Os Scorpions preparam-se para pôr fim a 40 anos de carreira com um álbum e uma longa digressão, mas sabem que a despedida vai ser dolorosa e insuportável, disse o guitarrista Matthias Jabs à agência Lusa.
A banda rock-metal alemã anunciou em janeiro que iria acabar, mas a razão não teve a ver com conflitos ou desentendimentos entre os músicos.
"Em vez de nos dizerem daqui a dez anos que estamos velhos, é melhor acabar agora com classe e estilo. Ainda estamos saudáveis, em boa forma e a parecer mais novos do que somos", sublinhou Matthias Jabs, 54 anos, 32 dos quais passados nos Scorpions.
Podem já não ter o mesmo fulgor de há décadas, podem alimentar ódios de estimação, mas as baladas rock e os temas mais pesados têm um público fiel que atravessa várias gerações. "São três gerações: os que estão connosco desde o primeiro dia, os seus filhos e agora miúdos de 12 anos, 14 anos, que nos vêm no Youtube, que conhecem músicas muito mais velhas do que eles", constatou.
A decisão de terminar foi tomada já quando os Scorpions tinham concluído o álbum "Sting in the tail", a editar em março.
"O manager ouviu o álbum, achou que estava ótimo e sugeriu-nos que devíamos pensar em terminar a nossa longa carreira, com uma longa digressão, que nos levasse a todos os sitios onde tocámos antes", recorda o músico.
A banda aceitou a sugestão e embarcará em março numa digressão mundial que percorrerá grande parte dos países onde tocou em 40 anos de carreira.
Matthias Jabs garante que os Scorpions estarão em Portugal no final deste ano ou no verão de 2011, regressando a um público que o tem acolhido sempre com simpatia - "os fãs portugueses são muito sensíveis".
A partir de março, serão cerca de três anos na estrada em despedidas sucessivas junto de diferentes públicos.
"Para ser franco, anunciamos já o fim para que as pessoas não venham depois dizer que perderam um concerto. Não vamos fazer como os Kiss que acabam e depois voltam à estrada. Quando acabármos, acabamos mesmo", avisa o guitarrista.
A decisão está tomada, mas Matthias Jabs admite que "vai ser muito difícil, vai ser terrível".
"O último dos últimos concertos, que ainda não sabemos onde será, provavelmente vai ser insuportável, muito triste", antecipa.
Sobre o novo álbum, o músico diz que é possivelmente o melhor que já fizeram, é um disco para celebrar, que não esquece as baladas rock, como a que encerra o alinhamento, ao melhor estilo dos Scorpions.
"Chama-se `The best is yet to come´, e agora que vamos acabar até ganha outro sentido, não é?", pergunta Matthias Jabs.
Quando tudo terminar, o quinteto liderado por Klaus Meine ficará com um currículo com mais de cem milhões de discos vendidos em todo o mundo, uma discografia que inclui, por exemplo, um álbum acústico gravado em Lisboa, e muitas recordações.
"Eu lembro-me do dia em que ensaiei para entrar na banda, do primeiro concerto, das pessoas que conhecemos, de todas as religiões e raças. Foi uma vida fantástica e muito rica. A memória mais forte será, afinal de tudo, o último concerto de todos", adianta.
Depois disso, Matthias Jabs sabe o que vai fazer.
"Depois do último concerto, onde quer que seja, não vou apanhar o avião para ir para as Bahamas. Não quero andar de avião, quero evitar os aeroportos, deixem-me em paz. Vou passar a andar de carro e vou continuar a fazer música, nem que seja a tocar guitarra em casa", garantiu.
Via Ionline