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Nov09
O erotismo da biblia
olhar para o mundo
O biblista frisou que o Cântico "é o maior exemplo dessa linguagem que, ainda assim, é transversal às escrituras",mas avisou que, "longe de ser condenável e muito menos desprezível, a dimensão erótica assume-se fundamental para revelar e definir o Homem e a relação com Deus".
Estas foram algumas das conclusões retiradas da comunicação do especialista no II Congresso Internacional de Pedagogia sobre "Sexualidade e educação para a felicidade" que encerra hoje na Faculdade de Filosofia de Braga, da Universidade Católica.
Tolentino Mendonça, que abordou o tema "Elementos bíblicos para uma erótica cristã", começou por referir que a estranheza que a abordagem desta temática ainda causa é algo com "raízes profundas no interior e exterior do espaço eclesial, é um problema cultural".
Erotismo é da natureza humana
Em sua opinião, "o mais normal é que o homem como animal erótico seja desprezado pelos discursos. Mas isso é o mesmo que negar a própria humanidade do homem".
O orador chamou a atenção dos presentes para o facto da Bíblia descrever, desde o Génesis, um homem sexuado sem que isso esteja ligado à condição do pecado: "A sexualidade bíblica não é contra a erótica nem se resume a enumerar o proibido, registando um elogio ao amor, aos corpos e ao relacionamento", referiu.
Não sendo o Deus do Antigo Testamento uma entidade representável corporeamente - em antítese aos deuses (ídolos) dos povos vizinhos dos hebreus -, o perito acentua que "Deus também se pode dizer pela dimensão erótica".
É que, - sublinhou - "o carnal é, antes de uma avaliação moral, condição identitária do vivente".
Para o sacerdore, a erótica é "o reconhecimento do que sou e do que o outro é", já que "tudo tem uma conotação sexual porque tudo tem uma conotação humana".
Recomendando a leitura do "Cântico dos Cânticos", Tolentino Mendonça sustentou que "a erótica define-nos por dentro e não pela nossa função" e que aquele livro bíblico "não nomeando Deus consegue fazê-lo depreender" com claridade.
Via Sic