Libertem o Nobel: dissidente chinês Liu Xiaobo vence Nobel da Paz 2010
Era o favorito ao prémio Nobel da Paz deste ano e as suspeitas confirmaram-se. Contra as ameaças da China - que garantiu que cortaria todas as relações comerciais e diplomáticas com a Academia do Nobel caso atribuísse o prémio ao dissidente chinês, Liu Xiaobo tornou-se, esta manhã, no novo Prémio Nobel da Paz.
O crítico literário estava indicado pela defesa da democracia e dos direitos humanos na China. O activista político está actualmente preso e, também por isso, era o favorito de muitos entusiastas.
Nascido em 1955, em Changchun, Jilin, o professor universitário licenciado em Literatura envolve-se desde cedo no trabalho de vários grupos activistas, como os Repórteres Sem Fronteiras, e em manifestações políticas pacíficas, sendo a mais famosa os protestos de 1989 na Praça de Tiananmen.
Liu tem sido, acima de tudo, um ferrenho crítico do Partido Comunista da China e alcançou fama com ao Manifesto que o levou de imediato para trás das grades: a Carta08, um documento de apoio aos direitos humanos e às reformas democráticas na China, contra a repressão do regime, que recebeu milhares de assinaturas pelo mundo fora.
Tal como a Academia do Nobel, que com a atribuição deste prémio a Xiaobo vem pressionar o regime comunista chinês a libertar o activista, também o Congresso dos EUA tem apoiado a libertação de Liu. Investigadores internacionais e activistas dos direitos humanos escreveram uma carta aberta a chamar a atenção para a figura de Xiaobo, ainda que não tenham conseguido convencer os chineses de que o professor foi preso pelo regime.
Minutos antes do anúncio do Nobel da Paz 2010, o presidente do comité Nobel veio adiantar que o vencedor deste ano teria um nome fácil de pronunciar e seria uma escolha unânime. "Temos de tentar captar o que está a acontecer no mundo, identificar o que é que queremos encorajar e penso que fomos capazes de atingir esse objectivo [com o prémio deste ano]", disse ainda Thorbjoem Jagland.
Xiaobo junta-se a uma lista longa de Nobel da Paz, entre eles o do ano passado, Barack Obama, que levou a bastante criticismo.
Este ano, o dissidente chinês competia com nomes como Bill Clinton, Bono Vox, a afegã Sima Samar, o primeiro-ministro do Zimbabué, Morgan Tsvangirai, e até o Tribunal Especial para a Serra Leoa e... a internet, pelo seu papel na ligação dos manifestantes pós-presidenciais no Irão e da oposição do país ao resto do mundo.
Depois do anúncio, Jagland respondeu a perguntas dos jornalistas e admitiu a possibilidade de Xiaobo não ter conhecimento de que é o novo Nobel da Paz durante os próximos tempos, já que na prisão vive impedido de estar a par da actualidade.
Via Ionline