, deixamos-lhe seis alternativas
1 . Pastel de Cerveja
Está tão perto dos pastéis de Belém e ao mesmo tempo tão longe. Longe dos guias turísticos, dos roteiros de fim-de-semana ou de simples conversas sobre bolos. Desde 1943 que assim é. De um lado da rua o reboliço, as filas, os turistas, o cheiro. Do outro, meia dúzia de connoisseurs... e pouco mais. Os pastéis de cerveja vivem na sombra, na enorme sombra, dos vizinhos de Belém. Estão como o Futebol Benfica para o Sport Lisboa ou o Fonte Nova para o Colombo. A explicação? Talvez o nome. O conceito de pastel de cerveja pode, à partida, não ser o mais atractivo. Pense-se em empada de vinho, ou folhado de bagaço. Não soa bem. Mas desfaça--se esse mito: os pastéis de cerveja não sabem a cerveja. Nem embebedam. E apesar da dita ser um dos seus ingredientes, se provar os pastéis só vai encontrar travo a ovo e amêndoa. E uma pergunta: porque é que não são mais conhecidos?
Pastéis de Cerveja de Belém: Rua de Belém, 15. Cada Pastel de Cerveja custa €0,85.
2. Cookies do Starbucks
Quando o Starbucks chegou a Lisboa falou-se dos cafés, das mil e uma formas de os beber, dos sabores, dos toppings, dos tamanhos. Gerou-se uma euforia, como se a cidade da bica tivesse sido tomada de assalto pelos "tall expressos". Não foi. Porque o verdadeiro atractivo do Starbucks não se serve em copo nem rima com casino. É a sua montra de bolos. E os muffins, os donuts, os brownies e os cookies que lá moram. Fixemo-nos nestes últimos. Receita tipicamente inglesa, dizem os responsáveis. Mas não é preciso mergulhá-los em chá para os amolecer. São mal cozidos por natureza, peganhentos, chegam a roçar o viscoso. E é isso que os torna especiais. Com os devidos pedacinhos de chocolate branco, negro ou de caramelo a darem um toque especial à coisa. Para provar que nem só na pastelaria tradicional estão os grandes achados.
Starbucks - Rua de Belém, 110 ou C.C Alegro, piso 0. Cada cookie custa €1,70.
3. Croissants do Careca
E agora diz o leitor mais teimoso: "Ah que vos apanhei, o croissant não é um bolo." E dizemos nós: "Olhe que pode ser..." E o leitor: "Olhe que não, olhe que não..." Podíamos ficar nisto o texto todo. Mas assim ficávamos sem espaço para explicar o nosso ponto de vista. Saber se o croissant é, ou não, um bolo... interessa pouco. E interessa menos ainda quando se fala dos croissants da Pastelaria Restelo, vulgo Careca. Vê-los a sair do forno é uma experiência única. Pelo cheiro, a antecipação de os ver na mão, a ansiedade de os provar. Nessa altura esquecem-se todas as discussões, conceitos e preconceitos adquiridos sobre o tema. A atenção vira-se para aqueles 90 gramas de massa folhada sabiamente enrolada e polvilhada com açúcar. Se ainda está a pensar se é bolo ou não, então esqueça. Este croissant não é para si.
Pastelaria do Restelo/Careca, Rua Duarte Pacheco Pereira, 11 D. Cada croissant custa €1.
4. Queijadas da Sapa
Qualquer pretexto é bom para ir a Sintra. Ar puro, boas paisagens e turistas maravilhados com o local. Faz bem aos pulmões e ao ego, mal ao colesterol. É impossível passear por aqueles lados sem trazer recordações açucaradas. Como as queijadas de Sintra. Há três sítios de referência quando se fala da especialidade: a Sapa, a Casa do Preto e a Piriquita. Mas fixemo-nos no primeiro: a Fábrica das Verdadeiras Queijadas da Sapa, como se anuncia. Pela antiguidade. Que, ninguém duvide, é um posto. São muitos anos, não a virar frangos, mas a estender, rechear e cortar massa. Cerca de 250. E é precisamente nessa massa, e na capa de farinha de trigo que esta forma, que está o segredo da coisa, segundo os responsáveis. Porque é tão homogénea que permite que as queijadas cozam a temperaturas bem altas, sem que se queimem ou estalem. Bendito truque.
Fábrica das Verdadeiras Queijadas da Sapa: Volta do Duche, 12. Cada Queijada da Sapa custa €0,80 e o pacote de meia dúzia €4.
5. Travesseiro da Piriquita
Primeiro as queijadas, agora os travesseiros. Quem diria que uma vila tão pequena como Sintra teria potencial para fabricar dois dos bolos mais tentadores da Grande Lisboa? E isto sem falar dos Fofos de Belas, dos Pasteis da Pena ou das Nozes Douradas. Muito tempo livre para bater ovos dá nisto. O povo agradece. E enche a Piriquita todos os dias. A casa, bem no centro de Sintra, tem mais de 150 anos de existência. Começou por fabricar queijadas, mas hoje em dia são os travesseiros que lhe dão fama. E estes são tão procurados, que teve de nascer uma segunda Piriquita para satisfazer a procura, uns metros acima da original. Em ambas a receita é a mesma. Massa folhada, açúcar e um recheio de ovos, amêndoa e gila em doses secretas e proporção perfeita que formam uma combinação única, que se come mesmo que esteja a ferver e que nos queime a língua e o céu-da-boca. Porque é impossível resistir-lhe.
Piriquita, Rua das Padarias, 1, Sintra. Cada travesseiro custa €1,10.
6. Mil-Folhas da Monalisa
O mil-folhas é o bolo da infância de muita gente. E o bolo que muita gente escolhe quando quer regressar à infância. Porque reúne em pouco mais de cem gramas (num cenário ideal) a proporção certa de chocolate, creme de ovos e massa folhada. O melhor de três mundos. Infelizmente, é muito difícil eleger o mil-folhas de determinada pastelaria como o melhor, porque todas o fazem. Se perguntar a qualquer pessoa qual o seu favorito ganha sempre o da rua onde mora e dificilmente irá obter duas respostas iguais. Mas tarefas difíceis são a nossa especialidade. Por isso assumimos uma escolha, sem complexos: o mil-folhas da pastelaria Monalisa, em Benfica, sem dúvida uma das zonas mais ricas da cidade em matéria de bolos. Chocolate verdadeiro, numa camada grossa e doce de ovos a sério em quantidades generosas. Imbatível.
Pastelaria Monalisa, Estrada A-da-Maia, 3 A-B. Cada mil-folhas custa €0,85.
Via Ionline