Descarregar o "Estado de Guerra" para o telemóvel em dois segundos, ver três canais em alta definição ao mesmo tempo ou participar numa conferência de vídeo em tempo real com a máxima qualidade. Estas são algumas das coisas que vai poder fazer quando a quarta geração (4G) chegar aos telemóveis e às placas de banda larga para portáteis, em 2011.
"É a fibra no móvel", simplificava ontem Alfredo Baptista, administrador da PT, durante aquela que foi a primeira demonstração pública de 4G em Portugal. Feita pela operadora móvel do grupo, TMN, a demonstração será seguida de testes-pi-loto em Portugal e no Brasil já nos próximos meses. Tudo está a ser feito com apoio de sete parceiros-chave - Cisco, Alcatel-Lucent, Nokia Siemens Networks, Motorola, Ericsson, Huawei e ZTE. São os maiores players do mercado e vão permitir à TMN ser uma das primeiras empresas no mundo a avançar.
O 4G está a ser desenvolvido desde 2004 e, na verdade, chama-se LTE (que significa Long-Term Evolution), uma evolução natural do 3G. "O LTE tem a particularidade de ser um standard já estabilizado, que será adaptado por todos", explicou Alfredo Baptista, adiantando que se trata de "um salto qualitativo". Por ser em tecnologia IP (protocolo internet) e não na tradicional TDM, será verdadeiramente possível a tão falada convergência fixo-móvel.
Além disso, a adopção mundial vai acabar com as diferenças de tecnologia móvel entre as várias zonas do globo - GSM na Europa, CDMA na América, W-CDMA no Japão. Porque tem uma arquitectura diferente, é possível adaptar o hardware existente nas redes das operadoras e pô-lo a funcionar em 4G, bastando modificar o software. Antes, o hardware de segunda geração só funcionava com software de segunda geração e o mesmo para o 3G. Resultado: as operadoras não terão de fazer migrações complicadas e disruptivas do serviço para passar a oferecer velocidades estonteantes.
Não é um exagero. Em Portugal, já há ofertas de 100 megas nas ligações fixas, mas a média ronda os oito a dez megas. Com a LTE, estamos a falar de 100 megas no telemóvel ou portátil: muito mais que os actuais 7,2 megas da 3,5G. E não se ficará por aqui. "O débito vai evoluir para 300 megas e depois para um giga", adiantou Alfredo Baptista. Com base na nova infra-estrutura e capacidade da rede, as operadoras vão poder oferecer muito mais serviços. Os clientes da PT que têm MEO, por exemplo, poderão aceder a tudo no portátil ou telemóvel tal e qual fariam se estivessem em casa. Com a mesma qualidade e rapidez.
Por outro lado, a latência será muito mais baixa (o tempo de trânsito da informação). Isto é particularmente importante para jogar videojogos online, já que quem tiver as conexões de resposta mais rápida ganhará vantagem. Além disso, a arquitectura diferente permite que o débito que chega às estações-base não dependa da largura de banda.
O que falta
A tecnologia já está madura, mas ainda não estão reunidas todas as condições necessárias. É preciso que haja cada vez mais telemóveis e placas de banda larga para o LTE. Depois, falta que a Anacom lance o leilão para atribuir o espectro - a LTE funciona nas frequências 2,6 GHz e 800/900 MHz. Estas últimas, o chamado dividendo digital, ficarão livres quando a televisão analógica for desligada, em 2012.
Os preços não deverão ser muito diferentes dos já praticados. A massa crítica vai permitir preços razoáveis, até porque haverá lugar a maior integração de serviços e pacotes. Na primeira oferta comercial de LTE, lançada pela sueca Teliasonera em Dezembro de 2009, os clientes pagam 60 euros por 30 megas (embora a oferta vá até aos 80).
Via ionline