Falar de sexo é com colegas e não com pais
Apesar de os resultados do inquérito aos adolescentes indicar que estes se sentem mais à vontade para falar sobre sexo com os colegas, a coordenadora do estudo português para a Organização Mundial de Saúde defende mais educação sexual.
Os alunos portugueses podem ter mentido nos inquéritos?
A amostra é representativa dos 6.º, 8.º e 10.º anos. Não há nada [nenhum indicador] que nos diga que não é assim. Os alunos podem mentir à vontade, mas são amostras de cinco mil e não posso acreditar que me andam a pregar partidas desde 1998! Além disso, era difícil que todos mentissem para o mesmo lado. Há problemas que fazem muito barulho [ex: bullying], mas que não são universais.
Os alunos iniciam a vida sexual mais tarde. Isso contraria a ideia de que ter educação sexual na escola pode levá-los a começar mais cedo?
Estou preocupada porque eles atrasam o início da vida sexual mas não têm mais informação [do que antes]. Os jovens não privilegiam os pais nem os professores para falar de sexualidade ou de infecções sexualmente transmissíveis. A vontade de falar de sexualidade é com os colegas. A maioria diz que aprende via Internet ou televisão, o que é um risco. É muito difícil para um adolescente aos 11 anos ver o professor como seu interlocutor, mas se for assim desde os cinco anos, pode ser uma maneira de crescer na conversa natural e afectiva sobre sexualidade.
Como olha para os cortes anunciados para a educação sexual nas escolas?
Os problemas na saúde e na educação não são económicos, mas de desperdício, porque não aproveitamos o que já existe. Gostava de ver a classe docente a tomar poder sobre as suas competências e a resolver isto.
Via Público