Sexo na vertical?
Alguma vez se sentiram coladas ao chão, sem saberem o que fazer, quando chegam a uma pista de dança e alguém vos estende a mão em forma de convite? Eu já. Admito que sou aquilo a que muitos chamariam um "pezinho de chumbo". Como superar isto? Aqui vai a lição simples... dada por um homem:
"Paula, imagina que isto é sexo", diz ele. "Isto só podia vir da cabeça de um homem", penso eu, com desdém. Aperta-me contra ele. Sinto-lhe a barba a roçar na minha cara suada. Fecho os olhos... Não vou dar parte fraca: "Sexo na vertical, não é o que lhe chama? Vamos a isso".
Dirty Dancing... o eterno filme do imaginário do mundo dos saltos altos |
Não há constrangimento físico. Estou nas mãos de um amigo. Ele lidera, eu deixo-me ir. O ritmo seduz-me. A música parece que me beija arrebatadoramente. Quando dou conta - e sem saber muito bem como - percebo que estou num género de kamasutra... sem sequer ter tirado a roupa.
Oiço alguém dizer: "Não fazia ideia que ela sabia dançar isto". "Nem eu", penso sem abrir a boca. Ali estou eu, tal qual tímida Jennifer Grey nos braços de um Patrick Swayze à portuguesa.
Percebo, finalmente, o verdadeiro significado do conselho inicial do meu amigo: como em tudo na vida, também na dança a entrega é necessária. Sem receio de arriscar ou de sermos ousados. Sem nos preocuparmos no que os outros vão a pensar. Sem medo de falhar. Porque quando menos esperamos, superamo-nos a nós próprios.