16
Abr10
Segredos da mala de uma mulher
olhar para o mundo
O único homem que conheço que usava uma mala quase igual à nossa era o Sport Billy, que, para quem não se lembra, era um herói animado dos anos 80, a quem lhe foi oferecida pelos deuses do Olimpo, uma bolsa desportiva onde se poderia encontrar literalmente, TUDO.Actualmente o Billy deveria andar na casa dos 30 e muitos, e não era decidamente um homem vulgar. Isto porquê? Porque ainda não ouvi uma única opinião positiva sobre as nossas malas, por parte de nenhum homem, a não ser a observação: "para que é que queres tanta coisa" ou então "posso pôr a minha carteira aí dentro para não encher o bolso?".
É verdade, não gostam, não gostam, mas se não fosse este nosso bendito auxiliar de escoliose, onde é que poderíamos guardar coisas que ninguém, nem mesmo o homem mais prevenido, dispensa?
Desde o simples penso rápido, passando pelas chaves de casa, de carro e ainda um livro, para ler nos transportes. Confesso que é verdade: às vezes a minha mala parece transportar o mais simples elemento da constução civil lá dentro... sim, o tijolo. O obral e seus piropos bossais dispenso.
Garanto-vos que mesmo que, por vezes, é difícil encontrar a olhos nus aquilo que se pretende à primeira, o meu sentido do tacto faz autênticos passos de magia e encontro em segundos tudo aquilo que pretendo.E na minha mala existe...Neste preciso momento acabo de abrir a minha mala e faço, em exclusivo, o relato exaustivo do que lá tenho, para levar amanhã:Carteira, MP3, bolsa com maquilhagem, lenços de papel, chaves de casa, chaves do carro, creme hidratante para mãos e para lábios, desinfectante, toalhetes, uma caixinha de costura para eventuais perdas de botão, dois telemóveis (pessoal e trabalho), carteira de cartões pessoais que leva também o passe, livro, bloco de notas e quatro esferográficas. De manhã vou acondicioná-la também com um saco de plástico com dois iogurtes e a caixa do almoço. E que tal?
Se me encontrarem na rua e precisarem de algo, tenho de certeza absoluta que vos vou poder ajudar, com excepção de dinheiro e bilhetes de avião com destino às Maldivas, ou qualquer outro destino exótico, de onde gostaria de estar a escrever este texto.
Marcas caras? Prefiro a feira...
Quanto a marcas, e para não pensarem que todas as mulheres gastam rios de dinheiro, garanto-vos que as minhas não são de marca alguma especial, e recuso-me a usar contrafacção (sinceramente minhas senhoras e senhores, acho do pior mau gosto e inconsciência económica usar marcas falsas, para aparentar novo riquismo).Algumas são manufacturadas (tenho uma feita de crochet e outra de sacos de café), outras que tais compradas nas mais variadas lojas de roupa e acessórios, frequentadas pelo meu sexo e classe social. Aos fins-de-semana, e porque não resisto a um belo mercado, perco-me por 5 ou 10 euros e compro alguns exemplares, só para combinar com as minhas peças de roupa preferidas.E agora que a minha confissão de Sport Billy já acabou, desmistifico o amor que as mulheres têm às malas e ao culto deste acessório essencial.Convido também os senhores a adquirir, ao invés de pastas completamente demodé, os práticos sacos à tiracolo, que lhes podem permitir guardar até uma consola de jogos portátil, e que não aumentam a escoliose feminina em noites de jantares mais, ou menos, românticos.
Já agora, sempre se lembram do Sport Billy?