Valsa da meia-noite na Alunos do Apolo
A par do concerto de Ano Novo, a valsa vienense é famosa mundialmente. Em Janeiro arranca a temporada dos mais belos bailes. Por cá, na escola Alunos de Apolo, em Gaia, formámos par para aprender os passos da valsa. Está aberta a pista.
«A valsa foi das primeiras danças a juntar homem e mulher a menos de cinco centímetros», diz José António Gomes. Dançarino há 20 anos, o professor do Clube de Danças de Salão de Gaia - Alunos de Apolo prepara-se para mais uma aula dedicada à valsa: vienense e inglesa. Através da sua história vais facilmente identificar o que as distingue, além do país de origem.
Johan Strauss foi quem celebrizou a valsa vienense, inspirada nas danças camponesas tradicionais austríacas e desenvolvida depois por outros compositores. Era uma dança em quadrilha, famosa nas cortes. Já Isabel I é a responsável pelo nascimento da valsa inglesa. Numa festa de aniversário da rainha de Inglaterra, a Áustria quis presenteá-la com a sua dança típica. A monarca gostou tanto que quis aprender os passos, mas como eram muito rápidos pediu à orquestra para tocar um pouco mais devagar. Assim surgiu a valsa inglesa!
A diferença está precisamente no ritmo. «A valsa vienense é mais rápida, logo permite menos variações de passos. Quanto à inglesa, é mais lenta, pelo que aumenta as variantes dos movimentos corporais», explica o professor.
Está na altura de passarmos da teoria à prática. Alinhados, os pares adoptam a postura correcta: costas direitas, cotovelos ao nível dos ombros, pernas ligeiramente flectidas, cabeça levantada e pescoço esticado. «A postura não é necessária para que os passos saiam perfeitos. Mais do que a posição do corpo, é preciso interiorizar a dança, imaginá-la à sua época e contexto», diz.
A valsa inglesa rege-se por três tempos e o primeiro é o mais forte:«Um... dois, três», exemplifica José. O passo base da valsa chama-se Closed Change e consiste em três fases: o primeiro passo marca a direcção; o segundo é lateral ao primeiro; e o terceiro junta os pés e troca de peso ou de perna. Se o primeiro pé a avançar for o direito, temos um Right Closed Change. Se começarmos com o pé esquerdo, então já estamos a fazer um Left Closed Changed.
Só se considera um passo de dança quando a troca de peso acontece. Concretizado o passo, a figura que fazemos no chão é um rectângulo e se fizermos com os dois pés então já desenhamos um 'oito''.
Para o Marco, de 12 anos, a dança fá-lo sentir-se «maior». Já a sensação para Raquel, de 11, é de «espaço». Formam par há dois anos e contam inúmeros títulos: campeões nacionais de danças latinas, vencedores do ranking 2010 e da Taça de Portugal e vice-campeões nas mesmas categorias nas danças clássicas (onde se inclui a valsa).
Aceleramos o ritmo e a valsa vienense custa mais a entrar nos pés. Mais novos que o par anterior, a Nélia e o André concordam: «A valsa vienense é mais difícil». O professor pára a música para dar um conselho: «Não vale a pena correr, respirem». A música recomeça e os pares retomam os rodopios pelo salão, desta vez com mais leveza.
O Fábio e a Vânia, a Daniela e o Celso são um pouco mais velhos que os demais colegas e preferem o samba, o jive e a rumba, mas todos têm em comum o gosto pela dança e a maioria ambiciona tornar-se profissional. Pelo que vimos, vão no bom caminho... Um, dois, três...
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