Paula Rego em Serralves com trabalhos nunca expostos
Museu do Porto recorre aos seus próprios fundos para organizar exposição com obras deAntónio Areal, Jorge Queiroz e Paula Rego.
Algumas obras de Paula Rego nunca antes expostas poderão ser vistas a partir de amanhã no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto.
Trata-se da mostra "Recordações da Casa Rosa", patente ao público até 12 de junho, na qual se reúnem ainda trabalhos de António Areal e Jorge Queiroz.
Para organizar esta exposição o museu recorreu à sua própria coleção e organizou-a de modo a poder colocar em confronto os universos de três artistas que, em comum, têm, pelo menos, o recurso à figura e à narrativa.
As obras agora em exposição, dizem os responsáveis pela mostra, "podem facilmente ser associáveis a uma 'biblioteca' surrealista, transportando-nos para uma dimensão onírica, transgressora dos limites da representação". Resistem, no entanto, a essa possibilidade "pela sua singularidade, fugindo a uma identificação com um paradigma".
As ficções de Paula
Embora as histórias sejam uma componente fundamental da pintura de Paula Rego (1935), a artista, como diz João Fernandes, diretor do Museu de Serralves e comissário da exposição, "nunca se dedica a uma mera ilustração dos acontecimentos ou das situações suscitados pelo seu ponto de partida. Os livros e as histórias que lhe servem de referência funcionam como um intertexto da ficção que cada trabalho seu constitui".
António Areal (Porto, 1934 - Lisboa, 1978), a par da produção visual manteve uma produção ativa no domínio da teoria e da crítica de arte e, como se diz na apresentação da exposição, "foi sempre uma referência importante para outros artistas, entre os quais Paula Rego".
Na sua obra constata-se o recurso a soluções formais oriundas do universo da banda desenhada e da arte gráfica. Em Serralves, serão apresentadas duas séries de desenhos, datadas de 1968 e 1972.
Ecos do surrealismo
A primeira corresponde a trabalhos que, "revelando ainda ecos do surrealismo, traduzem já influências da arte op e da pop, assim como o recurso a composições formais associáveis às artes gráficas", refere o texto de apresentação.
Na série de 1972, já afastado do contexto artístico devido a problemas de saúde, António Areal dedica-se quase em exclusivo ao desenho.
Jorge Queiroz, nascido em Lisboa em 1966, recorre a meios de registo diversificados, como a grafite, o lápis de cor, o pastel de óleo, o acrílico ou o guache.
Produz desenhos "que apresentam uma profusão de elementos figurativos e abstratos que se justapõem, fundem e transformam e que, através de processos análogos à livre associação, constituem exuberantes ficções, alheias a qualquer narrativa ou guião".
Nos dias 16 e 28 de abril, às 15h30 e às 18h30, respetivamente, e a 2 de junho, às 18h30, serão feitas visitas guiadas à exposição. A visita do dia 16 é exclusiva para Amigos de Serralves.