Ópera, "Hansel e Gretel" no Teatro Camões
O compositor Alexandre Delgado criou uma "versão completamente fiel à original" da ópera “Hansel e Gretel”, que estreia na terça-feira no Teatro Camões, em Lisboa.
Em declarações à agência Lusa, o compositor disse ser apenas o responsável pelos textos que são cantados e que estes “mantêm a estrutura e a rima do princípio ao fim”.
Autor de óperas como “A Rainha Louca” e “O Doido e a Morte”, esta não é a primeira vez que Alexandre Delgado faz uma versão para a ópera de Engelbert Humperdinck baseada na obra dos irmãos Grimm.
Em 2003 foi o responsável pela versão portuguesa de “A Casinha de Chocolate”, que estreou no Teatro da Trindade, em Lisboa, numa encenação de Paulo Duarte que contou com interpretação de Catarina Molder.
Fazer uma versão de ópera “é como fazer uma obra de relojoeiro”, disse Alexandre Delgado, sublinhando tratar-se de um trabalho que requer “uma aprendizagem na forma como se lida com a rima da língua portuguesa”.
E ainda que esse trabalho seja facilitado com os dicionários de rimas, a tarefa “exige saber e muito cuidado para que não haja erros de prosódia [estes ocorrem quando há uma transposição do acento tónico de uma sílaba para outra]”, sublinhou.
Para Alexandre Delgado, “Hansel e Gretel” - que sobe agora ao palco do Teatro Camões numa nova produção do Teatro Nacional de São Carlos - é uma “obra-prima de Humperdinck que possibilitou às pessoas regressarem aos contos de fadas, ainda que com uma linguagem wagneriana e adaptada ao conto dos irmãos Grimm".
“Era uma falha enorme não termos ‘Hansel e Gretel’ cantada em português, porque esta é uma ópera que ganha muita força quando cantada em português”, frisou.
O compositor defende a necessidade de se encenar mais óperas em português, considerando que só há a ganhar com isso.
“Dantes eu era muito refratário em relação a isso, mas depois de ter assistido na Komische Oper de Berlim a tudo quando era repertório de ópera cantado em alemã apercebi-me do quanto tínhamos a ganhar com óperas cantadas em português”, disse.
É o caso de “A Flauta Mágica”, “O Morcego” ou operetas de outros compositores como Offenbach.
Com direção musical de Moritz Gnann, encenação e cenografia de André Heller-Lopes, figurinos de Bernardo Monteiro, vídeo de André Godinho, coreografia de Diniz Sanchez, “Hansel e Gretel” tem desenho de luz de José Álvaro Campos e Rita Álvares Pereira como cenógrafa executiva.
Raquel Luís interpretará Hansel, Ana Franco será Gretel, João Oliveira fará de pai e Marco Alves dos Santos de bruxa. O espetáculo conta com a participação da Orquestra Sinfónica Portuguesa e do Coro Jovens Vozes de Lisboa.
Além das récitas dos dias 23, 24, 26 e 30 de novembro e 02 de dezembro, às 15:00, “Hansel e Gretel” subirá também ao palco do Teatro Camões nos dias 27 de novembro, às 21:00, e nos dias 28 de novembro, 04 e 05 de dezembro, às 16:00.
Via Ionline