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Um olhar sobre o Mundo

Porque há muito para ver... e claro, muito para contar

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Um olhar sobre o Mundo

07
Set10

Histórias de vidas.. professores

olhar para o mundo


 

Boa Noite!

Para que possam perceber aquilo por que passo e a instabilidade que me caracteriza, leiam com atenção estes testemunhos que retirei daqui



Luís Juvenal Mendes




29 anos, professor de Biologia e Geologia



"O que vale é a entreajuda"



Decidi que queria ser professor muito cedo - nem sabia de quê, precisamente, mas professor, como aquele que me ensinou Ciências no 7.º ano ou o de Geografia, no 9.º; pessoas que estavam ali para nos ensinar mais do que os conteúdos do programa, que nos guiavam no mundo como amigos; firmes, mas amigos. É assim que eu quero ser, que continuo a querer ser, e só por isso fiz esta opção de adiar outras dimensões da minha vida. Sei que, para já, não posso ter casa, namorada, filhos. 



Por agora, tenho de concorrer para onde tenho a possibilidade de ganhar tempo de serviço até conseguir arranjar um lugar no quadro, o que espero que possa acontecer quando tiver uns 40 anos de idade. Este ano estou pela segunda vez em Aljustrel, a 480 quilómetros de minha casa, que é em Guimarães. Já lá estive no ano passado e apostei na possibilidade de renovação de contrato para me poupar à angústia e à solidão. Se tenho de ficar longe, ao menos que seja onde já tenho alguns amigos, onde conheço pessoas - ninguém imagina o que é partir do nada todos os anos. 



Aceito isto sem dramas - tem de ser assim, é a única forma de atingir o que quero e de não magoar ninguém. Já vi que chegue de colegas cujos casamentos não resistem às separações, que sofrem por não poderem ver os filhos a crescer ou que têm de os levar de terra em terra. No ano passado tinha duas colegas com filhos pequenos. E, nestes casos, o que vale é a entreajuda entre os professores contratados. Muitas vezes éramos nós, os homens, a ir buscar as crianças à escola e a ficar com elas quando as mães tinham reuniões - quem mais as podia ajudar, tão longe de casa?



E, apesar de tudo, acho que tenho muita sorte. Licenciei-me em 2006 e nos dois primeiros anos só consegui lugar nas Actividades de Enriquecimento Curricular, a ganhar 300 euros por mês ou pouco mais. Em certos dias, trabalhava em três escolas diferentes, a dar Ciências Experimentais a miúdos do 4.º ano. Para ir de uma escola para a outra apanhava um táxi ou, então, telefonava ao meu pai para me ir buscar e levar. Não ganhava para as despesas. Depois, no ano seguinte, fui colocado com um horário incompleto, em Lousada. Ou seja: durante três anos continuei a depender dos meus pais. Já tinha vergonha.



Este ano fiquei colocado a 31 de Agosto; vou preparar para exame do 11.º ano os mesmos alunos a quem já dei aulas no ano passado, quando estavam no 10.º; e tenho todas as razões para acreditar que, daqui a uns anos, quando encontrar estes miúdos, vou sentir que de alguma maneira os marquei, que fui mais do que um professor que lhes ensinou Biologia e Geologia. 



Para além disso, tenho um carro (usado, mas um carro) e um quarto que posso pagar, numa casa que já conheço e que fica numa terra que já não me é estranha e onde tenho amigos. Tudo razões para estar feliz, até porque há outra coisa que também se aprende: a receber com alegria aquilo que a vida nos dá. 



Fernanda Martins



36 anos, professora de Português e Francês



"Não me livrei dos pesadelos"



Hoje diz-se que quem segue a via do ensino sabe o que o espera: o desemprego. Não era assim quando me licenciei em Português/Francês há 14 anos. E a prova é que a minha irmã, que fez o mesmo dois anos antes, é professora e está no quadro.



Dois anos, duas vidas tão diferentes: ela ganha mais uns 300 euros por mês, tem uma carreira e, principalmente, não sofre com esta instabilidade, este medo. Porque eu tenho 36 anos e há 14 que não sei o que é passar um mês de Agosto sem pesadelos e lágrimas. 



"Quando efectivar casamos", dizia eu ao meu namorado. Mas os anos passavam e eu de escola em escola - Vila Real, onde vivia; depois Mondim de Basto, Peso da Régua, Miranda do Douro, Peso da Régua outra vez e outra ainda, e depois Celorico de Basto... Efectivação... nada. Ao fim de sete anos de namoro, o que é que havíamos de fazer? Casámos. Com uma certeza: filhos, nem pensar! Só quando efectivasse. Felizmente o destino pregou-nos, desta vez, uma partida boa...



Quando o nosso filho nasceu, há três anos, já vivíamos, como hoje, em Oliveira de Azeméis. Mas continuava a andar de escola em escola e, quando é assim, não nos podemos dar ao luxo de criar raízes - a casa onde moramos é o sítio onde vamos dormir enquanto o sistema não nos atira para outro lugar; e o dia-a-dia tem de se organizar de maneira a que nos consigamos bastar a nós próprios, sem ajudas. 



No entanto, as coisas modificaram-se. Em nome da estabilidade pedagógica, o Governo tornou possível a renovação de contrato mediante determinadas condições, o que significava a esperança de ficar alguns anos no mesmo lugar.



Pela primeira vez, fizemos planos. Pedimos um empréstimo e comprámos um terreno em Gaia, para construir uma casa. Se tudo corresse bem, ficaria até 2013 em Grijó, onde fiquei colocada no ano passado. 



Mas em Julho apanhei um susto: ligaram-me da escola a dizer que não tinham horário completo para mim, uma das condições para a renovação do contrato. Quando, dias depois, me disseram que aquele problema estava ultrapassado, não consegui impedir-me de pensar que podia surgir outro. Bastava que um colega destacado por falta de componente lectiva colocasse a minha escola em primeiro lugar na lista de preferências e eu já lá não ficava. 



Foi assim que, com 36 anos de idade e 15 a trabalhar, dei comigo a chorar de alegria, na segunda-feira passada, por ter ficado colocada no sítio que escolhi. Não foi desta que me livrei dos pesadelos.



Sónia Maurício



31 anos, professora de Matemática



"Temos de ser fortes"



Antes de mais tenho de dizer que tenho muita sorte - se não fosse o suporte financeiro dos meus pais já teria desistido de ser professora ou, então, não poderia ter casado e muito menos ser mãe. Mas ter esta ajuda não é a única condição para se ser professor: temos de ser muito fortes - física e psicologicamente. 



Não escolhi uma carreira difícil. Quando optei por Matemática não havia falta de lugares no quadro. Dizia-se que até os licenciados em Engenharia Tropical e Subtropical (um curso que, se não me engano, havia nos Açores) conseguiam ser admitidos como professores da disciplina... Acontece que, quando acabei o estágio, em 2003, já não era assim. No primeiro ano não tive noção do drama, porque arranjei trabalho num colégio; mas no segundo pensei: "O que é que eu fiz da minha vida!?"



Três meses sem ocupação fizeram-me agir: apesar de só conhecer os computadores na óptica do utilizador, concorri a tudo quanto era vaga de Informática. Em Janeiro telefonaram-me: tinha ficado colocada em Seia (a 90 quilómetros de Coimbra, onde vivo) e ia dar EOTD. "Vou dar o quê?! Que é isso!?"



Bem, tratava-se de Estrutura, Organização e Tratamento de Dados e os miúdos estavam nada menos do que no 12.º ano e a alguns meses de um exame nacional. Não os enganei. Disse-lhes: "Não sei nada disto e vou ter de estudar muito. Mas se vocês estudarem tanto e se esforçarem tanto como eu, têm 20 no exame!" Safámo-nos todos.



Desde então passei por inúmeras escolas, a maior parte das vezes em substituições ou com horários incompletos. Estive alguns meses em Trancoso, com um horário de 12 horas que me obrigava a fazer quatro horas de viagem por dia, quatro dias por semana; no mesmo ano estive em Maceda, Santa Maria da Feira, onde arrendei um quarto, porque entretanto engravidei e não podia viajar; no ano seguinte conheci duas escolas de Coimbra; depois passei dois anos em Arganil e, no ano passado, estive de novo em Coimbra, desta vez destacada, devido a uma gravidez de risco. 



Este ano - tal como muitas colegas e amigas de estágio - não fiquei colocada. Acho que foi a primeira vez que não telefonámos umas às outras no dia das colocações. Afinal, isto já é normal. Íamos dizer o quê? 



Escrito por Graça Barbosa Ribeiro a partir de entrevistas aos três professores 


Agora só faltava falar da minha experiência, mas nunca mais acabava...

 

Retirado de O Amor acontece

30
Ago10

Por mais pó que houvesse, não tinha o direito de a agredir

olhar para o mundo

Cheguei a casa, a minha esposa não estava nem o meu filho. Liguei-lhe, mas ela não me atendeu. Mandou-me uma mensagem a dizer que saíra de casa e que não voltaria. Não me queria ver mais. Apresentara queixa de mim por violência doméstica.

Conheci-a há 17 anos. Vivíamos perto. Tínhamos um amigo em comum. Ele namorava com uma amiga dela. Saímos todos juntos. Era de tarde. De noite, fomos a uma festa. O Sport Club de Rio Tinto comemorava a subida à terceira divisão. O José Malhoa dava um concerto. Ela cravou-me 50 escudos para pagar a entrada – não mos pagou até hoje [risos]. Conversámos muito. Quis acompanhá-la. Ela deu-me um beijo a uns 500 metros de casa. Telefonei-lhe no dia seguinte.

Passámos quase 16 anos juntos. Conhecemo-nos a 2 de Julho de 1993. Ela saiu de casa a 20 de Junho de 2009.

Havia muito pó no ar.

Os membros de trás do nosso cão tinham paralisado. Eu estava desempregado havia quatro anos. Tínhamos muitas contas para pagar. Discutíamos por tudo e por nada. Ela gritava e eu gritava ainda mais. Impossível os vizinhos não ouvirem. Eu já tinha vergonha de sair à rua. Naquela noite, ela não se controlou. E eu também não. Dei-lhe um par de estalos.

Ela apresentou queixa por violência doméstica. A polícia alertou a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ). Agora, é assim: sempre que há uma queixa desta natureza, a CPCJ é avisada. A criança é sempre vítima – mesmo que indirecta – de violência.

Estava bastante arrependido. A técnica responsável pelo processo compreendeu-o. E falou-me no Gabinete de Estudos e Atendimento a Agressores e Vítimas – da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto – e do seu programa de intervenção psicológica em agressores.

A ansiedade tomara conta de mim. Até respirar me custava. A 23 de Julho entrei no Hospital de S. João, no Porto, com uma crise. Talvez por isso, de imediato marcaram-me uma consulta.

Há uma diferença entre quem aparece voluntariamente e quem é enviado pelo sistema de justiça [como medida alternativa à pena de prisão efectiva]. Muitos destes últimos não pensam que agiram mal. Isso nem lhes passa pela cabeça. Por isso, não sentem necessidade de mudar.

As consultas dão-me muito alívio. Naquela sala, digo coisas que não sou capaz de dizer em qualquer outro lugar. Admiro o trabalho dos psicólogos. Estão ali a apanhar com o lixo alheio. A gente cala-se, sai, e eles ainda ficam ali, a pensar naquilo que a gente lhes disse. Na psicoterapia, aprendo a colocar-me no lugar do outro. Aprendo a ver as coisas do lado de fora.

Ela andava deprimida. Uma depressão fora-lhe diagnosticada, mas uma amiga que ela muito preza aconselhara-a a não tomar os medicamentos: aquilo causaria dependência e ela não era maluca.

Ela trabalha com pessoas com paralisia cerebral – quatro de dez monitoras engravidaram na mesma altura. Andava com excesso de trabalho. Eu ajudava pouco em casa. E não faltava trabalho em casa. O nosso cão não controlava as funções fisiológicas – defecava e urinava pela casa toda. Coitada, caiu-lhe o mundo em cima. E eu não soube interpretar os sinais, corrigir os comportamentos a tempo. Perdi o meu sonho, a minha família.

Violência doméstica é muito mais do que violência física. Nas consultas, fiquei a saber como é que pequenos gestos podem ser interpretados pela vítima como actos de violência. Ela gritava e eu gritava e agarrava-a. Eu só queria que ela se calasse, mas intimidava-a.

No tratamento, tive de fazer um trabalho escrito sobre como apareciam as discussões, como é que se desenvolviam, como terminavam. Pedi ajuda à minha mulher. Confesso que, no início, pedir-lhe ajuda foi uma desculpa. Tinha saudades de ouvir a voz dela, aproveitei o trabalho para isso. Depois, percebi que ouvi-la era mesmo importante para perceber o que acontecera.

Fiquei surpreendido. Por exemplo, ela deitava-se cansada e eu fazia solicitações sexuais; ela cedia só para me fazer a vontade. Eu não estava a forçar, mas ela sentia-se forçada. Isso tem a ver com o desenvolvimento das coisas. Pelas coisas que eu dizia, pelas expressões que eu fazia, ela sentia-se pressionada, agredida. Ela ganhou-me medo. E eu estava cego de mais para ver isso.

Temos a casa à venda. Havia contas atrasadas de electricidade, água, televisão por cabo. Dividimos tudo. Fiquei com dois créditos. Já os paguei. Agora, estou a pagar o carro dela e ela está a pagar a nossa casa.

Como é que chegámos a isso? O subsídio de desemprego não é nada. Tínhamos despesas para dois salários. Quando fiquei desempregado, tínhamos uma poupança. Gastámos a poupança a tentar perceber o que é que o nosso cão tinha. E quando demos por ela estávamos a recorrer ao crédito.

Por mais pó que houvesse no ar, eu não tinha o direito de a agredir. Hoje, vejo isso de forma muito clara.

O que para mim era um simples par de estalos para ela era um gesto muito forte. Uma mulher que se dedicou 11 anos à vida de casada, que se esforçou para construir uma família, que passou pelas mesmas dificuldades que eu, deve ter pensado: “O que é isto?! Já passámos por tanta coisa juntos e agora estou aqui a levar um par de estalos!”

Infelizmente, não podemos mudar o passado. Se pudesse, de bom grado o faria. Cometi erros. Se calhar agora, se passasse pelos mesmos problemas, teria outras respostas. Sei que há outras formas de reagir à adversidade, que não é com brutalidade que se chega a algum lado. Percebi que se deve gastar mais tempo a pensar nos problemas do que a discuti-los e que se os deve discutir com calma. Se a pessoa está exaltada, o melhor é dar uma volta.

Fomos por ali fora. Um empolava, outro empolava. Ela também cometeu erros. Também levei estalos dela – mas o que são uns estalos dados por umas mãos pequeninas, levezinhas? Felizmente, não foi pior. De vez em quando vejo notícias de homens que matam mulheres. Nalguns casos, já houvera uma ou várias queixas por violência doméstica.

Pedi-lhe perdão muitas vezes. Escrevi-lhe a dizer que lamentava o que acontecera e que estava empenhado em melhorar. Disse-lhe que estava a ser acompanhado por uma psicóloga.

Apesar de me restar um bocadinho de esperança, sei que ela é casmurra: toma uma decisão e não volta atrás. A única coisa que posso fazer é rezar, mas já rezo há tanto tempo….

É doloroso tomar consciência de que posso mudar o meu comportamento, só que isso não terá efeito na relação com a mulher com quem planei passar a minha vida. Sei que pode ter [frutos] numa relação que eu possa vir a ter, mas eu ainda não consigo imaginar a minha vida com outra.

Deixei de viver na nossa casa. Chegava a casa e não tinha o meu filho a correr para mim, era aquele vazio.

Ela proibiu-me de ver o meu filho. Mandou-me uma mensagem a dizer para não me aproximar: se eu me aproximar, chama a polícia. Ele estava a bater num miúdo mais pequeno. Eu dei um berro, porque estava longe. Ele contou à mãe e ela proibiu-me de o ir buscar. O meu filho nem me atende o telefone. Se o meu filho fizer uma asneira, não o posso repreender?!

Dava uma ajuda e deixei de dar. Primeiro, ela não aceitava. Depois, exigia. Eu mandava pelo meu filho. Não vou lá meter à caixa de correio… Neste momento, nem tenho. Há dois meses, tornei a ficar desempregado.

Já pensei em ir ao tribunal de família, mas isso ia agravar a situação. Vou esperar que acabem as férias.

Custa-me imenso não poder falar com o meu filho. Nem sequer saber se está bem ou se está mal.

Há 15 dias, desisti de tentar falar com ele. Sempre que eu ligava e ele não me atendia, eu ficava muito ansioso. Durante uma hora, não conseguia pensar noutra coisa, não me conseguia concentrar no que quer que estivesse a fazer. Estou a fazer voluntariado, a dar formação de informática – para evitar o ócio, porque o ócio é prejudicial, mais ainda numa situação como a minha.

Já me sinto diferente. Estou atolado em problemas. Almoço e janto em casa dos meus pais, se não morro de fome. Procurar emprego é caríssimo. Muitas vezes, não dá para ir de metro ou de autocarro às entrevistas, é preciso ir de carro. Mas já sei que não vale a pena ficar agressivo, violento. Tenho de ter calma, de encontrar soluções. Tenho investido em formação para alargar o meu currículo. Faço voluntariado para me sentir útil.

Pedi ajuda para mim… Quem sabe se ao corrigir-me também ajudo outros a corrigirem-se?

Texto escrito a partir de entrevista com o agressor em tratamento no Gabinete de Estudos e Atendimento a Agressores e Vítimas da Universidade do Porto. Além deste, existem a Unidade de Consulta em Psicologia da Justiça da Universidade do Minho (Braga) e o Serviço de Atendimento e Avaliação Psicológicos da Universidade Lusófona (Lisboa). O Hospital Sobral Cid (Coimbra) e a Direcção-Geral de Reinserção Social também têm consulta especializada.

Ana Cristina Pereira
Público
17/08/10

 

Retirado de Meninos de ninguém

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