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Um olhar sobre o Mundo

Porque há muito para ver... e claro, muito para contar

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Um olhar sobre o Mundo

25
Mar12

A crise chegou ao sexo?

olhar para o mundo

A crise chegou ao sexo

 

Contas para pagar, desemprego, falta de clientes, filhos a pedir brinquedos... A crise instalou-se nos lares portugueses e chegou ao quarto - e à cama. Falámos com casais, consultámos sexólogos, terapeutas e médicos e tentámos traçar o diagnóstico: afinal, como é que a austeridade está a afetar a nossa vida sexual? E como é que estamos a lidar com isso?

 

Quando decidiu pedir alteração do horário, a enfermeira Sandra queria mais tempo para investir na relação com o namorado. Cansada de sair sempre às 23h00 do centro de saúde madeirense onde trabalha, farta de não ter vida social e de perder sucessivamente concertos e peças de teatro, colocou a vida pessoal acima das exigências profissionais e aceitou perder quase duzentos euros no fim do mês - garantidos pelas horas de trabalho noturno - para ter tempo para Pedro, professor do ensino primário, que entra às nove e sai às seis. Arrependeu-se. O corte nos subsídios, o aumento da taxa de IRS e a prestação do carro baralharam-lhe as contas do final do mês.

 

Passou a sair mais cedo mas está longe de andar feliz. E o objetivo não foi alcançado: planeia cada vez menos programas a dois e o desaire financeiro fá-la ter cada vez menos vontade de se entregar à intimidade com o namorado. Rondam ambos os 30 anos, são funcionários públicos, não correm o risco de perder os empregos repentinamente e têm a vida pela frente. Mas pensar no futuro tornou-se doloroso. Sobretudo quando o presente não facilita a vida a dois. Pedro tem a matemática em dia e os cálculos feitos: sem subsídios de férias e de Natal, este ano vai perder cerca de quatro mil euros, úteis para pagar o mestrado em que se tinha inscrito e de que entretanto já desistiu. A relação tem quase dois anos, mas tem ultrapassado obstáculos e provações. Resistirá também à crise? «Sem dúvida», diz ele. «Agora damos mais valor ao tempo que passamos juntos.»

 

No entanto, o sexo é mesmo menos frequente. «A Sandra levanta-se às oito da manhã e trabalha o dia inteiro. À meia-noite quer dormir», diz ele. Não se veem todos os dias, mas não desistiram das saídas mesmo que os programas sejam cada vez mais low cost: desde jantar no hipermercado com happy houra partir das 22h30 - «é a única hipótese de continuarmos a jantar fora» até aproveitar as promoções para comprar presentes um ao outro, tudo tem de ser orçamentado e esquematizado. Sandra deixou de viajar e Pedro, natural de Mirandela, pela primeira vez não passou o Natal com os pais e decidiu ficar na ilha. Uma avaria no carro levou-lhe o dinheiro dos bilhetes. As contrariedades da vida diária deixam-nos sem vontade para se entregarem ao prazer, um peso comum a tantos casais nacionais que, sem conseguirem fugir à crise, se deixam afetar e acabam por cortar numa das poucas atividades sem custos, que pode até diminuir níveis de stress e ajudar ao controlo da ansiedade: o sexo.

 

«Quando a vida funcional deixa de ser estável, obviamente vai atrapalhar a vida emocional», confirma a psicóloga e terapeuta de casais Celina Coelho de Almeida. «Quando os casais percebem que não têm dinheiro para pagar as despesas têm de cortar numa série de coisas importantes para a sua dinâmica. As pessoas podem ficar mais fechadas, mais pessimistas e, portanto, menos disponíveis para a relação. E isto provoca um choque e uma readaptação.» Ou seja: um casal com uma boa estrutura, feita de cumplicidade e intimidade, será capaz de resistir a esta turbulência, ainda que momentaneamente possa tirar menos prazer da relação. Se não houver suporte emocional de parte a parte, será difícil para a relação «aguentar estes impactes». «A crise não é motivadora da separação», diz Celina Coelho de Almeida, «mas pode ter um efeito catastrófico».

 

Mas nem todos os casais enfrentam a crise da mesma forma. E se, para uns, o momento económico parece ter erguido barreiras que ainda não se sabe quão intransponíveis se tornarão, para outros a ausência do stress do trabalho parece ter revitalizado a vida a dois. É esse o caso de Maria e de Francisco. Vivem em Lisboa, ela é Relações Públicas, ele piloto de aviação. Quando começaram a namorar, há dois anos e meio, Maria, 33 anos, tinha ficado desempregada há poucos dias. «O tempo foi aproveitado para o romance. Não faltaram dias de praia, jantares à luz de velas na varanda, conversas até às seis da manhã. Sentia-me de férias, não estava desesperada porque sempre juntei dinheiro e tinha noção que durante o verão era improvável arranjar trabalho. E não me enganei: aproveitei o verão todo e só encontrei emprego no outono.»

 

No seu caso, a atividade sexual até melhorou. «Sobretudo a frequência. Preciso de muitas horas de sono, detesto acordar cedo, e às oito da noite já me sinto estoirada, só quero jantar e ir para a cama. Ou seja, durante a semana, quando estava a trabalhar, o sexo não era inexistente, mas era raro. Às vezes parece que tínhamos de combinar quando íamos ter sexo: "No sábado, porque não há energia para mais". Eu pelo menos não aguento o cansaço.» Seis meses depois, Maria voltava ao desemprego. «Nesta época, a frequência sexual era capaz de ser maior. Mais do que o número de vezes que tínhamos sexo, a disponibilidade era outra por não me sentir cansada. Nestas épocas, era quase sempre à luz do dia, altura em que ainda não tínhamos as baterias gastas. Foi uma época ótima, porque passámos muito tempo juntos.»

 

Cada pessoa - e cada casal - encontra uma forma de lidar com a crise. Mas há outros fatores a interferir no estado de espírito. A sensação de projetos adiados, nomeadamente a maternidade, também pode influenciar o desmoronar da vida íntima: as mulheres têm mais dificuldade em lidar com a frustração do desejo de serem mães, ainda que neste campo o cérebro, mais do que a emoção, pareça ditar as escolhas das portuguesas. Já em tempo de crise - e muito associado ao adiamento do casamento e ao prolongamento dos estudos, que favorece uma entrada mais tardia na vida ativa - o declínio da fecundidade é a nota dominante nos estudos mais recentes sobre a situação demográfica em Portugal. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2009, a média de idades das portuguesas que tiveram o primeiro filho foi de 28,6 anos. E o nível da taxa de fecundidade entre os 35 e os 39 anos tem vindo a aproximar-se da do grupo dos 20 aos 24. Por outras palavras, os portugueses têm filhos cada vez mais tarde. E cada vez menos filhos.

 

Graças à contraceção, a redução do número de nascimentos pode não estar diretamente relacionada com a frequência sexual dos portugueses, mas não deixa de ser um barómetro a considerar. E se, em tempos antigos, a crise motivou um baby boom pela falta de distrações e ausência de tecnologias que hoje absorvem grande parte da nossa atenção, atualmente a situação é bem diferente: o risco calculado e o planeamento familiar impedem gravidezes que, em épocas de contenção forçada, podem ser fonte de despesas a evitar. Os únicos dados disponíveis até à data sobre 2011 referem-se aos testes de diagnóstico precoce de doenças metabólicas, o vulgar «teste do pezinho». Os números divulgados pelo INE confirmam as expetativas: apenas 97 112. Desde 1960, quando se iniciou a contabilização rigorosa de nados-vivos em Portugal, apenas dois anos tiveram menos de cem mil nascimentos: 2009 e 2011.

 

Ainda assim, o ideal é não desesperar e acreditar que a pirâmide etária nacional ainda tem salvação. Porque 2012 ainda tem uns quantos bebés para registar. Que o digam João e Teresa, empresários na casa dos 40, a viver em Cascais, que foram surpreendidos com mais uma gravidez. Teresa está à espera do terceiro filho do casal, numa altura em que o trabalho aumenta e a atividade sexual diminui. «Como empresários, e com um negócio e colaboradores para pagar, a dedicação é cada vez maior», diz João. «A crise tem-nos obrigado a trabalhar mais para manter os negócios em crescimento, o que não é fácil. A falta de tempo é o maior fator, mas também o cansaço. Logo, o clima de romance por vezes não é o mais propício e a atividade sexual diminui», lamenta, embora garanta que, apesar do cansaço, parte também do casal fazer um esforço adicional. «É obrigatório que o casal se reinvente, largue as crianças num fim de semana e passeie. As tarefas diárias dão cabo do estofo de qualquer um e o apetite sexual é obviamente afetado. Às vezes estamos os dois em casa, com os portáteis no colo, a trabalhar às 23h30 com os miúdos a dormir, em vez de nos deitarmos cedo, namorarmos e podermos dormir umas boas horas. O que nos safa é que temos consciência disso e combatemo-lo de uma forma positiva. Com umas aventuras esforçadas, umas saídas de fim de semana, um jantar romântico.» como o último que tiveram, que deu origem ao terceiro filho, que deverá nascer em abril.

 

Mas nem todos se podem dar ao luxo de ter três filhos. Ou dois, sequer. O dinheiro a menos obriga a muitas contenções de despesas. E quando os fundos faltam, dificilmente sobram recursos para consultar um especialista e iniciar a terapia de casal que pode dar uma ajuda. «Pontualmente, tenho um caso ou outro que acaba por não ter capacidade para levar até ao fim o processo terapêutico», diz Celina Coelho de Almeida. A sexóloga Marta Crawford sente o mesmo problema: «Muitos casais começam a espaçar as sessões, dizem que não têm capacidade para vir com tanta regularidade.» A preocupação sobre os problemas financeiros veio influenciar a disponibilidade para o sexo, e apesar de procurarem soluções para a quebra na intimidade, «há quem chegue e diga logo à partida que está desempregado, mas precisa imenso de vir», acrescenta Marta Crawford. «E perguntam se eu faço um desconto.»

 

Nem sempre a terapia acaba por salvar o casamento, porém. Possivelmente porque já não havia grande volta a dar. E a crise acaba por ser pretexto para pôr fim a uma relação que já não funcionava: as preocupações com o lado mais prosaico da vida servem muitas vezes de desculpa para o afastamento do casal. Mas, se não for esse o caso, «há sempre alternativas», diz Marta Crawford, mesmo que seja preciso inventar programas para substituir as escapadelas de fim de semana ou os jantares a dois no restaurante favorito. «Há pouco tempo um casal dizia-me: "Não temos dinheiro para viajar, para jantar fora, para ir ao cinema, estamos amorfos em casa a olhar para a televisão." É este espírito depressivo que temos de tentar combater.» Até porque o sexo pode ser terapêutico: «Durante a atividade sexual libertamos uma série de neurotransmissores que nos fazem sentir bem, que fazem que as pessoas se sintam mais próximas, logo, mais capazes de vencer os obstáculos», explica a especialista.

 

Isabel e Duarte, residentes em Almada, viveram alguns destes constrangimentos na pele. «Em sete anos o meu marido esteve cinco anos desempregado», diz Isabel, 45 anos. «O facto de não haver disponibilidade monetária para fazer coisas de que se gosta ou para nos cuidarmos faz que tenhamos menos vontade de socializar, seja a que nível for. Num primeiro momento, há tanta coisa que preocupa que nem nos lembramos que era bom ter vida sexual», admite. Ainda assim, Isabel acredita que é possível remar contra a maré, embora tenha noção da dificuldade de manter a libido a funcionar.

 

«A individualidade de cada um é muito importante porque, apesar de muito unidos, cada um tem as suas coisas e podemos partilhar o que vivemos em comum.» Ao fim de trinta anos de casamento, Isabel garante que «existem mil maneiras de reacender a paixão e colocar a libido a funcionar. Mas tem de ser a dois. «Temos um espírito aberto, mantemos as nossas amizades, saímos juntos e separados, não temos crianças, nunca dormimos separados. E além disso, gostamos de sexo...», diz a rir. «Amar não custa dinheiro, além de que podemos sempre receber muito em troca.»

 

O princípio faz sentido e as palavras são sábias, mas será que os dois elementos do casal pensam da mesma forma? E os homens, sentem isso de maneira diferente das mulheres? Marta Crawford acha que não. «O homem é mais pragmático na sexualidade e consegue pôr mais rapidamente os problemas de lado, mas nem sempre. As mulheres talvez sejam mais complicadas.». No entanto, segundo o sexólogo Júlio Machado Vaz, um despedimento ou despromoção normalmente faz que seja o homem o mais afetado na sua sexualidade. A razão? Os estereótipos clássicos. «Os homens, sobretudo os mais velhos, sentem a situação como uma ameaça à sua virilidade e estatuto de chefes de família. Acresce que costumam ter mais dificuldades em abrir-se sobre os seus problemas», explica o psiquiatra. «O número de queixas vem subindo e com elas os efeitos sexuais colaterais. Há pessoas que me referem, surpresas, que já não se lembram de pensar em sexo.»

 

A situação não se vive apenas em Portugal. Já em fevereiro de 2009 a revista brasileira Época dava conta de uma investigação realizada nos EUA, segundo a qual 62 por cento das mulheres norte-americanas apontava a crise como responsável por a vida sexual ter piorado. No ano anterior, no Canadá, 12 por cento dos inquiridos numa sondagem admitiam ter tido um casamento desfeito devido a «motivos financeiros» nos seis meses anteriores. Em Londres, uma pesquisa realizada com operadores e corretores da Bolsa de Valores mostrou que 79 por cento deles acredita que o risco de o seu casamento acabar aumenta durante períodos de recessão. E em Wall Street, o problema atingiu proporções tais que foi criado um Dating a Banker Anonymous - «Namoradas de Financeiros Anónimas», numa tradução literal. Segundo o The New York Times, o grupo pretende levar as chamadas «viúvas de Wall Street» a partilhar o abandono emocional e sexual que sentem.

 

Apesar de o stress ser mais frequente em pessoas que trabalham no mundo financeiro, devido ao desgaste psicológico, a verdade é que a sombra do desemprego e das reduções salariais tem sido um fator determinante nos últimos tempos, precisamente devido à ligação que muitos homens continuam a teimar fazer entre salário ganho e virilidade.

 

«As disfunções da libido têm muito que ver com o humor da pessoa», diz José Palma dos Reis, chefe de serviço de Urologia do Hospital Santa Maria. «Mas o conceito de "disfunção sexual" é muito lato e envolve várias situações: disfunção da libido, disfunção erétil e disfunção orgásmica.» No atual contexto de crise, em que o stress pessoal tende a atingir níveis elevados, «será de esperar uma disfunção da libido: «O stress, e sobretudo a depressão, manifestam-se por via desta disfunção.» Mas não é preciso fazer soar os alarmes. Geralmente esta disfunção e a erétil não têm de estar relacionadas - ao contrário do que muita gente pensa. Além disso, «a disfunção erétil pode ser tratada com medicamentos».

 

Nestes casos, no entanto, Palma dos Reis considera «normal e expetável que haja um agravamento dos casos existentes, porque muitas vezes os pacientes não têm capacidade de pagar os medicamentos». Quatro comprimidos custam cerca de quarenta euros, um valor proibitivo para muita gente nos tempos que correm.

 

Quintino Aires é sexólogo, leva 22 anos de consultas, e não tem dúvidas: «os homens são os mais afetados por estas preocupações. Numa mudança financeira, social e económica, as mulheres começam rapidamente a utilizar a lógica. Os homens sentem-se mais perdidos». Por isso, em terapia, são sobretudo as mulheres quem relata a procura de sexo - nem sempre com o companheiro - para aliviar e esquecer as preocupações. Curiosamente, apesar da crise, no último ano e meio o sexólogo registou um aumento das consultas com queixa de natureza sexual. «Num olhar rápido, o sexo serve para dar prazer, mas não só. Serve para criar intimidade naqueles dois adultos que são diferentes. Se ela existir, então uma despromoção, uma empresa a falir, os bancos que deixam de dar crédito... tudo isso faz o casal esforçar-se e inventar alternativas. Se não, a probabilidade de a relação quebrar é muito maior», explica.

 

A situação de Eduardo e Rita, com 48 e 39 anos, não é muito diferente. Vivem em Bragança e ainda não pensaram na terapia, talvez por estarem mais longe dos grandes centros urbanos. Mas vivem o dia a dia com a sensação de «quem anda a contar tostões», sobretudo desde que a empresa de venda de material informático de Eduardo desceu abruptamente na faturação. «Tínhamos uma vida sexual normal», diz Rita, administrativa numa instituição de ensino, «mas agora chega-se ao fim do dia e o sexo não apetece». Eduardo, cansado das deslocações entre clientes que as vendas lhe vão exigindo, preocupado com o futuro dos colaboradores da loja, confessa-se «cada vez mais descontente», mas reconhece que é necessário deixar os problemas à porta de casa «antes que a vida familiar desmorone».

 

Têm dois filhos, uma rapariga de 3 e um rapaz de 9 anos, que também não ajudam a aliviar as tensões. «Todas as tardes, quando vou buscá-la à escola, a conversa é sempre a mesma: "Mãe, compras-me uma coisa?" Já lhe disse que tem de cortar a palavra "compras" do dicionário.» Juntos há cerca de 15 anos, o casal ainda não perdeu a ligação forte que os une, mas o sexo é quase forçado, «como se decidíssemos que temos de sair um bocadinho deste mundo de problemas e de crise», diz Eduardo. Antes, quando levávamos as coisas de forma mais descontraída, não era assim.»

À noite, depois de deitarem as crianças, reconhecem que lhes sobra pouco tempo para porem a conversa em dia e os poucos minutos em que se sentam no sofá servem para ver o noticiário da noite ou a primeira parte de um filme que esteja a começar. Um erro grave que a sexóloga Marta Crawford aponta todos os dias aos casais que recebe: «É preciso desligar a televisão! Primeiro, porque se poupa na conta da eletricidade, e depois porque a TV ocupa demasiado espaço na vida das pessoas. Quem adormece no sofá a fazer zapping não vai dali para a cama ter um momento de intimidade.»

 

Pelo menos neste quesito, João e Teresa, o casal de Cascais, parece estarem no bom caminho. «Uma vez por semana, religiosamente, vemos um filme e vamos para a cama cedo», diz João. O resto acontece naturalmente.

 

*Todos os nomes de casais desta reportagem são fictícios, a pedido dos próprios

 

Via JN

05
Abr11

Governo proíbe arma TASER em situações idênticas à de Paços de Ferreira

olhar para o mundo
Governo proíbe arma TASER em situações idênticas à de Paços de Ferreira
 
O ministro da Justiça proibiu a utilização de armas eléctricas sobre reclusos em situações como a que ocorreu recentemente em Paços de Ferreira, para preservar os direitos fundamentais dos detidos, segundo um despacho publicado hoje em Diário da República.

Em causa está a actuação, a 17 de Setembro de 2010, de elementos do Grupo de Intervenção de Segurança Prisional (GISP), que recorreram a descargas de uma arma TASER X26 face a um prisioneiro que se recusava a limpar a sua cela, no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira.

Além da investigação que corre, esclarece o ministro Alberto Martins no documento publicado hoje em Diário da República, o caso«levou à abertura de processos disciplinares ainda em curso» e foi também «dada ao Ministério Público notícia dos factos apurados».

No entanto, e enquanto decorrem as investigações, o ministro considera importante «não deixar de tomar medidas que inequivocamente reforcem a tutela de direitos fundamentais e previnam situações como a ocorrida».

Acrescenta que, simultaneamente, deve «impulsionar-se o já previsto processo de revisão do regulamento de utilização de meios coercivos, avaliando a forma como tem vindo a ser aplicado».

No imediato, o despacho do ministro ordena que «não sejam utilizadas armas e dispositivos eléctricos em situações idênticas ou similares à ocorrida no dia 17 de Setembro de 2010, na secção de segurança do Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira».

Determina ainda que «sejam objecto de filmagem integral quaisquer intervenções do GISP em que haja utilização de armas, incluindo armas e dispositivos eléctricos».

A utilização desta arma eléctrica em Paços de Ferreira foi justificada pelo GISP por se tratar de «uma situação anormal que estava a acontecer há semanas», envolvendo um recluso que se recusava a limpar a cela, cheia de dejectos, e quando os restantes, no mesmo sector iniciavam uma greve de fome por «não suportarem» uma situação que «estava a pôr em causa» a sua saúde.

O actual regulamento define que a utilização de dispositivos eléctricos nas cadeias só é permitido «quando seja impossível alcançar a mesma finalidade através do uso da força física ou de um gás neutralizante» e estará dependente da autorização dos directores dos Estabelecimentos Prisionais.

Segundo a regulamentação actual, as «armas e dispositivos eléctricos visam, de forma instantânea, neutralizar temporariamente a capacidade motora do recluso», mas a sua utilização «só é admitida quando seja estritamente necessária à salvaguarda ou reposição da ordem e da disciplina», ou ainda, em caso de legítima defesa.

A quantidade, duração e intensidade das descargas eléctricas «são as estritamente necessárias para fazer cessar a conduta ilícita do recluso», utilizando-se ciclos «tão curtos quanto possível e cessando logo que seja possível imobilizá-lo por outros meios ou algemá-lo».

 

Via Sol

05
Abr11

INE retira perguntas dos Censos

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INE retira perguntas dos Censos
 
O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai ser obrigado a eliminar duas perguntas da base de dados criada para os Censos 2011.

Em causa, soube o SOL, está a pergunta do Questionário de Família sobre se determinada pessoa tem uma relação em união de facto com um parceiro do mesmo sexo ou de sexo diferente, e se reside com esse mesmo parceiro.

E outra, no espaço C do mesmo questionário, em que se exige a cada cidadão que indique o nome e o sexo das pessoas que, não sendo residentes no seu alojamento, aí estavam presentes no dia 21 de Março.

Por considerar que se trata de informação «sensível», da esfera da«vida privada», a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) proibiu o INE de registar, nas bases de dados criadas de propósito para esta operação estatística, todas as informações que já tiverem sido recolhidas até ao momento, através dos formulários em papel ou via internet.


Pedido bastante tardio 


Esta decisão só agora foi tomada - «em momento bastante tardio e numa altura em que já estava em marcha a recolha dos dados», frisa a CNPD - porque só no passado dia 10 é que o INE pediu autorização aos juristas desta Comissão para tratar a informação deste recenseamento. «Tendo em conta que os questionários do inquérito-piloto e os da operação real eram idênticos, entendemos que a notificação do primeiro seria suficiente» - justificou ao SOL fonte oficial do Instituto.

Já em 2010, quando pela primeira vez foi chamada a pronunciar-se sobre este assunto - estava então em curso o inquérito piloto, lançado em Abril desse ano -, a CNPD tinha alertado o INE para o carácter sensível destas e de outras questões (como a religião e problemas de saúde ou decorrentes da idade), cuja resposta deveria ser facultativa, por serem relativas à orientação sexual e à intimidade da vida familiar.

No entanto, o INE - que já nessa altura informou a Comissão fora de horas - teve entendimento diferente, alegando ainda que já não era possível alterar o conteúdo dos formulários digitais e em papel.

O INE tem agora 15 dias para informar aquela Comissão sobre as medidas que vai tomar para proteger devidamente os dados pessoais a inserir ou já inseridos na base de dados. Até quarta-feira - décimo dia de resposta pela internet - mais de dois milhões e meio de pessoas tinham respondido aos Censos através do site do INE - o equivalente a meio milhão de alojamentos recenseados.

 

Via Sol

04
Abr11

Paris proíbe aquecimento com gás nas esplanadas

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Paris proíbe aquecimento com gás nas esplanadas

 

Medida atinge milhares de cafésrestaurantes e bares. Proteções de plástico também são proibidas. Ecologistas queriam alargar a interdição aos aquecimentos elétricos e propunham distribuição de cobertores aos clientes.

 

Os ecologistas desejavam que também fossem proibidos os aquecimentos com energia elétrica, mas só conseguiram interditar os que funcionam com gás. No entanto, o novo regulamento, aprovado pela Assembleia Municipal da capital francesa e que entrará em vigor dentro de dois anos, atingirá milhares de esplanadas porque também foram proibidas as vedações de plástico a que recorrem os donos de cafés e restaurantes para proteger os clientes, na maioria fumadores.

Esta medida "responde a uma dupla preocupação ambiental e de limpeza pública: evitar utilização de energia não renovável e obrigar à utilização de espaço exterior com condições adequadas, como a colocação de cinzeiros. O gasto em energia é importantíssimo, especialmente em cidades como Paris, com uma boa parte do ano com aquecimento indispensável devido às temperaturas externas", diz ao Expresso Hermano Sanches Ruivo, deputado (socialista) municipal de Paris, que votou favoravelmente esta lei.   

Desde que, em 2008, foi proibido fumar no interior deste tipo de comércios, as esplanadas aquecidas a gás e protegidas por plásticos transparentes floresceram - no total, Paris conta com 8600 esplanadas, 3500 delas fechadas total ou parcialmente.

Ecologistas queriam distribuição de cobertores

A edilidade parisiense tomou a decisão em nome da defesa do ambiente e, no caso dos terraços fechados, por "motivos estéticos".

Os ecologistas queriam proibir o recurso a todos os equipamentos que "utilizam uma fonte de energia não renovável", incluindo a elétrica. Propunham esplanadas abertas e que fossem distribuídos, nos dias e noites mais frios, cobertores aos clientes.

"Existem outras possibilidades para além da eletricidade. Vamos acompanhar o processo nos próximos dois anos, para também propormos métodos de fornecimento de energia menos poluidores", esclarece Hermano Sanches Ruivo.

A nova medida obriga igualmente os cafés, restaurantes e bares a colocarem cinzeiros nas mesas para impedir que as beatas sejam lançadas para o chão dos passeios e para as ruas. "Quanto à limpeza do espaço público, por sabermos que os utilizadores são essencialmente fumadores, pretendemos também sensibilizar proprietários de estabelecimentos e clientes para a necessidade de uso dos cinzeiros. Os gastos em limpeza dos passeios e espaços públicos são consequentes, tendo em conta a limpeza é sempre um critério principal, como a segurança, para os habitantes", acrescenta ao Expresso o deputado municipal.    

Os proprietários de esplanadas cobertas e aquecidas a gás protestaram contra as novas medidas que, dizem, "vão matar o negócio".

Litígios frequentes de fumadores com não fumadores

Desde a proibição do fumo no interior dos estabelecimentos, em 2008, aumentaram consideravelmente os litígios entre clientes fumadores e não fumadores.

Os problemas, que necessitam por vezes de intervenção policial, agudizaram-se, designadamente à noite, devido ao ruído provocado pela forte concentração de fumadores no exterior de bares e cafés.

Os vizinhos e residentes nas imediações destes locais queixam-se frequentemente às autoridades por não conseguirem dormir, devido à algazarra feita pelos clientes fumadores nos passeios e nas esplanadas.

 

Via Expresso

28
Mar11

Crise política e crise de género. Onde estão as mulheres?

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Crónicas de uma Muçulmana - Crise política e crise de género. Onde estão as mulheres?

 

O poder político tem de ser verdadeiramente democrático, e as mulheres têm, por razões sociológicas e culturais, um campo de visão muito mais alargado, em virtude das suas inúmeras valências e potencialidadesIsto faria a diferença. E será que podemos? Eu digo: "YES, WE CAN". 

Já percebemos que vamos mesmo ter de pagar a crise e que vai sair de nossos bolsos. Erros cometidos desde o tempo de António Guterres, Ferro Rodrigues, Manuel Barroso, Santana Lopes, e finalmente, Sócrates.

Governos de maioria, governos de coligação, governos de pouca justiça, muita corrupção e gastos inadmissíveis. Auto-estradas e mais auto-estradas, rotundas a mais com esculturas de péssimo gosto, estádios de futebol de luxo, abandonados. Ah, e os amigos que acabam por ser colocados em lugares de topo de empresas a ganhar vergonhosas fortunas num país que corre com as cuecas na mão a pedir ajuda internacional.

Há descrédito sobre os políticos, na política; com efeito, no Estado Português. Novamente eleições. Que candidatos temos? Os mesmos de sempre. Os mesmos mentirosos, ladrões, corruptos, imorais, e com aspirações eminentemente napoleónicas. Paulo Portas preconiza bem essa imagem que deixou sair no seu discurso eloquentemente vazio de propostas para um Portugal renovado.

Não me importo de fazer mais sacrifícios. Sou até defensora de que nos piores momentos da vida, o ser humano tem uma capacidade de criatividade positiva tal, que dá a volta como nunca pensaria poder. Sou filha de diásporas de imigrações sucessivas e a comunidade e família de que faço parte tem tido sucesso, viveu inúmeras crises.

O problema é que não me revejo representada em nenhum dos potenciais candidatos a chefe de governo. Já todos mostraram ou que não prestam bem o serviço, ou que estão rodeados de abutres velhos da politica, ou são mentores de ideologias de regimes obsoletos e ultrapassados.

O mais grave disto tudo é que não vejo mulheres! Não há mulheres a dar a cara! Não aparecem como potenciais candidatas? Não há? Claro que há! E com muitas capacidades e competências de profissionalismo, carácter ético e sentido de moral social, do dever para a causa pública. Mais indiferentes aos jogos de poder e de favores a "amigos"; acima de tudo, preocupadas com o amanhã das novas gerações que elas mesmas reproduzem, cuidam e são, regra geral, por isso mesmo, as que mais se preocupam e sofrem as discriminações de inferioridade no papel e nas remunerações. Não é invenção. Inúmeros estudos já o provaram.

Numa verdadeira democracia, metade dessa demos está subalterna, detrás de "napoleões". Apagadas das luzes do mediatismo. Se me aparecesse uma Maria de Belém como candidata, entre mulheres de outras cores políticas, ou mesmo mulheres da sociedade civil, que soubessem escolher bem os seus consultores políticos e económicos, o nosso cenário de opções seria muito diferente. E tenho a certeza, o debate e a vontade de votar muito maior.

Porque o poder político tem de ser verdadeiramente democrático, e as mulheres têm, por razões sociológicas e culturais, um campo de visão muito mais alargado, em virtude das suas inúmeras valências e potencialidades. E isto faria a diferença. E será que podemos? Eu digo: "YES, WE CAN".

 

Via Crónicas de uma Muçulmana

10
Mar11

Cidade espanhola volta a usar pesetas

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Cidade espanhola volta a usar pesetas
 
Uma pequena cidade no norte da Espanha decidiu reintroduzir a antiga moeda espanhola, a peseta, para estimular a economia local, escreve a BBC.

Os lojistas de Mugardos fizeram um apelo aos cidadãos que tenham guardado velhas notas de pesetas, pedindo-lhes que usem essas moedas no comércio, juntamente com o euro.

Cerca de 60 lojas passam assim a aceitar as notas antigas em Mugardos, cidade pesqueira da Galiza, que sentiu fortemente os efeitos da crise económica e do desemprego em Espanha.

Os comerciantes estavam relutantes no início, mas agora dizem que a volta da peseta foi um sucesso.

Até mesmo pessoas de outras cidades foram a Mugardos apenas para gastar notas antigas que nunca haviam sido convertidas para o euro.

Nesta semana, um homem visitou a loja de ferramentas local com uma nota de 10 mil pesetas que havia achado em sua casa e que, até então, não sabia o que fazer com ela. Conseguiu trocá-la por uma tostadeira.

 
Via Sol
04
Jan11

Coisas que nunca deverão mudar em Portugal!

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Portugueses: 2010 tem sido um ano difícil para muitos; incerteza, mudanças, ansiedade sobre o futuro. O espírito do momento e de pessimismo, não de alegria.  Mas o ânimo certo para entrar na época natalícia deve ser diferente. Por isso permitam-me,  em vésperas da minha partida pela segunda vez deste pequeno jardim, eleger dez coisas que espero bem que nunca mudem em Portugal.

1. A ligação intergeracional. Portugal é um país em que os jovens e os velhos conversam - normalmente dentro do contexto familiar. O estatuto de avô é altíssimo na sociedade portuguesa - e ainda bem. Os portugueses respeitam a primeira e a terceira idade, para o benefício de todos.  

2. O lugar central da comida na vida diária.  O almoço conta - não uma sandes comida com pressa e mal digerida, mas uma sopa, um prato quente etc, tudo comido à mesa e em companhia. Também aqui se reforça uma ligação com a família. 

3. A variedade da paisagem.  Não conheço outro pais onde seja possível ver tanta coisa num dia só, desde a imponência do rio Douro até à beleza das planícies  do Alentejo, passando pelos planaltos e pela serra da Beira Interior. 

4. A tolerância. Nunca vivi num país que aceita tão bem os estrangeiros. Não é por acaso que Portugal é considerado um dos países mais abertos aos emigrantes pelo estudo internacional MIPEX. 

5. O café e os cafés. Os lugares são simples, acolhedores e agradáveis; a bebida é um pequeno prazer diário, especialmente quando acompanhado por um pastel de nata quente. 

6. A inocência.   É difícil descrever esta ideia em poucas palavras sem parecer paternalista; mas vi no meu primeiro fim de semana em Portugal, numa festa popular em Vila Real, adolescentes a dançar danças tradicionais com uma alegria e abertura que têm, na sua raiz, uma certa inocência. 

7. Um profundo espírito de independência. Olhando para o mapa ibérico parece estranho que Portugal continue a ser um país independente. Mas é e não é por acaso. No fundo de cada português há um espírito profundamente autónomo e independentista. 

8.  As mulheres. O Adido de Defesa na Embaixada há quinze anos deu-me um conselho precioso: "Jovem, se quiser uma coisa para ser mesmo bem feita neste país, dê a tarefa a uma mulher". Concordei tanto que me casei com uma portuguesa. 

9.  A curiosidade sobre, e o conhecimento, do mundo. A influência de "lá" é evidente cá, na comida, nas artes, nos nomes. Portugal é um pais ligado,  e que quer continuar ligado, aos outros continentes do mundo.       

10.  Que o dinheiro não é a coisa mais importante no mundo. As coisas boas de Portugal não são caras. Antes pelo contrário: não há nada melhor do que sair da praia ao fim da tarde e comer um peixe grelhado, acompanhado por um simples copo de vinho. 

Então,  terminaremos a contemplação do país não com miséria, mas com brindes e abraços. Feliz Natal.

Via, Um Bife mal Passado

 

Texto do embaixador da Gran Bretanha em Portugal na hora da sua despedida do país

28
Dez10

Empresa enfrenta chuva de críticas por intimar ex-cliente a apagar textos de blogue

olhar para o mundo

A ensitel e a sua forma de fazer negocios

 

A Ensitel, uma cadeia de lojas portuguesa que vende aparelhos de electrónica, intimou judicialmente uma ex-cliente a apagar textos do seu blogue pessoal, que criticavam a actuação da empresa. O resultado foi uma avalancha de críticas na blogosfera, no Twitter, Facebook, YouTube e outras redes sociais.

 

A explosão de críticas começou esta segunda-feira, quando Maria João Nogueira, autora do blogue jonasnuts.com e ex-cliente da Ensitel, escreveu que a empresa lhe tinha enviado uma providência cautelar para que retirasse uma série de seis textos relativos à empresa e escritos ao longo de 2009.

Nestes textos, Maria João Nogueira narra que a empresa se recusou a trocar um telemóvel defeituoso e que, após uma série de tentativas de troca e de devolução do dinheiro, o caso acabou em tribunal, onde o juiz deu razão à Ensitel.

Maria João Nogueira, que já tinha sido contactada pelos advogados da Ensitel, escreveu no texto desta segunda-feira: “Os senhores cumpriram a ameaça, e no dia 22 recebi a tal citação pessoal, que é um documento de 31 página[s] (sim, 31) em que sou intimada pelo tribunal a constituir um advogado, e é um procedimento cautelar”. A autora do blogue tem desde a recepção do documento dez úteis para constituir advogado e contestar a providência cautelar.

A sucessão viral de reacções que se seguiu à publicação no blogue deve-se em parte ao facto de Maria João Nogueira ser responsável pela gestão da comunidade de blogues do portal Sapo e uma presença frequente nos círculos da blogosfera e das redes sociais portuguesas.

"Não estou satisfeita com nada disto, a verdade é essa", observou ao PÚBLICO Maria João Nogueira. "Para mim o tema já estava morto e enterrado. No dia em que escrevi o post a descrever o último episódio não voltei a escrever sobre o assunto. Eu não queria colocar em causa a reputação de ninguém, eu queria partilhar a minha experiência enquanto consumidora daquela empresa. Fi-lo enquanto durou essa experiência, depois passou, abandonei o tema, nunca me ocorrendo que isto pudesse resultar na actual situação."

A autora, porém, diz estar "obviamente satisfeita com as inúmeras mensagens de apoio".

O advogado Manuel Lopes Rocha, da sociedade de advogados PLMJ, explicou ao PÚBLICO que os casos que se passam na blogosfera se desenrolam “como em qualquer outra situação” deste tipo. “O juiz avaliará se há ou não difamação. Se [os textos] forem factuais, não vejo por que hão-de ser apagados”.

O PÚBLICO contactou a empresa, que remeteu todas as explicações para um comunicado, que foi entretanto distribuído na tarde desta terça-feira e que está também disponível napágina da empresa no Facebook (onde se acumulam os comentários depreciativos, bem como várias queixas de que alguns comentários anteriores foram apagados pela empresa).

No comunicado, sucinto, lê-se: “A Ensitel não põe minimamente em causa qualquer tipo ou forma de liberdade de expressão, mas repudia, rejeita e não aceita ser alvo de uma autêntica campanha difamatória, assente em factos absolutamente falsos que têm como único intuito denegrir a imagem e boa reputação que a Ensitel construiu ao longo de 21 anos, apenas porque o cliente não se conformou com uma decisão judicial que lhe foi desfavorável.”

No Facebook há ainda uma página para criada para criticar a empresa. Já no YouTube foi publicado um vídeo que parodia o caso, sob o título EnSHITel. No FourSquare (um serviço que permite aos utilizadores assinalarem os locais onde estão), um utilizador escreveu: “Esta e uma empresa que processa os seus clientes para removerem opiniões negativas sobre a empresa, nos seus blogs pessoais!!! COMPRAR NA ENSITEL?! Nao obrigado!” [SIC].

O assunto tem sido amplamente abordado no Twitter e já chegou a alguns órgãos de comunicação portugueses. A entrada da Wikipedia relativa à Ensitel também já descreve o episódio.O fenómeno de que a Ensitel está a ser alvo é chamado efeito Streisand e dá-se quando alguém tenta retirar ou minimizar a publicação de algo na Internet, obtendo com essa acção o efeito contrário e acabando por contribuir para a divulgação do material em causa. O nome vem da tentativa levada a cabo pela artista Barbra Streisand de retirar uma fotografia da sua mansão de uma colecção de fotos públicas da costa da Califórnia.

 

Via Público

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