A comparação não será a ideal, alguns dirão que é pura demagogia. E até pode ser, admito e dou de barato. Mas pelo menos é elucidativa do tratamento algo desfasado que as nossas autoridades dão a dois casos, um mais grave que mete electrónica e outro mais divertido que envolve nudez. Pipi e os gravadores poder-se-ia chamar este filme.
No mesmo país em que assistimos ao furto de dois gravadores por um deputado da Nação sem que o acto tenha consequências profissionais para o senhor vemos uma professora ser suspensa de imediato porque mostrou o pipi e as maminhas na revista Playboy.
O mais grave é que o furto parece ter sido efectuado no interior das instalações da AR e ao que consta a professora não terá realizado a sessão fotográfica na sala de aula ou no recreio com a pequenada toda a bater palmas enquanto jogava à macaca.
O deputado Ricardo diz ter praticado "acção directa" para defender a honra, já a professora Bruna perdeu a honra ao praticar a "acção directa" de despir a roupinha.
Temos por um lado uma professora que não pode continuar a lidar com crianças porque meia Mirandela e alguma malta de Valpaços a viu nua na revista Playboy e por outro um deputado que pode continuar sentado no quentinho daAR depois de todo o país o ter visto "abafar" dois gravadores da revista Sábado. É justo.
Com isto podemos deduzir que para vermos o deputado Ricardo Rodrigues ser suspenso de funções seria provavelmente necessário que este pousasse nu para uma revista feminina ou fizesse um strip-tease durante a comissão de inquérito PT/TVI. A mesma comissão onde vemos o Sr. deputado insistentemente apelar à moral e à legalidade.
Uma coisa é certa, se a "Stôra" Bruna fosse deputada tenho a certeza que não furtaria gravadores ou máquinas fotográficas a jornalistas, até porque provavelmente estaria nua e não teria bolsos para esconder o material. Já o Sr. Deputado, a menos que faça um Lap dance a Mota Amaral não vejo forma de ser admoestado.
Posto isto e fazendo o ponto final de situação: ser professora e cumulativamente mostrar o pipi numa revista: NÃO. Ser deputado e furtar gravadores a jornalistas: SIM
Via Expresso
A "Stôra" Bruna era a responsável pelas AEC (actividades extra-curriculares) dos alunos. Pelos visto também ela própria desenvolvia algumas AEC. Teve azar quando a sua luta desnudada contra a ideia pré concebida de que a revista Playboy não tem qualquer conteúdo pedagógico entrou em conflito com a sua segunda actividade profissional, a mais agasalhada: o ensino.
No país dos brandos costumes depressa acorreram a insurgir-se contra esta "pouca vergonha" as mães, os pais e até o Presidente da Câmara imagine-se. As mães dos meninos jamais iriam permitir que a Bruna que os maridos vêem descascada na revista que compram às escondidas pudesse andar por aí a dar aulas aos filhos. Cada Bruna no seu galho. Uma para entreter o maridão outra para ajudar o Fábio a fazer os TPC.
Já os miúdos devem ter adorado. Sim, a canalhada adolescente que sonhava à noite com a "Stôra boazona" a andar pela sala de aula usando apenas saltos agulha pode agora visualizar esse sonho em formato de papel a troco de 3,95€. E com sorte ainda ouvem a professora Bruna a dizer no meio da aula "agora vamos todos abrir o manual na página 45 e começar a trabalhar". E os malandrecos tiram todos da mochila a Playboy que o paizinho tinha escondido na gaveta das meias.
As meninas da turma já andam a tratar de fazer uma petição para ver se conseguem convencer o professor de Educação Física a pousar em pelota para uma revista feminina. Só com uma bola de andebol na mão e um salpicão de Vinhais na outra.
Com isto a alheira de Mirandela anda murcha. Tudo porque os encarregados de educação preferem que os meninos vejam os professores não como homens e mulheres mas como um ser híbrido que se dedica ao ensino. Ou como um bocado de material contraplacado que por acaso marca falta disciplinares.
Já a "stôra" Bruna tem a sua curta carreira no Ensino terminada ou pelo menos um saneamento ou transferência à vista. Pais, alunos e a tabacaria Central de Mirandela agradecem por uns motivos e as mães por outros. Final feliz para todos, menos para a senhora professora.
Via Expresso