De Saramago a Sousa Tavares, todos pelo sim ao casamento gay
Vêm das artes, ensino, justiça, política. A lista do Movimento Pela Igualdade (MPI), que defende a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, tem figuras de praticamente todos os quadrantes. Entre elas estão José Saramago, Daniel Sampaio, António Costa, Ricardo Araújo Pereira ou Miguel Sousa Tavares.
O número de subscritores já quase ultrapassou o milhar e alguns estarão presentes amanhã, pelas 16h00, no Cinema São Jorge, onde decorrerá a apresentação oficial do MPI.
"É um assunto que interessa a toda a sociedade civil", justifica Paulo Vieira, activista da Não Te Prives, uma associação de defesa dos direitos dos homossexuais, sedeada em Coimbra. O MPI "nasceu da vontade das 11 associações que organizam as marchas gay de Lisboa e Porto, sem uma estrutura muito concreta". E se, nos finais de Abril, reunia sobretudo pessoas ligadas à causa, um mês depois inclui centenas de figuras públicas e anónimos.
"Começámos por contactar pessoas que foram recolhendo assinaturas. É um trabalho com uma dinâmica de rede não hierarquizada, que vai muito além dos activistas LGBT", explica Vieira, para quem "o tipo de pessoas que aderiu" demonstra a urgência do debate. "A abrangência na defesa da igualdade mostra que a sociedade portuguesa quer esta mudança".
O MPI assume-se como um movimento de pressão da sociedade civil sobre o poder político, também ele representado na lista através de Ana Drago, Edite Estrela, Ana Gomes, entre muitos outros.
Questionado sobre a inexistência de políticos com uma orientação sexual gay - pelo menos de forma assumida -, Paulo Vieira refere que tal se deve "ao facto de a homofobia ainda ser um elemento muito importante na cultura portuguesa". "Ser homossexual ainda é mal visto e as estruturas partidárias não estão isentas dessa discriminação. São um reflexo da sociedade", lamenta o activista.
Portugal é um dos 14 países que ponderam regular o casamento entre pessoas do mesmo sexo (ver caixa). Em Janeiro, perante os militantes socialistas, José Sócrates deixou claro que chegou a altura de promover a discussão sobre os casamentos homossexuais. Trata-se, disse, de "eliminar uma discriminação histórica que não honra nenhuma sociedade aberta".
Via ionline