Charlie Brown e Snoopy já têm 60 anos - Vídeos
Charlie Brown e Snoopy partilharam com várias gerações de crianças as dores de crescimento, os dilemas filosóficos de ser pequeno e incompreendido, na série de banda desenhada "Peanuts", que Charles Schulz criou há 60 anos.
A primeira tira, que apresentava um rapaz - Charlie Brown - a caminhar apressado, sorridente, mas calado, foi publicada a 02 de outubro de 1950 e era assinada por um jovem artista norte-americano, de 28 anos, Charles Schulz.
Dois dias depois, a 04 de outubro de 1950, entrava em cena, numa nova tira, o mais filosófico e pensativo dos cães da banda desenhada, Snoopy, infeliz por lhe terem regado a cabeça onde transportava uma pequena flor.
Estas são apenas duas das 17 897 tiras de banda desenhada que Charles Schulz publicou ao longo da vida, até morrer em 2000.
Schulz começou por publicar, em 1949, numa série intitulada "Li´l Folks", mas foi-lhe sugerida uma mudança do nome para Peanuts (amendoins).
É "o pior título jamais imaginado para uma tira de banda desenhada. É completamente ridículo, não tem qualquer significado, é confuso e não tem dignidade - e eu considero que o meu humor tem dignidade", disse numa entrevista em 1987.
Schulz tinha passado a infância e adolescência a ler Popeye e Krazy Kat e canalizou as suas próprias dores de crescimento para o desenho, para a caracterização de algumas das personagens que criou, em particular Charlie Brown.
"Demorei muito a transformar-me num ser humano", admitiu Schulz.
"Os ‘Peanuts’ tiveram uma influência profunda e duradoura em todas as camadas da sociedade, sobre a forma como a pessoas se viam a si mesmas e o mundo", escreveu David Michaelis, autor de uma biografia de Charles Schulz, no primeiro volume das edições completas de "Peanuts".
Estima-se que a série e as personagens tenham sido lidas por mais de 300 milhões de pessoas, tornando Charles Schulz, e agora os herdeiros, entre os mais ricos da nona arte.
Charles Schulz morreu a 12 de fevereiro de 2000, aos 77 anos, horas antes da publicação nos jornais da sua última tira dominical dos Peanuts. Sempre disse que tudo tinha um fim e que não queria que a banda desenhada tivesse continuação.
Jill Schulz, filha do autor, atribui o sucesso da série aos temas universais que são abordados e com os quais diferentes gerações se identificaram ao longo de seis décadas.
A editora norte-americana Fantagraphics Books tem estado a editar, desde 2004, todas as tiras de “Peanuts”, numa série cronológica de 25 volumes que só estará concluída em 2016.
A coleção está a ser publicada em Portugal pela Afrontamento.