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Um olhar sobre o Mundo

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27
Mai10

Orgasmos pagos ao minuto

olhar para o mundo

Orgasmos pagos ao minuto

 

Também aqui o cliché é válido: umas fazem-no por dinheiro, outras juram que é só por prazer. Mas todas têm vidas duplas. Há as que têm carreiras de sucesso, maridos e até filhos. Nas horas vagas, despem-se de preconceitos, sentam-se ao computador e atendem chamadas eróticas. É um part-time rentável, feito a partir de casa e com horários flexíveis. Mas exigente, porque ser operadora de linhas eróticas requer habilidade, talento e uma boa dose de paciência.

Anita Durante meses a fio, foi uma actividade clandestina. Anita tinha 24 anos, um marido e um bebé quando se candidatou a um anúncio na internet para operadora de linhas eróticas. Passados três dias, foi contactada pelo Club Chili, a única empresa portuguesa que tem funcionárias a trabalhar a partir de casa. Apresentadas as condições, tudo indicava que a carreira poderia ser aliciante: "Não tinha horário fixo, o trabalho era feito a partir de casa e não tinha de usar a webcam e mostrar-me aos clientes." Além do mais, o dinheiro dava jeito para pagar as propinas da universidade. 

Um ano depois, Anita - o nome é profissional - não tem mãos a medir com o trabalho. Tem de gerir escrupulosamente os horários para conseguir cuidar da casa, do marido, do filho, fazer os trabalhos da faculdade e ainda arranjar tempo para se ligar à internet e atender os clientes da linha erótica. Nos primeiros meses não contou ao marido que era uma chiligirl e recebia as chamadas quando ele não estava em casa. E ainda hoje, garante, "ninguém, mas mesmo ninguém" sonha, sequer, que tem uma vida dupla. Até porque o marido não acha graça à ideia: "Mas tem de se render às evidências, é assim que ganho dinheiro para pagar as despesas." 

Anita ganha 25 cêntimos por cada minuto de conversação. Quanto mais falar, mais ganha e, todos os dias, liga-se à internet durante pelo menos quatro horas. Num dia bom, consegue "uma hora de conversação". Feitas as contas, tira uma média de 300 euros por mês. Agora, porque o início da carreira "foi um desastre completo". A maior dificuldade nas primeiras chamadas - " que foram terríveis" - foi vencer a timidez. De tão óbvio que era, optou por explicar aos clientes "que não estava à vontade". Uns deixaram de ligar. Outros "até gostaram".

E ainda hoje, Anita admite que se sente "constrangida com algumas coisas". É que, explica, "há homens com fetiches muito estranhos". Homens que "na vida real não conseguem assumir determinadas fantasias com as companheiras". O cliente mais fiel - chega a usar a linha erótica três vezes na mesma semana - gosta de "ser chicoteado". Por isso, a chiligirl já aprendeu que deve tratá-lo por "escravo". Mais do que uma voz sensual, uma operadora das linhas eróticas precisa de pensar rápido, "porque do outro lado da linha aparece de tudo". Há que saber insistir na conversa, prolongá-la e levar o cliente a "esturrar mais dinheiro". Estimulá-lo, mas não deixar "que ele chegue depressa ao ponto". O principal truque é ouvir primeiro, para saber de que tipo de homem se trata. Um tímido, por exemplo, exige uma abordagem mais cuidadosa. "É preciso virar a conversa e, em vez de lhe dizer como sou, peço-lhe para se descrever. Dizem quase sempre que são morenos e têm 1,80 metros", conta. Depois, há que saber engolir sapos. Quando são mal-educados, Anita tenta "levar a coisa com naturalidade". E sujeita-se. "Porque um cliente é sempre um cliente e está a pagar", confessa. E, para todos os efeitos, uma chiligirl "não pode deixar-se levar por este tipo de susceptibilidades". 

Acima de tudo, atender chamadas eróticas é "fingir muito". Anita é a primeira a reconhecer que fabrica ilusões. Muitas vezes, atende clientes enquanto passa a ferro, arruma a casa ou pinta as unhas. "Mas, para eles, estou sempre na cama. É a arte de saber fingir", garante. E se há alguns homens que sabem que a verdade é esta, outros "não têm noção de que é um mundo de ilusão". Um ano de experiência dá-lhe uma certeza: "Os homens são facilmente manipuláveis, especialmente quando estão carentes." 

Ao Club Chili chegam clientes de todos os tipos. Muitos ligam do trabalho. Outros só querem conversar. "Alguém que os ouça" - geralmente os mais velhos. E é assim que as operadoras das linhas eróticas se transformam, muitas vezes, em "confidentes, quase psicólogas". Outros apegam-se de tal maneira à voz sensual que encontram do outro lado da linha, que "insistem e insistem e insistem" em marcar um encontro com a operadora. Fora de questão: as regras são estabelecidas logo no início. "Não dou o meu número de telefone e não saio com clientes", garante Anita. O que não significa que não se tenha já interessado por determinados clientes: "Mas passa depressa. Isto é só um emprego e encaro-o com toda a frieza necessária", garante. 

Sofia Nem todas as operadoras de linhas eróticas são iguais. Sofia é a mais recente colaboradora do Club Chili e garante que aceitou o emprego não porque precisa de dinheiro, mas porque gosta "realmente" do que faz. Só começou há três semanas, mas já conseguiu fidelizar clientes. Na semana passada, conseguiu que um fizesse três carregamentos de telemóvel seguidos. "É muito jovem e tem uma namorada nova. Contou-me que ela ainda o está a manter à fome. Então liga, porque acha que usar a linha erótica não é trair", conta. 

Sofia é a única call-girl que se autopromove fora do site do Club Chile (www.clubchili.com). Quando decidiu tornar-se chiligirl, criou um blogue para aliciar clientes e que é actualizado diariamente com fotografias (em que só não mostra a cara) e contos eróticos "reais". Além disso, usa o Messenger para conversar com eles. Apesar de não ganhar dinheiro com isso, a ferramenta serve "para fidelizar e é uma espécie de continuação da linha erótica". 

Sofia - é assim que assina o blogue, apesar de não confirmar se o nome é verdadeiro - tem um curso superior, garante que já trabalhou "em várias áreas", é pintora, dá formação e recusa-se, terminantemente, a falar da vida privada. Até a idade se recusa a revelar - diz só que tem "cerca de 30 anos". E mesmo no blogue (http://sofia-ligame.blogspot.com) deixa uma série de avisos: "Sou uma menina da linha erótica, com tudo o que isso acarreta. Não ligo a webcam, não dou o meu número de telefone privado, não marco encontros e não falo muito da minha vida privada... de resto, faço tudo :)." Além da publicidade que faz por sua conta e risco, há outra característica que a distingue: gosta mesmo do que faz. Tanto que até mantém conversas eróticas ao telefone com alguns homens "há quase dez anos", embora nunca se tenham encontrado pessoalmente. 

Há "muito tempo" até chegou a ter uma experiência "curta" noutra linha erótica. Durou o suficiente para perceber que fazia sucesso. "Facilmente compreendi que, sem esforço, a minha voz produzia um certo efeito", conta. Depois, manteve alguns clientes, que lhe faziam "uma espécie de pagamento", o que era "limitador", porque implicava ceder "alguns dados" pessoais. 

Ao telefone, Sofia está "sempre" de corpo e alma. "Entusiasmo-me sempre. É impossível não deixar que isso aconteça. Estou sozinha, adoro tocar-me, vibro com uma voz, a respiração do outro lado do telefone a ter prazer em estar ali comigo", admite. Por isso, diz que não precisa de recorrer a grandes truques. "Quem me liga percebe rapidamente que não estou a fazer o jantar enquanto falo." 

A maioria dos clientes tem entre os 25 e os 40 anos. Tanto ligam casados como solteiros. Em comum têm uma vida profissional preenchida. "São informados, curiosos e já estão habituados ao contacto com o sexo virtual." Alguns, garante, "têm cargos de direcção, são pessoas muito influentes e há muitas profissões liberais". E mais: "Todos são queridos, todos são românticos, todos são sensíveis", confidencia a chiligirl. 

"A sexualidade é algo tão nosso, tão íntimo e saudável e os homens são tão sexuais por natureza! Acho isso óptimo. Todos deveríamos aceitar isto e vivê-lo da melhor forma, homens e mulheres." Apesar de tanto amor à camisola, Sofia diz que não quer atender "demasiadas" chamadas, porque isso poderia "interferir com a qualidade" do serviço que presta. E acrescenta que não sabe quanto vai ganhar este mês. Porque o dinheiro, jura, não é importante. "Gosto mesmo disto", resume.

 

Via ionline

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