Hóquei no gelo. Tudo começou há 136 anos,

Mas que tem isto a ver com o primeiro jogo de hóquei no gelo?, deve estar a perguntar nesta altura. Bom, tem tudo a ver. Até 1875 era frequente ver pessoas nas ruas do Canadá, de stick na mão, entretidas com uma forma primitiva de hóquei no gelo. Chamavam-lhe shinny: não tinha regras nem posições e demorou até passar para os ringues (cobertos). Esses espaços estavam reservados a outras actividades - sobretudo a patinagem (artística ou de lazer). No entanto, a resistência à realização de um jogo de hóquei acabou nesse ano, pela mão de James Creighton. Engenheiro, jornalista, advogado (e atleta, é claro), este canadiano foi o responsável pela mudança. Creighton era membro do Victoria Skating Club, em Montreal, onde marcava presença com frequência como jurado de provas de patinagem. E fez valer a sua influência.
As sessões informais de shinny no Victoria Skating Rink tinham começado dois anos antes, em 1873, mas eram restritas - para membros do clube e pouco mais. Havia receios de que os jogos prejudicassem a qualidade do gelo, além de roubarem horas de actividades aos membros que não alinhavam no shinny. A 3 de Março de 1875 foi dado o passo decisivo, num jogo de hóquei no gelo - deixou logo de ser shinny porque passou a ter regras - entre membros do clube.
Eram nove contra nove (na rua, como não havia limites, chegavam a ser 20 jogadores de cada lado) e a equipa capitaneada por James Creighton ganhou por 2-1. Em vez de uma bola, como era hábito até então, foi utilizado um disco de madeira - "para evitar acidentes com os espectadores", explicou o "Montreal Gazette" na altura. A ideia era evitar que a bola (neste caso o disco) saísse do ringue e fosse atingir o público. Ora quem viu jogos de hóquei no gelo nos últimos anos sabe perfeitamente que o disco também pode acabar nas bancadas (daí as paredes de acrílico).
No final ainda houve tempo para cenas de pancadaria entre jogadores e adeptos. E tudo começou com alguns membros do clube, os tais que não queriam jogos de hóquei no ringue.