Luciana, Djaló e o estranho caso de Lyonce Viikctória
Quando ouvi pela primeira vez que Luciana Abreu e o jogador Yannick djaló tinham tido umaLyonce Viikctória pensei tratar-se do último modelo da Skoda. Afinal era uma menina. Parabéns ao casal.
Na paragem de autocarro dizia uma velhota para o marido, pouco interessado no assunto, "aqui na Revista dizem que a menina se vai chamar lyonce viitórya - "Lyonce da fusão de Luciana e Yannick e Viiktórya pelo nosso amor ter triunfado e vencido todos os obstáculos e a má-língua de tanta gente" "estás a ver Armando- dando-lhe uma ligeira cotovelada- isto sim é amor verdadeiro". Armando de mãos nos bolsos encolheu os ombros e resmungou "o meu primo Rui também teve um Lyonce, era um perdigueiro lindo que costumávamos levar para a caça e passear no Cabo Espichel".
Pessoalmente gosto do nome e principalmente do processo usado para a escolha. Acho inovador, bonito e fica no ouvido: Lyonce, Lyonce... filha sai de cima da avó que ela já tem a dentadura pendurada no queixo. Maria vitória ou Leonor Vitória seria vulgar, agora uma Lyonce Viikctória não vai passar despercebida em nenhuma creche ou colégio deste país, e parece-me ser mesmo essa a intenção.
Mas no meio disto tudo acho estranho terem permitido o registo da pequena com este nome, porque normalmente são bastante rígidos na aceitação de nomes pouco comuns, daí ter associado logo o nome a um modelo de um automóvel de leste e não a uma bebé, porque o registo automóvel costuma ser bem mais ágil e menos conservador nestas situações. Diga o ano, matricula, cor, marca, modelo, peso, cavalos, cilindrada e já está. Pega-se na Fábia, na Felícia ou no Murano e prego a fundo.
Se a moda pega vai ser engraçado assistir ao aparecimento frequente de nomes formados pela junção do nome dos progenitores e associados ao sentimento que nutrem um pelo outro ou aquilo que os aproximou.
Imaginem que em vez de uma Luciana e um Yannick temos uma Rafaela e um Alberto cuja relação é amargurada. Desta união pode vir nascer um menino chamado Felato Amargus. Ou da conflituosa relação entre Ana e Paulo gerar-se uma Paulana Porradis. E se tiver sido o mar a unir um casal - a mãe Vanessa, peixeira de profissão e o pai Chico, pescador - o fruto podia ser uma Chanessa da Caparica ou um Chissa Espadarte. Um casal que se conheceu no estádio do dragão poderia ter a caminho uma Zelmira Topo Norte. Por fim uma filha nascida de uma relação de 20 minutos entre Silvana e um desconhecido poderia nascer uma Ruvana vinte euros.
No fundo Luciana e Djaló iniciaram uma verdadeira revolução na tradicional forma de escolher o nome de bebés neste país. Estão de parabéns.
Via 100 reféns