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Um olhar sobre o Mundo

Porque há muito para ver... e claro, muito para contar

Porque há muito para ver... e claro, muito para contar

Um olhar sobre o Mundo

24
Jan12

O sexo faz bem

olhar para o mundo
Há "ticklers" para todos os gostos

 

Vibradores sofisticados que carregam por USB. "Ticklers" coloridos de silicone, semelhantes a peculiares instrumentos alienígenas, mas que afinal provocam umas quantas (e aprazíveis) cócegas. Anéis vibratórios, óleos, fragâncias. Tudo com assinatura. Tudo com design.

 

"O sexo faz bem e torna as pessoas melhores." Partindo desta premissa, um colectivo de designers e "gente de bom gosto e espírito aberto" criou a Little Everyday Pleasures (LEP), um portal que, depois de alguns adiamentos, será lançado dentro de um mês.

 

Não ao sexo 'kitsch'

Aqui não há nomes, o conceito não passa por aí, avisam. Interessa sim dizer adeus aos "veludos, à renda, ao estilo 'boudoir', ao sexo 'kitsch'".

 

"A ideia foi criar um sítio com que nos identificássemos visualmente e que fugisse do imaginário que habitualmente rodeia um vibrador e um dildo."

 

Não se consideram uma "sex shop", mas sim uma "boutique" que vende objectos de prazer e de design. Palavras de ordem: sofisticação e simplicidade. É um ambiente 'clean', mas colorido. Criativo e funcional. E em inglês: "Não vamos ficar cingidos ao nosso país só porque é curto." A verdade é que mesmo lá fora não há muitos projectos deste género. 

  

O conhecimento destes objectos e produtos veio do trabalho ligado ao design. Começaram a ver que muitos "nomes importantes" estavam a desenhar produtos de prazer. Tom Dixon, o designer que está por trás da gigante Habitat, já assinou um vibrador para a marca de lingerie Myla. O seu discípulo, Michael Young, criou "Saba", apresentado com muita pompa e pouca circunstância (construiu um lustre com 350 vibradores). 

 

"Temos objectos que podem estar perfeitamente à vista, não envergonham ninguém." O objectivo também não é promover tabus. O propósito da LEP está traçado: "Ajudemos as pessoas a libertarem-se!" 

 

As ilustrações eróticas de Júlio Dolbeth


A imagem do site foi criada por Júlio Dolbeth, o único nome assumido do projecto. Os desenhos são simultaneamente sensuais e cómicos. Também as secções do site têm um registo diferente. Em "Bling Bling" encontram-se acessórios "luxosos e requintados", como pestanas postiças e roupa interior. "Warm-up" remete para os preliminares. Há velas e lubrificantes, mas também "playlists".

 

"Paper on demand" é uma das partes "mais bonitas do site", acreditam os criadores. Vendem-se livros, ilustrações, revistas, filmes. Aqui está "Dirty Diaries", trabalho controverso financiado pelo Instituto de Cinema da Suécia, uma colecção de 13 curtas pornográficas realizadas por feministas suecas. Há fotografias de Brett Lloyd e revistas como a Kink e a Marikink da dupla Paco & Manolo ou a Richardson. 

 

Via P3

30
Out11

Porto é o quarto destino mundial predilecto

olhar para o mundo

Porto é o quarto destino mundial predilecto
 

A revista Lonely Planet colocou o Porto como o quarto destino mundial predilecto para 2012, elogiando a beleza da cidade e a competitividade dos seus preços.

 

"A cidade que deu o "Port" a Portugal (tal como o Porto no seu copo de vinho) é uma aposta muito boa", refere a "bíblia" para milhões de viajantes de todo o Mundo.

 

A Lonely Planet elogia a "cidade encantadora", realça a "atmosfera das suas ruas estreitas" e indica "praças estilo vila e edifícios enfeitados de azulejos", dando também destaque ao vinho do Porto.

 

"Está ligada à maior parte da Europa através de companhias aéreas de baixo custo", acrescenta o trabalho, que destaca ainda os alojamento a preços acessíveis com vista para o Douro, visitas de barco à Afurada, viagens de eléctrico e a proximidade com o Alto Douro, bem como os cruzeiros até lá.

 

A lista de 10 destinos inclui ainda o nordeste dos Estados Unidos (Nova Iorque, Boston e Wahington), o Japão, Tadjiquistao, Lesoto, Iquitos (Peru), San Francisco (Estados Unidos), Ohrid (Macedónia), delta do Mekong (Vietname) e Mérida (México).

 

Via JN

15
Out11

Muito humor, Peanuts e novos autores portugueses na BD da Amadora

olhar para o mundo
O Festival da Amadora decidiu assinalar este ano os 60 anos da série americana Peanuts
O Festival da Amadora decidiu assinalar este ano os 60 anos da série americana Peanuts (DR)
O humor é o tema central da 22ª edição do Festival Internacional de BD da Amadora, que este ano decorre entre 21 de Outubro e 6 de Novembro.

A exposição “O Humor na Banda Desenhada”, situada no Fórum Luís de Camões (Brandoa) – onde estará instalado o núcleo central do festival –, celebra o centenário do humorismo em Portugal e o peso que ele tem na banda desenhada nacional. Em destaque está a criação, em 1911, da Sociedade de Humoristas Portugueses. O segundo módulo é dedicado ao humor na BD internacional e ao seu papel na evolução histórica e geográfica desde 1800 até ao tempo presente.

O Festival da Amadora decidiu também assinalar este ano os 60 anos da série americana Peanuts, criada em Outubro de 1950 por Charles M. Schulz, com uma exposição antológica, desenvolvida em colaboração com a Peanuts Worlwide e o Museu Charles Schulz.

A nova geração de autores portugueses está amplamente representada numa mostra colectiva que apresenta originais de Rui Lacas (álbum “Asteroid Fighters”, prémio para o melhor álbum português em 2010), Filipe Andrade (álbum “BRK”, prémio do melhor desenho de álbum português), Filipe Melo (álbum “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy”, prémio do melhor argumento de álbum português), Nelson Martins (“Tout sur les Célibataires”, prémio do melhor álbum português em língua estrangeira) e Richard Câmara (prémio da melhor ilustração para livro infantil, “O Homem que ia contra as Portas”).

Ainda na Brandoa, a exposição “Ano Editorial” apresenta os livros nomeados para os prémios nacionais de BD 2011, a atribuir pelo festival.

Como em anos anteriores, a organização promove extensões do festival em outros equipamentos culturais do concelho da Amadora. Assim, a Galeria Municipal Artur Boal recebe uma exposição antológica de Fernando Relvas. Na Casa Roque Gameiro podem ser vistos os originais de Yara Kono, prémio nacional de ilustração em 2010. 

Nos Recreios da Amadora estará patente a exposição “AmadoraCartoon”, enquanto no Centro Nacional da BD e da Imagem se apresenta a exposição “História com Humor”, dedicada a Artur Correia e António Gomes de Almeida. No Museu Municipal de Arqueologia pode ser vista a mostra “Um Dia há Quatro Mil Anos, Um Menino como Eu”, de João Martins. 

Finalmente, a Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos acolhe “José Pires, 50 Anos de BD” e a Escola Superior de Teatro e Cinema recebe as pranchas originais do álbum “É de Noite que Faço as Perguntas”, de David Soares, André Coelho, Daniel Silvestre, João Maio Pinto, Jorge Coelho e Richard Câmara.

Além da habitual presença de autores portugueses, para participarem em sessões de autógrafos, debates e encontros, estarão este ano na Amadora Alex Baladi (Suíça), Luiz Gê (Brasil), Roberta Gregory (Estados Unidos), Juan Cavia, Santiago Villa (ambos da Argentina) e Eric Maltaite (Bélgica), entre outros.

03
Jun11

Naturistas com apenas sete praias em Portugal

olhar para o mundo
Naturistas com apenas sete praias
A prática do nudismo necessita de uma «maior abertura» porque pode ser uma fonte de receita turística para Portugal, defende o presidente da Federação Naturista, lembrando que há apenas «sete praias ditas legais», todas a sul do Tejo.

O turismo naturista é o «nicho que mais tem crescido em todo o mundo», com cerca de 100 milhões de praticantes, e Portugal «está completamente fechado» a este mercado, criticou o presidente Federação Portuguesa de Naturismo, Rui Martins.

 

As praias «ditas legais para a prática do naturismo nunca são suficientes», sendo que neste momento, «existem apenas sete praias oficiais», a última das quais - praia da ilha Deserta - foi aprovada em Fevereiro pela Câmara de Faro.

 

As praias para esta prática na zona de Lisboa são as do Meco e a da Bela Vista, na costa alentejana a das Adegas, Alteirinhos e Salto, e no Algarve a do Barril e Ilha Deserta, além de outras 19 reconhecidas como praias mistas, referenciadas em roteiros internacionais, mas «todas são aberta a toda a gente», referenciou.

 

Em relação à lei, Rui Martins, defende que «não seria preciso legislação», porque é uma «filosofia de vida», traduzida na «prática da nudez colectiva, no propósito de favorecer o respeito pelo meio ambiente», ou como Rui Martins lhe chama «nudo-naturismo».

 

As pessoas com esta filosofia «dão-se todas bem» e para manterem o «contacto uns com os outros» frequentam dois parques de campismo, propriedade de estrangeiros [Holandeses], a piscina do Alvito que tem um “horário naturista com cerca de 40 pessoas por sessão” e um SPA no Porto, acrescentou.

 

Os «naturistas não têm nada a esconder» pelo que «não precisam de fugir de nada», incluindo dos «mirones que ainda vão aparecendo, mas em muito menor número», disse Rui Martins.

 

Via Sol

05
Abr11

Governo proíbe arma TASER em situações idênticas à de Paços de Ferreira

olhar para o mundo
Governo proíbe arma TASER em situações idênticas à de Paços de Ferreira
 
O ministro da Justiça proibiu a utilização de armas eléctricas sobre reclusos em situações como a que ocorreu recentemente em Paços de Ferreira, para preservar os direitos fundamentais dos detidos, segundo um despacho publicado hoje em Diário da República.

Em causa está a actuação, a 17 de Setembro de 2010, de elementos do Grupo de Intervenção de Segurança Prisional (GISP), que recorreram a descargas de uma arma TASER X26 face a um prisioneiro que se recusava a limpar a sua cela, no Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira.

Além da investigação que corre, esclarece o ministro Alberto Martins no documento publicado hoje em Diário da República, o caso«levou à abertura de processos disciplinares ainda em curso» e foi também «dada ao Ministério Público notícia dos factos apurados».

No entanto, e enquanto decorrem as investigações, o ministro considera importante «não deixar de tomar medidas que inequivocamente reforcem a tutela de direitos fundamentais e previnam situações como a ocorrida».

Acrescenta que, simultaneamente, deve «impulsionar-se o já previsto processo de revisão do regulamento de utilização de meios coercivos, avaliando a forma como tem vindo a ser aplicado».

No imediato, o despacho do ministro ordena que «não sejam utilizadas armas e dispositivos eléctricos em situações idênticas ou similares à ocorrida no dia 17 de Setembro de 2010, na secção de segurança do Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira».

Determina ainda que «sejam objecto de filmagem integral quaisquer intervenções do GISP em que haja utilização de armas, incluindo armas e dispositivos eléctricos».

A utilização desta arma eléctrica em Paços de Ferreira foi justificada pelo GISP por se tratar de «uma situação anormal que estava a acontecer há semanas», envolvendo um recluso que se recusava a limpar a cela, cheia de dejectos, e quando os restantes, no mesmo sector iniciavam uma greve de fome por «não suportarem» uma situação que «estava a pôr em causa» a sua saúde.

O actual regulamento define que a utilização de dispositivos eléctricos nas cadeias só é permitido «quando seja impossível alcançar a mesma finalidade através do uso da força física ou de um gás neutralizante» e estará dependente da autorização dos directores dos Estabelecimentos Prisionais.

Segundo a regulamentação actual, as «armas e dispositivos eléctricos visam, de forma instantânea, neutralizar temporariamente a capacidade motora do recluso», mas a sua utilização «só é admitida quando seja estritamente necessária à salvaguarda ou reposição da ordem e da disciplina», ou ainda, em caso de legítima defesa.

A quantidade, duração e intensidade das descargas eléctricas «são as estritamente necessárias para fazer cessar a conduta ilícita do recluso», utilizando-se ciclos «tão curtos quanto possível e cessando logo que seja possível imobilizá-lo por outros meios ou algemá-lo».

 

Via Sol

05
Abr11

INE retira perguntas dos Censos

olhar para o mundo
INE retira perguntas dos Censos
 
O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai ser obrigado a eliminar duas perguntas da base de dados criada para os Censos 2011.

Em causa, soube o SOL, está a pergunta do Questionário de Família sobre se determinada pessoa tem uma relação em união de facto com um parceiro do mesmo sexo ou de sexo diferente, e se reside com esse mesmo parceiro.

E outra, no espaço C do mesmo questionário, em que se exige a cada cidadão que indique o nome e o sexo das pessoas que, não sendo residentes no seu alojamento, aí estavam presentes no dia 21 de Março.

Por considerar que se trata de informação «sensível», da esfera da«vida privada», a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) proibiu o INE de registar, nas bases de dados criadas de propósito para esta operação estatística, todas as informações que já tiverem sido recolhidas até ao momento, através dos formulários em papel ou via internet.


Pedido bastante tardio 


Esta decisão só agora foi tomada - «em momento bastante tardio e numa altura em que já estava em marcha a recolha dos dados», frisa a CNPD - porque só no passado dia 10 é que o INE pediu autorização aos juristas desta Comissão para tratar a informação deste recenseamento. «Tendo em conta que os questionários do inquérito-piloto e os da operação real eram idênticos, entendemos que a notificação do primeiro seria suficiente» - justificou ao SOL fonte oficial do Instituto.

Já em 2010, quando pela primeira vez foi chamada a pronunciar-se sobre este assunto - estava então em curso o inquérito piloto, lançado em Abril desse ano -, a CNPD tinha alertado o INE para o carácter sensível destas e de outras questões (como a religião e problemas de saúde ou decorrentes da idade), cuja resposta deveria ser facultativa, por serem relativas à orientação sexual e à intimidade da vida familiar.

No entanto, o INE - que já nessa altura informou a Comissão fora de horas - teve entendimento diferente, alegando ainda que já não era possível alterar o conteúdo dos formulários digitais e em papel.

O INE tem agora 15 dias para informar aquela Comissão sobre as medidas que vai tomar para proteger devidamente os dados pessoais a inserir ou já inseridos na base de dados. Até quarta-feira - décimo dia de resposta pela internet - mais de dois milhões e meio de pessoas tinham respondido aos Censos através do site do INE - o equivalente a meio milhão de alojamentos recenseados.

 

Via Sol

29
Mar11

Manuais de História ainda contam o mundo à moda do Estado Novo

olhar para o mundo
 
Guerra colonial tende a ser descrita como uma guerrilha sem propósito
 
Os manuais de História do 3º ciclo do ensino básico continuam a perpetuar "muitos dos discursos do Estado Novo". São apresentados de um modo "mais subtil e suavizado", mas constituem "um corpo ideológico" que continua a condicionar o modo como se fala do racismo, do nacionalismo e da "história dos outros". As constatações são da investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra Marta Araújo e têm como base uma análise dos cinco manuais de História mais vendidos, em 2008/2009, no 7º, 8º e 9º anos de escolaridade.
 

Esta análise constituiu o ponto de partida para a investigação Raça e África em Portugal, que Marta Araújo lidera no CES. No âmbito deste projecto, que ficará concluído em Agosto, estão a ser realizadas também entrevistas a historiadores, estudantes universitários, professores e alunos do 3º ciclo.

"Tentámos ir mais além da identificação das representações dominantes. Sabemos que são estereotipadas, existem imensos estudos que o mostram. Em vez de fazermos mais um, assumimo-los como ponto de partida e fomos antes tentar explorar a ideologia que lhes subjaz e o modo como através desta se naturalizam as relações de poder", explica a investigadora.

Como se conta o mundo então? "Garantindo a presença da Europa no seu centro." "Este eurocentrismo exprime uma pretensão universalizante, através da qual o modelo de desenvolvimento europeu ocidental é adoptado como padrão para avaliar todas as outras sociedades", explica Marta Araújo.

Clara Serrano, investigadora dos Centros de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra, também tem andado à volta dos manuais de História do ensino básico e à semelhança de Marta Araújo constatou que nestes livros " a história universal é estruturada e apresentada a partir de uma perspectiva marcadamente eurocentrista". "A história dos outros continentes é muito pouco leccionada - e, quando é, é-o como efeito secundário do conhecimento de actividades de descobrimento e colonização protagonizadas por povos europeus", explicita. Não é um exclusivo: "É curioso verificar que os próprios manuais dos países não europeus não conseguiram escapar a esta linha europeísta."

Para Marta Araújo, o eurocentrismo como ideologia ganha eficácia "através da despolitização". Por exemplo, a guerra colonial tende a ser descrita "não como uma guerra de libertação, mas sim como uma guerra de guerrilha sem um propósito". Há livros em que as únicas imagens reproduzidas são a de soldados portugueses mortos, uma forma, segundo a investigadora, de reforçar uma narrativa recorrente. "Também a encontramos, por exemplo, nos capítulos da Reconquista da Península Ibérica. E a imagem que se faz passar é que nós, portugueses, fomos forçados a sermos violentos, enquanto eles, sejam angolanos ou mouros, são naturalmente violentos e bárbaros."

É o que está patente nestes trechos apresentados em manuais do 7º e 9º ano e que são reproduzidos pela investigadora num artigo publicado na revista Estudos de Sociologia.

Sobre a Reconquista: "No século VIII, os Cristãos viram a sua vida quotidiana - em si bastante instável - ameaçada pela chegada dos Muçulmanos. Em consequência os Cristãos estabeleceram contacto com os Cruzados de outros reinos Cristãos Europeus com os quais reuniram esforços para recuperaram os territórios perdidos(...)."

Sobre a guerra colonial: "Um sentimento generalizado de medo entre os colonos levou-os a matar muitos indígenas enquanto outros fugiram, indo juntar-se aos guerrilheiros. Posteriormente, tribos do Norte de Angola assassinaram centenas de colonos."

"Há sempre um jogo que naturaliza a nossa violência e que esvazia o lado político da luta deles", frisa Marta Araújo.

"Ranking dos colonialismos"

Num manual do 8º ano explica-se que os portugueses foram para África, porque queriam fazer comércio. O modo como se narra o que aconteceu então e depois acaba por dar corpo a uma espécie de "ranking dos colonialismos". "O racismo é sempre tido como um fenómeno circunscrito e associado aos impérios francês e britânico." As atrocidades ficam sobretudo por conta dos espanhóis. E a nós atribuem-nos uma espécie de "colonialismo suave", uma leitura que, segundo Marta Araújo, voltou a ganhar força nos últimos dez anos.

Com a ênfase europeia no multiculturalismo, Portugal volta a apresentar-se como tendo um papel pioneiro, ressuscitando "o discurso lusotropicalista que foi apropriado pelo Estado Novo" - essa ideia de que os portugueses sempre tiveram melhor capacidade de adaptação a outros povos e culturas. "Nunca se discute o fenómeno do racismo. Ou é tido como um fenómeno circunscrito a outros, ou como uma atitude individual, ou como ligado a situações extremas, como o nazismo", frisa.Não por acaso, acrescenta, na maioria dos manuais não existe uma única referência aos ciganos: "É uma parte da população que desapareceu." Os manuais escolares, sendo um dos principais recursos utilizados nas salas de aulas, "dizem bastante sobre o modo como se ensina a História nas escolas", afirma Clara Serrano.

Existe uma "simplificação" que é potenciada pela extensão dos programas em vigor e a carga horária reduzida atribuída à disciplina. E esta simplificação contribui para o êxito de um propósito, adverte: "Não nos podemos esquecer que os manuais são transmissores de valores que a instituição escolar e, em última análise, o poder instituído pretendem transmitir. Por isso, a escolha da linguagem, do estilo, a selecção dos assuntos e dos textos, a organização e hierarquização dos conteúdos não será de todo inocente."

 

Via Público

 

14
Mar11

Protesto Geração à Rasca dá origem a fórum das gerações

olhar para o mundo

Protesto Geração à Rasca dá origem a fórum das gerações

 

A página na rede social Facebook sobre o protesto de ontem da "geração à rasca", que levou milhares às ruas em várias cidades do país, desapareceu para dar origem a uma outra designada Fórum das Gerações-12/3 e o Futuro.

 

Depois de cerca de 300 mil pessoas terem participado, só em Lisboa e no Porto, do protesto de ontem, os jovens que estiveram na origem da manifestação acharam que era hora de começar a debater ideias e apresentar propostas concretas, resume uma das organizadoras, Inês Gregório.

“Trezentas mil pessoas é muito potencial humano e interventivo”, sublinha. Aos emails dos organizadores chegaram muitas mensagens de pessoas que foram à manifestação e perguntam:“E agora?”. Inês Gregório, licenciada em História de Arte, nota que “demonstrar descontentamento é muito importante, mas tem que ser consequente”. 

Há quem reclame novas manifestações, mas os jovens que estiveram na origem do protesto propõem que a fase seguinte seja “criar fóruns de debate para apresentar propostas concretas”. Em tempo de rescaldo da manifestação estão marcadas duas reuniões na terça e quarta-feira, em Lisboa e no Porto, para passar a esta fase seguinte. O objectivo final é sabido: “Queremos melhores condições no trabalho, o reconhecimento da capacidade de quem trabalha”.

O debate vai começar, no início, nas redes sociais, mas a ideia é sair da Internet e englobar muitas das pessoas de todas as gerações que compareceram ao protesto e cujo “capital de ideias, experiências laborais e políticas não pode ser desperdiçado”.

Na página já havia vários tópicos de discussão abertos. Num deles, empreendedorismo, lia-se que se aceitam propostas para a criação de pequenas e médias empresas, com vista à criação de novos postos de trabalho; em reforma das instituições políticas, sugere-se a ideia de dar a possibilidade a movimentos cívicos de concorrer a actos eleitorais.

 

Via Público

09
Mar11

Quem fugir aos Censos arrisca multas de 250 a 3740 euros

olhar para o mundo

Censo 2011

 

De acordo com o que está fixado na lei, quem deixar de fornecer informações para os Censos no prazo devido, quem fornecer "informações inexactas, insuficientes ou susceptíveis de induzir em erro" ou se opuser "às diligências das pessoas envolvidas nos trabalhos de recolha de dados" incorre numa contra-ordenação, que é punível com coima de 250 a 3740,98 euros. Caso a infracção se deva a negligência, a multa é reduzida para metade. Além disso, se houver um pagamento voluntário da coima, apenas se tem de pagar o valor mínimo. De acordo com a lei, o dinheiro da multa reverte em 40 por cento para as autoridades estatísticas e em 60 por cento para o Estado.

Pior mesmo só a moldura penal para quem viole o segredo estatístico a que estão sujeitas todas as pessoas que trabalham para os Censos. Quem divulgar dados individuais do recenseamento pode ser punido civil e criminalmente, arriscando uma pena de prisão até um ano ou, no caso de ser funcionário do INE, até três anos.


De acordo com o instituto, nunca houve registos de violação do segredo estatístico e a actuação do INE quanto à falta de resposta aos inquéritos tem sido branda. "Até à data, apesar de ter enquadramento legal para o fazer, o INE nunca teve necessidade de aplicar coimas aos cidadãos, uma vez que sempre recebeu da população a colaboração indispensável", esclarece a responsável de comunicação, Manuela Martins. "Não antecipamos que seja numa operação com a importância dos Censos que essa colaboração vá falhar", conclui.

Campanha de três milhões

 

 

 

A partir de hoje, os recenseadores vão começar a bater à porta dos portugueses para entregar os questionários dos Censos 2011. O Instituto Nacional de Estatística (INE) está a investir três milhões de euros numa campanha de sensibilização para garantir o sucesso daquela que é a maior operação estatística nacional. Mas a resposta ao recenseamento geral da população e da habitação é obrigatória por lei e quem faltar a este dever ou prestar informações inexactas arrisca-se a uma multa até 3740 euros.

 

 

É para garantir uma taxa óptima de respostas que o INE está a investir três milhões de euros numa campanha multimédia de comunicação. Em relação a 2001, o investimento reduziu-se em 30 por cento, graças, em parte, à reutilização da campanha dos últimos Censos, que foi adaptada à nova operação. 

Em 2001, a taxa de cobertura líquida foi de 100,7 por cento, o que significa que foram recenseadas mais 0,7 por cento das pessoas residentes do que deviam ter sido. Isto decorre de ter havido pessoas que responderam aos inquéritos e não o deveriam ter feito, como, por exemplo, os proprietários de uma segunda habitação.

A distribuição dos questionários pelos 18 mil recenseadores envolvidos decorre até dia 20 de Março e todo o trabalho é realizado em estreita articulação com as câmaras municipais e as juntas de freguesia, bem como com as forças policiais (ver caixa).

As grandes novidades este ano são a possibilidade de resposta pela Internet e a georreferenciação dos edifícios. Pela primeira vez, o INE vai reunir as coordenadas geográficas de cada edifício que vai ser recenseado, o que permitirá ter informação a uma escala 20 vezes mais pormenorizada do que a actual.

Além disso, o recenseamento geral da população e da habitação vai ter dados novos, como a população sem-abrigo, o impacto das migrações na estrutura etária do país, se há mais crianças nascidas fora do casamento do que dentro, os casamentos e uniões de facto entre pessoas do mesmo sexo, se o edifício onde vive tem ar condicionado e que tipo de fonte energética é usada para o aquecimento.

 

Via Público

27
Jan11

Luciana, Djaló e o estranho caso de Lyonce Viikctória

olhar para o mundo

Quando ouvi pela primeira vez que Luciana Abreu e o jogador Yannick djaló tinham tido umaLyonce Viikctória pensei tratar-se do último modelo da Skoda. Afinal era uma menina. Parabéns ao casal.

 

Na paragem de autocarro dizia uma velhota para o marido, pouco interessado no assunto, "aqui na Revista dizem que a menina se vai chamar lyonce viitórya - "Lyonce da fusão de Luciana e Yannick e Viiktórya pelo nosso amor ter triunfado e vencido todos os obstáculos e a má-língua de tanta gente" "estás a ver Armando- dando-lhe uma ligeira cotovelada- isto sim é amor verdadeiro". Armando de mãos nos bolsos encolheu os ombros e resmungou "o meu primo Rui também teve um Lyonce, era um perdigueiro lindo que costumávamos levar para a caça e passear no Cabo Espichel".

Pessoalmente gosto do nome e principalmente do processo usado para a escolha. Acho inovador, bonito e fica no ouvido: Lyonce, Lyonce... filha sai de cima da avó que ela já tem a dentadura pendurada no queixo. Maria vitória ou Leonor Vitória seria vulgar, agora uma Lyonce Viikctória não vai passar despercebida em nenhuma creche ou colégio deste país, e parece-me ser mesmo essa a intenção.

Mas no meio disto tudo acho estranho terem permitido o registo da pequena com este nome, porque normalmente são bastante rígidos na aceitação de nomes pouco comuns, daí ter associado logo o nome a um modelo de um automóvel de leste e não a uma bebé, porque o registo automóvel costuma ser bem mais ágil e menos conservador nestas situações. Diga o ano, matricula, cor, marca, modelo, peso, cavalos, cilindrada e já está. Pega-se na Fábia, na Felícia ou no Murano e prego a fundo.

Se a moda pega vai ser engraçado assistir ao aparecimento frequente de nomes formados pela junção do nome dos progenitores e associados ao sentimento que nutrem um pelo outro ou aquilo que os aproximou.

Imaginem que em vez de uma Luciana e um Yannick temos uma Rafaela e um Alberto cuja relação é amargurada. Desta união pode vir nascer um menino chamado Felato Amargus. Ou da conflituosa relação entre Ana e Paulo gerar-se uma Paulana Porradis. E se tiver sido o mar a unir um casal - a mãe Vanessa, peixeira de profissão e o pai Chico, pescador - o fruto podia ser uma Chanessa da Caparica ou um Chissa Espadarte. Um casal que se conheceu no estádio do dragão poderia ter a caminho uma Zelmira Topo Norte. Por fim uma filha nascida de uma relação de 20 minutos entre Silvana e um desconhecido poderia nascer uma Ruvana vinte euros.

No fundo Luciana e Djaló iniciaram uma verdadeira revolução na tradicional forma de escolher o nome de bebés neste país. Estão de parabéns.

 

Via 100 reféns

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