Homossexualidade. Não é uma doença ...
O debate faz lembrar um célebre sketch humorístico sobre o aborto. A homossexualidade não é doença. Mas pode ser tratada. Cientificamente, desde 1973 que não é considerada doença. Mas um indivíduo que sofra com a sua orientação sexual pode pedir ao médico que estabeleça "um plano terapêutico" para a alterar.
Como o assunto é sério e originou uma petição assinada até agora por 871 técnicos de saúde mental, o bastonário da Ordem dos Médicos (OM) decidiu enviar aos signatários uma carta para esclarecer a sua posição. Que, salienta, "só o preconceito ou a má-fé poderiam interpretar como homofóbica".
Princípio da polémica: a 2 de Maio, num artigo de um jornal, o presidente do Colégio de Psiquiatria da OM, José Marques Teixeira, considerava que pode ser possível dar resposta a um homossexual que pede ajuda médica para mudar de orientação sexual. Várias organizações solicitaram ao bastonário que se pronunciasse, ao mesmo tempo que o psiquiatra Daniel Sampaio promoveu a petição exigindo também uma clarificação da Direcção da Ordem e "uma tomada de posição do Colégio da Especialidade de Psiquiatria".
Do Colégio de Psiquiatria ainda não houve "tomada de posição técnica" - já que José Marques Teixeira falou "a título pessoal". O bastonário respondeu às organizações, por escrito, a 14 de Maio e considera que alterar a orientação sexual de "um doente não constitui uma violação ética".
Pedro Nunes destaca que a sua posição é "puramente ética e não técnica". Que devem ser os psiquiatras a "dirimir as divergências técnicas". E que a posição não pode ser descontextualizada dos "se" que a antecedem.
Os pontos prévios são vários. Começam pela declaração de que a orientação sexual não prefigura "qualquer forma de doença". Mas "qualquer ser humano é livre de aceitar ou negar a sua orientação sexual e buscar ajuda médica quando dessa atitude lhe resulta sofrimento". Cabe ao médico "diagnosticar a situação" e "estabelecer um plano terapêutico" que, "respeitando o consentimento informado" do doente, pode ajudar a aceitar a sua orientação ou a "definir a orientação que pretende".
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Via ionline