Antes de cada concerto, Chris Lamb costumava dar uma volta a cavalo pelo recinto para supervisionar a montagem do palco. Em Portugal, no ano passado, o director artístico da Sticky and Sweet Tour deixou uma promessa: a digressão seria uma das mais rentáveis de sempre. Esta quarta-feira, Madonna deu o seu último concerto, em Israel, após um ano na estrada. O resultado? Rendeu 285 milhões de euros - superou o recorde anterior da Confessions Tour, de 2006, que encaixou 136 milhões de euros - e tornou-se a artista a solo mais lucrativa de sempre. Acima dela, só mesmo os Rolling Stones de Mick Jagger.
Foi a primeira digressão de Madonna depois de celebrar os 50 anos - comemorou o seu 51.o aniversário em palco. Nesta tournée mundial, a material girl fez jus à sua música: andou na estrada num palco megalómano - em São Paulo, por exemplo, demorou cinco dias a ser montado -, acompanhada por um staff de 250 pessoas e com toneladas de material. A digressão passou por Portugal em Setembro do ano passado, e o resultado foi um Parque da Bela Vista, em Lisboa, totalmente lotado. Ao todo, foram disponibilizados 75 mil bilhetes, que esgotaram em apenas sete dias. Só de bilheteira, o espectáculo, cujos ingressos foram dos mais baratos de toda a digressão, rendeu 5 milhões de euros.
"Não me surpreende que seja o artista mais lucrativo do momento. Nenhum outro deu tanto que falar no último ano como Madonna. E o espectáculo desta digressão foi fantástico", afirma ao i Álvaro Covões, o patrão da Everything is New (EIN), promotora responsável pela última passagem da cantora por Portugal. Questionado sobre a receita, Covões foi lacónico. "Receita enorme? Só a nível técnico, não imagina o esforço financeiro..."
"Como Cristiano Ronaldo" A Stick and Sweet Tour percorreu 87 países: começou na Europa, onde Madonna deu 44 espectáculos, e depois seguiu para o continente americano, (41 concertos). Na Ásia, a autora de "Like a Virgin" subiu ao palco apenas três vezes. Uma digressão extensa, com alguns episódios a ficarem para a história. Na Polónia, por exemplo, a Igreja Católica protestou contra a sua ida a Varsóvia no feriado religioso de 15 de Agosto. E, na Roménia, Madonna foi vaiada por defender a comunidade cigana. Perante 50 mil pessoas, a cantora resolveu interromper o espectáculo para lamentar os preconceitos em relação àquela comunidade.
Polémicas à parte, Álvaro Covões prefere elogiar a facilidade com que lidou com a artista. "Acima de tudo, destaco o seu profissionalismo fora do comum. É uma pessoa de raízes humildes que lutou muito para chegar onde chegou, quase como o Cristiano Ronaldo", diz.
Quanto à negociação do espectáculo em Portugal, o patrão da EIN garante que "não foi difícil". "Portugal está definitivamente na rota dos grandes espectáculos, trabalhamos bem, temos um público fantástico e somos um país simpático." E, aparentemente, os artistas gostam de actuar por estas bandas. Numa entrevista recente - lembra Covões - "Madonna disse que o seu hotel favorito é o Pestana Palace". Foi ali, no Alto da Ajuda, que a diva da pop montou o seu quartel-general. E só saiu de lá ao fim de quatro dias: "Tinha um concerto em Sevilha à noite e deixou o hotel pelas 14h00", recorda.
A Sitcky and Sweet Tour vai agora ser passada para DVD, num concerto gravado em Buenos Aires, na Argentina. O lançamento está previsto para o próximo mês de Dezembro.
Via ionline