Sexo, as opções que não escolhemos

Muitas questões podem ser escolhidas e alteradas ao longo do tempo, das coisas mais simples, como a cor do cabelo, o estilo da roupa que vamos vestir, até questões mais complexas como escolher os amigos que nos acompanharão pela vida, o marido ou a esposa, se vamos querer ter filhos, a profissão que vamos seguir, a religião que mais nos agrada, se vamos ser honestos ou desonestos, se vamos ser mentirosos ou verdadeiros, se vamos ter bom caráter ou não e por aí vai.
A homossexualidade, assim como a bissexualidade, a transexualidade e a heterossexualidade não é algo que escolhemos desenvolver ao longo da vida. Trata-se de uma característica nata, isto é, nascemos com um tipo de orientação sexual e só a descobriremos durante o nosso crescimento, com a ajuda das experiências que tivermos. O que pode ser escolhido, neste caso, é se vamos aceitar ou não a nossa orientação sexual e que tipo de relações afetivas teremos.
As pessoas costumam generalizar e atribuir problemas psicológicos e sociais aos homossexuais e transexuais, pois muitos ainda acreditam ser algum tipo de desvio moral, de personalidade, falta de uma boa educação, traumas de infância e outros absurdos, mas o que poucos conseguem perceber é que o maior causador de transtornos psicológicos e sociais entre os homossexuais é a discriminação.
O grande mal é deixar que as pessoas julguem o que é melhor para os outros, baseando-se em idéias e escritos antiquados, em religiões que cegam, em arrogância e fobias infundadas. São essas concepções que devem ser alteradas para uma aceitação maior, um respeito pela vida e sua diversidade cultural, racial, social, sexual, entre tantas outras.
Não estamos violando nada, não prejudicamos a ninguém, não estamos revolucionando coisa alguma, pois a diversidade sexual existe, sempre existiu e sempre existirá. Este é um fato que sociedade alguma tem como negar, então o que resta é aceitar e reparar um erro que tem se repetido por séculos, que é negar a igualdade de direitos aos homossexuais e criminalizar a homofobia.
Criar um novo conceito dá trabalho e leva tempo, mas se não começarmos de algum modo, estaremos perpetuando crimes bárbaros como os de “estupro corretivo” que vem acontecendo na África do Sul, por exemplo. No Brasil ainda é comum ver gays e lésbicas apanhando nas ruas, fazendo com que um simples beijo em público ou andar de mãos dadas seja algo arriscadíssimo de se fazer.
A homossexualidade é tão natural e espontânea quanto a heterossexualidade, isto é, fomos concebidos assim e educação alguma altera a orientação sexual de uma pessoa. Heterossexuais que possuem segurança no que sentem, que tem a convicção de que nasceram assim e que não irão mudar sua orientação sexual, conseguem entender que o mesmo ocorre com os homossexuais e sabem respeitá-los mesmo não entendendo como ocorre essa diferença.
Quem acredita que é possível “curar” um homossexual, deve acreditar que é possível um heterossexual adquirir a homossexualidade um dia, isto é, não possuem segurança alguma quanto ao seu gosto pelo sexo oposto.
Ser homossexual, bissexual, transexual, heterossexual, branco, negro, oriental, homem ou mulher, não é uma questão de escolha, mas respeitar ou discriminar o outro, é. Saibamos sempre vigiar as nossas próprias escolhas, os nossos atos, pois é isso que determinará o quanto evoluímos no final das nossas jornadas.
Que todas as pessoas saibam, acima de tudo, respeitar sua própria natureza e fazer dessa experiência algo engrandecedor para si mesmo e para a sociedade que ainda tem muito o que aprender.
Via Parada Lsbica