Afinal há padres gays ...e gente muito idiota no vaticano
Depois da polémica, o esclarecimento: o que o cardeal Tarcisio Bertone queria dizer na segunda-feira, quando ligou a pedofilia à homossexualidade, era que, "no seio da Igreja Católica" - e não entre a sociedade em geral -, a maioria dos casos de abusos sexuais são cometidos por padres gays. A prová-lo está um estudo interno feito pela Congregação para a Doutrina da Fé e ontem revelado pela Igreja Católica, que indica que "apenas cerca de 10% dos casos de abusos são actos de pedofilia; os restantes 90% revelam a atracção entre adultos e adolescentes". Desses, "60% envolvem indivíduos do mesmo sexo e 30% são de carácter heterossexual", informou o Vaticano numa nota divulgada pelo porta-voz Federico Lombardi.
Bertone afirmara que a homossexualidade "é uma patologia que atinge pessoas de todas as categorias, e padres em grau menor - nestes casos, é um assunto muito sério e escandaloso". Ontem, em tom de desculpa, a Igreja esclareceu que "as autoridades eclesiásticas consideram que não são competentes sobre temas de carácter médico e psicológico e assinalam os estudos especializados e as investigações em curso sobre o tema".
Segundo o número dois do Vaticano, "foi demonstrado por muitos psicólogos e psiquiatras que não há ligação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros estudos põem em evidência uma ligação entre homossexualidade e pedofilia". "Isto é uma verdade e é o problema", declarou Lombardi.
Gays reagem As conclusões da Igreja não são, porém, bem recebidas pelas associações de homossexuais. Ao i, Paulo Côrte-Real, presidente da Ilga Portugal, diz desconhecer os dados do estudo. No entanto, considera que a associação entre homossexualidade e pedofilia "é ridícula" e acrescenta que "o importante é que qualquer abuso seja denunciado". O presidente da Ilga vai mais longe e considera que fazer essa relação "é muito grave, além de ser um contributo para o preconceito", que mostra "desconhecimento e desinformação em relação ao problema dos abusos sexuais a menores".
As associações internacionais que defendem os direitos dos homossexuais não estiveram sozinhas nas críticas a Bertone. O governo francês foi o primeiro a reagir às declarações do cardeal, dizendo que se trata de "uma confusão inaceitável" e que a luta contra a discriminação e o "preconceito associado à orientação sexual e à identidade de género" é um "compromisso firme".
Mexicanos pedem perdão A conferência episcopal mexicana juntou-se ontem ao rol de padres católicos que vieram a público pedir perdão pelos abusos sexuais cometidos contra menores, comprometendo-se a levar os suspeitos a tribunal. "Queremos pedir perdão aos que foram vítimas de padres desonestos que, pelos seus actos horrendos, estragaram a vida de crianças inocentes, traíram a sua missão, prejudicaram a instituição e a imagem da Igreja", declararam os bispos mexicanos num comunicado divulgado durante a sua assembleia anual. No mesmo documento, os líderes da Igreja católica no México afirmaram ainda que estão dispostos a deixar que "as autoridades civis intervenham e façam respeitar a lei".
Via ionline