![Irene vilar, 15 Abortos em 17 anos]()
Para a norte-americana Irene Vilar tudo começou por ser uma revolta contra um marido que não queria ter filhos, levando-a a deixar de tomar a pílula. No entanto, aquilo que começou como um acto de rebeldia, acabou por levá-la a fazer 15 abortos entre os 16 e os 33 anos. Agora, aos 40, decidiu publicar as memórias de uma viciada em abortos.
No livro intitulado "Maternidade Impossível: Testemunho de uma Viciada em Abortos", Irene Vilar, de origem porto- -riquenha, explica que este ritmo absurdo de interrupções de gravidez não se deveu a pobreza ou medo, tratando-se apenas da reacção, que se transformou num vício, a um marido controlador. "Quando vinha o período ficava triste. Se descobrisse que estava grávida ficava com medo, mas excitada", disse numa entrevista televisiva. "Não quer dizer que quisesse continuar a fazê-lo. Uma drogada também quer parar."
Agora uma editora de sucesso, Irene Vilar era um prodígio académico aos 15 anos, idade com que é aceite na Universidade de Nova Iorque. Um ano depois conhece e casa-se com Pedro Cuperman, um professor de literatura latino-americana de 50 anos. Irene não revelou se ele sabia dos abortos, mas afirmou que o marido considerava a gravidez prejudicial ao desejo sexual. Para o contrariar, Irene deixou de tomar a pílula até se tornar quase um hábito engravidar. E depois abortar.
A publicação do livro esta semana chocou a opinião pública dos Estados Unidos, um país bastante dividido neste tema. No entanto, ambos os lados receberam com preocupação esta história, com os movimentos pró-vida a tentar utilizar o caso como argumento político. "Isto sublinha tudo o que sempre dissemos no movimento pró-vida - o aborto faz parte de uma história muito triste para as mulheres", afirmou Charmaine Yoest, presidente do grupo "Unidos pela Vida". Irene já disse ter medo das reacções ao seu livro, tendo recebido ameaças escritas, além dos comentários incendiários na internet.
Apesar de não se sentir uma vítima, Irene conta no livro episódios de uma infância problemática. A avó esteve presa 25 anos por ter invadido o Capitólio armada e a mãe suicidou-se saltando de um carro em andamento enquanto Irene, com oito anos, a tentava agarrar. Dois dos seus irmãos tornaram-se toxicodependentes.
Duas filhas Depois de um primeiro casamento problemático, pontuado também por várias tentativas de suicídio, Irene Vilar voltou a casar-se. Da nova relação nasceram duas filhas com quem vive em Denver, no Colorado, com outras duas filhas do seu actual marido. "A maternidade tornou-me mais responsável", disse. "Não me tornou menos pró-escolha." Irene Vilar planeia escrever agora um livro sobre a maternidade. "Era uma viciada em abortos, mas isso não é desculpa [...] A história é a perversão de desejo maternal e aborto, enquadrados num procedimento legal de que abusei", escreve em "Maternidade Impossível".
Todos os anos são feitos cerca de 42 milhões de abortos em todo o mundo. O número tem descido nos últimos anos, apesar de muitas mulheres ainda o fazerem em condições pouco seguras, devido à proibição que ainda vigora em 32 países.
Via Ionline