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Um olhar sobre o Mundo

Porque há muito para ver... e claro, muito para contar

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Um olhar sobre o Mundo

14
Mai10

Em Fátima pequei por ti

olhar para o mundo

Em Fátima pequei por ti

 

A casa fica perdida numa das estradas secundárias de acesso a Fátima. Por estes dias, a terra afamada pelas aparições está a rebentar pelas costuras. E aqui, no lugar onde nos encontramos, a meia dúzia de quilómetros do centro da cidade, os espaços para estacionar também se esgotaram. Enquanto o Papa Bento XVI celebra a missa para centenas de milhares de fiéis, há quem esteja de peregrinação a outro "santuário". Homens para quem a fé veste saia curta com botas altas, usa pestanas falsas e fala com sotaque. 

É um dos bares mais antigos e bem conhecido dos habitantes de Fátima. Quem o visita diz ser "um sítio como outro qualquer". "Bebe-se um copo e fala-se com uma miúda. O resto depende da tua sorte", avança a custo o proprietário. Explicamos que estamos a fazer um roteiro de Fátima alternativo. Primeiro ao homem que está na porta, depois ao dono. Nem um nem outro quer falar. Os jornalistas não são bem-vindos aqui. "A maior parte dos clientes gosta de ter a sua privacidade", emenda o dono. Ainda assim, convida-nos a ver o espaço. 

Lá dentro, num ambiente escuro, oito mulheres estão sentadas nas mesas da entrada. Há um pequeno palco com um varão de striptease e umas cortinas escuras que dão para uma sala discreta ao fundo da pista. "Para tomar um copo mais íntimo", explica o dono. As mulheres, quase todas de nacionalidade estrangeira, observam os homens de cima a baixo e fazem permanentes investidas de sedução, antes de avançarem com conversa. 

"O negócio não anda bem para estes lados, a clientela escasseia", queixa-se uma delas, brasileira, depois da nega de um cliente para lhe oferecer um copo. Hoje, porém, é um dia excepcional: com tantos forasteiros na cidade, há novos clientes encostados ao balcão. Uma raridade, garante o dono. "A maior parte costumam ser pessoas conhecidas", diz enquanto faz contas às caras familiares. "Hoje não conheço praticamente ninguém." Apesar dos motivos da peregrinação não se compadecerem com visitas a casas de alterne, há quem procure este tipo de diversão nos intervalos da fé. "Olhe que até padres nos visitam." 

Copos e campismo Os caminhos da fé, já se sabe, não são linhas rectas. Pertencem ao homem, com todas as imperfeições inerentes à condição humana. Uma premissa que não conhece excepções. "Fátima é uma terra como outra qualquer", atira um comerciante em plena rua. Neste caso, o "outra qualquer" surge para justificar os passos de quem visita a terra santa de carteira recheada e fé enviesada. Entre visitas ao santuário e à nova igreja, há quem goste de se sentar num bar para beber copos e embalar a crença. O sacrifício fica reservado para a noite, no desconforto das tendas.

Sentados numa esplanada do centro da cidade, um grupo de dez homens recupera o fôlego de uma caminhada desde Viseu até à terra santa. Os helicópteros militares que sobrevoam a cidade anunciam a chegada do Papa, mas aqui a discussão é outra: futebol. O dono do restaurante personifica bem a alma dividida destes homens de fé: tal como eles, usa um lenço verde celestial ao pescoço alusivo à visita de Bento XVI, e no peito uma camisola Jesus, o treinador do Benfica, elevado a santo pelas magias do photoshop aplicadas numa t-shirt.

"Ver o Papa?", pergunta ao telefone um dos peregrinos. "Ainda tenho meio metro de cerveja para beber." Pode até soar a exagero, mas, aqui, as cervejas - chamadas imperial à Benfica - são servidas em copos altos, com mais de 40 centímetros de altura. E se as rodadas sucessivas que vêm para a mesa não forem suficientes, na carrinha destes peregrinos há álcool de sobra para os próximos dias: "Cada um trouxe dois garrafões de vinho", garante. A noite adivinha-se longa. 

Há qualquer coisa de festival de Verão na visita do Papa a Fátima. Um metro quadrado de terreno é suficiente para montar a tenda e assegurar dormida para os próximos dias. Filipe Sousa, 20 anos, veio desde Espinho numa excursão. Uma viagem que ele e os amigos repetem todos anos por altura do 13 de Maio. Fomos encontrá-lo à tarde, enquanto decorria a primeira missa do Papa no santuário, numa tenda do parque 12. Chegou esta madrugada e aproveita agora para descansar. "Para a procissão das velas?", perguntamos. A resposta veio em tom de vacilo: "Também, mas principalmente para a festa de logo à noite, no parque", confessa. 

Apesar de não se ouvirem djambés ou cânticos tribais - aqui apenas se escuta música religiosa - é frequente os grupos mais jovens se juntarem à noite para confraternizar. Com todos os excessos que confraternizar implica: "O Papa perdoa", brinca outro jovem do grupo, desculpando-se com uma "fuga ao dia-a-dia" e uma forma de se divertir. "Essencialmente, queremos curtir", atalha o amigo Filipe. Será que Deus o perdoa?

 

Via ionline

04
Mai10

Bento XVI em Lisboa. Uma cidade sem ecopontos e com o trânsito cortado

olhar para o mundo

Papa em Lisboa .. confusão instalada

 

Dezenas de estradas cortadas. Estacionamentos interditos. Condicionamentos no Metro e ruas sem caixotes do lixo e ecopontos. Esta é a Lisboa que Bento XVI não vai ver quando chegar, no dia 11 de Maio, mas será a cidade em reboliço com que os lisboetas terão de lidar.

O plano de segurança da visita do Papa a Lisboa (10 e 11 de Maio) e ao Porto (14 de Maio) foi apresentado, ontem, na direcção nacional da PSP. As estimativas da polícia apontam para que, durante os dias da visita de Bento XVI, saiam à rua 200 a 300 mil fiéis em Lisboa e 150 a 200 mil no Porto. O dispositivo de segurança, garante a PSP, está a ser preparado "há largos meses", mas mesmo assim a polícia escusa-se a revelar o número de efectivos destacados para a operação. "Serão em número suficiente para garantir a segurança", limitou-se a dizer o director nacional, Oliveira Pereira. Quer em Lisboa quer no Porto, os pontos altos da visita, em termos de segurança, são as missas - no Terreiro do Paço e nos Aliados. Mas os trajectos que Bento XVI fará em Papa Móvel, a 30 km/h, também vão merecer "atenção especial" por parte da polícia. Contas feitas, em Lisboa e no Porto, Bento XVI fará um total de 46,1 quilómetros por via terrestre - em Papa Móvel e em carro fechado "tipo limusine". 

lisboa Em casos urgentes de socorro, os fiéis devem dirigir-se, recomenda a PSP, à 2ª esquadra, na rua do Arsenal. Nos dias 11 e 12, o trânsito estará cortado em todas as artérias - em ambos os sentidos - à hora a que Bento XVI passar. Os condutores devem estudar percursos alternativos. 

Também o estacionamento será proibido nas laterais aos percursos tomados pelo Papa. Em breve começarão a ser distribuídos panfletos com um aviso: os carros estacionados nas zonas condicionadas serão autuados ou rebocados, caso não sejam retirados no prazo previsto pela polícia. Além disso, o trânsito pedonal e automóvel será cortado na Avenida Luís Bívar (junto à Nunciatura Apostólica) - excepção feita para moradores. 

Os caixotes do lixo, ecopontos e outro mobiliário urbano vão desaparecer de todas as ruas gradualmente, a partir do dia 9. E o metro também não escapa aos constrangimentos, com a linha entre a Baixa-Chiado e Santa Apolónia encerrada no dia 11, até às 21h30. No Terreiro do Paço são esperadas 100 mil pessoas para assistir à missa, às 18h15. O Papa será vigiado por nove câmaras. No Tejo, a Polícia Marítima não deixará aproximar qualquer embarcação e a Força Aérea só deixará voar um helicóptero - que transportará a equipa de repórteres de imagem. Seis ecrãs gigantes instalados na Praça do Município, no Terreiro do Paço, na Rua Augusta e no Terminal dos Barcos (Praça do Comércio) transmitirão a missa em directo.

porto e Fátima No Porto, vão estar de serviço 93 câmaras de vigilância usadas, normalmente, no controlo do tráfego. À semelhança do que acontece em Lisboa, as ruas utilizadas pelo Papa serão cortadas ao trânsito, entre as 9 e as 13h00 do dia 14, prevendo-se o encerramento da Ponte do Infante - restam, como alternativa, as pontes do Freixo e da Arrábida. Em Fátima, as operações são coordenadas pela GNR, estando envolvidos cerca de 800 elementos na operação - os detalhes só serão revelados no final da semana.

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